A Garota De Ferro

Síndrome de Estocolmo As Avessas

      Abri meus olhos e minha visão estava turva. Apesar de não estar enxergando direito pude sentir que estava amarrada a uma cadeira.
Senti também algo humido passar pela minha pele, minha visão foi normalizando e vi que meu sequestrador estava passando algo em meus hematomas.

- O que está fazendo? - minha voz saiu mais baixa e rouca do que o esperado.

- Seus hematomas são recentes. O que você anda fazendo? - ele não parava de tratar dos hematomas enquanto falava.

- Você tem nos dado muito trabalho, a equipe teve que se dividir pra dar conta dos problemas. Eu e o homem aranha estavamos nas ruas enquanto os outros tentavam encontrar um Ultron que não existe.

- Eu sinto muito por você ter se machucado. Eu não achei que poderia acontecer tudo isso, parece que as coisas estão fugindo do meu controle. - ele parecia triste.

- Por que não me solta e deixa tudo isso pra trás? Esquece esse plano maluco, não podemos controlar o que as outras pessoas fazem, mas podemos controlar o que fazemos.

- Deveria ter se formado em psicologia, mas não vai funcionar comigo. - ele continuou a passar uma espécie de gel em minha pele. - Pronto, agora seus hematomas vão se curar mais rápido.

- Por que está fazendo isso?

- Tratando seus hematomas, ou, tentando salvar o mundo do meu jeito? - sabia que ele não me contaria seus planos, mas não custava tentar. Só que ir de vagar é bom também.

- Vamos começar pelos hematomas. - ele se ajuelhou ao meu lado e me olhou de um jeito profundo.

- É linda demais para ter essas manchas escuras que escondem sua beleza. - acariciou meu rosto levemente. O jeito que me tratava era estranho, quase como alguém apaixonado.

- Qual o seu nome? - minha pergunta o fez sorrir.

- Evan. - foi sua resposta, simples e direta. Não pronunciou o sobrenome, com certaza não queria ser encontrado caso eu fugisse. O que eu certamente iria fazer, se não me encontrassem antes.

- Um nome simples, mas bonito. Com um forte significado. - Evan soltou um risinho.

- Eu nunca pensei sobre o significado do meu nome. E também não sabia que gostava desse tipo de coisa. - se afastou e colocou o gel que passou em meus hematomas em cima de uma prateleira.
  Eu não tinha reparado no lugar antes. Parecia um porão, mas muito bem cuidado. Paredes brancas com prateleiras da mesma cor, móveis em tons suaves de bege.

- Eu sou curiosa e tenho insônia. Meu cérebro funciona o tempo inteiro, e qualquer dúvida que surja em minha mente pesquiso. Além de ciência e engenharia, estudei psicologia, química e literatura.

- Literatura? - ele riu, e com gosto. - Você é daqueles cientistas que gostam de música e bons livros de romance?

- Não ria disso, eu sou romântica. Um pouco enrolada nesse quizito, mas estou chegando lá. - falei com um pouco de sarcasmo, não queria falar da minha vida sentimental com um...... Sei lá, nem sabia se ele era realmente um vilão.

- Mesmo não sendo próximo, eu vejo a forma como você é o Capitão se olham. - Evan pareceu se incomodar com isso.

- É estranho a forma como nos aproximamos. - eu sorri ao lembrar de como tudo era no início. Como tentamos fugir e nos esconder e esconder os sentimentos.

- Eles estão preocupados com você. A amam muito. - ele sorriu de forma afetuosa para mim. Estava parecendo uma síndrome de Estocolmo, só que ao contrário. Síndrome de Estocolmo as avessas.