Abandono

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Eu queria estar sonhando, mas estava muito acordada. Na verdade aquilo era um pesadelo!

- Não. - minha voz saiu tão baixa quanto um sussurro. Um nó tinha se formado na minha garganta, minha voz ficou embargada. - Vocês estão mortos, isso só pode ser um pesadelo. - fechei os olhos com força. Aquilo doía muito, saber que todo esse tempo fui enganada e abandonada por quem eu mais amava era como um chute na boca do estômago.

- Na verdade foi tudo forjado para que sumissemos no mundo. - de repente tudo fazia sentido! A despedida estranha como se soubessem que não voltariam mais. Os caixões fechados no enterro. Não pude dar o último adeus a eles porque eles não estavam lá! Finalmente entendi que tudo era uma mentira para afastar qualquer um que quisesse saber mais sobre suas pesquisas e experiências.

- Vocês mentiram, me abandonaram quando mais precisei de vocês! - eu gritei, como nunca tinha feito na vida! Minha garganta ardeu mas eu não estava nem aí. - Vocês não sabem o que eu senti ao saber que meus pais, meus únicos parentes vivos no mundo tinham me deixado sozinha. Não sabem a dor que me causaram o vazio que ficou aqui dentro. - bati com o punho no peito.
   Andrew Grenn, meu progenitor tentou se aproximar, enquanto Norah estava paralisada devido minha reação.

- Não, não se aproxime. Vocês deveriam ter continuado mortos! A dor que a ignorância de não saber a verdade doía muito menos do que saber que todo esse tempo vocês dois mentiram pra mim!

   Lágrimas grossas impediam minha visão.

- Charlotte, nós somos seus pais! - Norah chorava copiosamente. - Por favor, filha. Não Faz isso! Já doeu muito ter que ficar longe de você esses sete anos, não nos afaste. - eu era a cópia quase que perfeita dela, até chorando nós nos parecíamos.

- Vocês perderam o direito como pais no momento em me causaram tanta dor. Eu não sou mais uma Grenn, sou uma Stark e essa... - olhei para trás onde todos os vingadores e companhia estavam. - Essa é minha família, as pessoas que me acolheram e me deram carinho e atenção. Que estavam do meu lado quando eu precisei. Bem diferente de vocês.

Norah se agarrou ao marido e chorou mais ainda. Eu estava sem forças para fazer alguma coisa, então Pepper me abraçou com força e me balançou de um lado para o outro.

- Shhh. Calma meu amor, eu estou aqui! Vai ficar tudo bem.

- Ah mãe. Por que essas coisas sempre acontecem justo comigo?
- Porque a vida não é justa meu amor.

- Não! - Norah gritou e se soltou dos braços do marido. - Você é minha, minha filha. Meu amor, meu tesouro mais precioso. Ela não é sua mãe Charlotte! Ela não te deu a luz, nem te amou mesmo não sabendo que era você quem viria ao mundo pra trazer luz com seu sorriso! Eu sou sua mãe, você é sangue do meu sangue. Fruto do meu ventre!

  Norah tentou em vão me tirar dos braços de Pepper. Eu fui a mais fria possível, que eu conseguia, me soltei do abraço de Pepper e olhei nos olhos de Norah.

- Você me abandonou. - Falei com a maior calma do mundo, assustando a mulher a minha frente. - Não quero falar com vocês. - olhei dela para Andrew. Ele parecia não acreditar que eu era a mesma pessoa, não queria acreditar que eu não era mais a garotinha do papai. A que andava em seus ombros e ia ao museu do capitão América com ele.

- Ela precisa de um tempo Norah. - ele pegou a mão da mulher e ela derramou mais lágrimas.
   Tony os acompanhou até o elevador e eles se foram, me olhando uma última vez.

No instante em que aporta do elevador se fechou eu saí pelo corredor, todos me olhavam , mas não liguei.
Fui até a sala de treinamento e dei o chute mais forte que pude no saco de pancadas. Ele foi parar na parede, rasgado. Em seguida soltei o grito de dor e frustração que estava preso em minha garganta. Tudo a minha volta parecia se passar em câmera lenta. Me ajoelhei no chão e depois sentei, com as mãos no chão e olhando para o mesmo eu chorei, chorei tudo o que não tinha chorado, por mim, de raiva, de dor. Era um turbilhão de sentimentos ruins que eu não queria estar sentindo!
Meu pai chegou e me abraçou, mas eu não conseguia abraçá-lo de volta, meu corpo não se mexia por minha vontade só se mexia por causa dos soluços.

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