Capítulo 78 - Roubei um beijo e o final disso não foi dos melhores

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... para pensar.★

"Se eu ganhar, quero que me beije em público", lembro da minha parte da aposta naquele instante. Eu achei que ele recuaria e me perguntaria o por quê de eu ter feito isso, mas ele simplesmente... coloca as mãos na minha cintura enquanto as minhas iam pra sua nuca. Eu mal podia acreditar no que estávamos fazendo... Todos deveriam estar olhando. Pela primeira vez estou beijando o Dani em público.

Pouco antes de eu decidir iniciar um beijo de língua, sinto meus cabelos sendo puxados.

— Isso não vai ficar assim! — Era Carol. Ela puxou meu cabelo tão forte que me fez cair no chão com uma tremenda dor de cabeça. — Eu não acredito que está agarrando meu namorado assim sem mais nem menos!

Me sento no chão, esfregando o couro cabeludo pra ver se a dor passava.

— Faço isso desde o seu aniversário — as palavras saem automaticamente.

★Dica 386 = Tente não dizer algumas coisas.★

Pessoas começam a cochichar. Me levanto e ela avança em cima de mim. Ela me arranha e me bate com toda sua força. Faço a mesma coisa, bloqueando alguns golpes de violência que ela dá. Em uma certa parte, ela soca meu ouvido e perco parte do equilíbrio na hora. Nesse momento, ela aproveita puxando meu cabelo e quando percebo, estou escorregando e caindo dentro da piscina de mal jeito.

Eu afundava, afundava, afundava... Era como se toda minha habilidade de natação houvesse desaparecido. Não conseguia voltar para superfície. Não conseguia me mexer. Então uma pequena voz, no fundo da minha mente, sussurrou em forma de pensamento: "por que ainda tenta resistir? Apenas abra a boca e engula a água. Lhe fará bem. Não deve ser tão ruim se afogar como imagina". Pontos pretos aparecem em minha visão. E em pouco tempo, tudo fica preto.

Acordo assustada e tossindo. Sentia um pouco de dificuldade em respirar. Abro os olhos e tento enxergar com mais clareza. Aos poucos, minha visão vai desembaçando e começo a ver rostos conhecidos. Conhecidos até demais. Vejo Geovanna, Felícia, Hortência e Eliana.

Sento na cama, sem quase acreditar que estava vendo as quatro ali. Olho em volta e vejo que eu estava no meu quarto no colégio.

— O que aconteceu? — pergunto finalmente. — O que vocês estão fazendo aqui? Onde eu estou?

★Dica 387 = Pergunte quando se sentir perdida.★

— Você está no céu, Alessandra — respondeu Eliana. — Tudo que te aconteceu foi apenas um sonho maluco.

— Cala a boca, Eli. — Geovanna deu um tapa em seu braço. — Me disseram que você se afogou. Ai te trouxeram pra cá. Claro que você passou por um hospital. Teve que tirar a água dos pulmões.

— E o que...? — tento perguntar.

— Posso contar pra ela, Geo? — diz Hortência.

Geovanna afirmou com a cabeça.

— Vamos estudar aqui a partir de hoje! — exclamou Hort e eu mal consegui acreditar nas suas palavras.

— Sério? Ou vocês estão brincando comigo?

— É claro que é sério, sua boba — disse Felícia.

Dou um grito agudo de felicidade e as outras fazem o mesmo.

— Deuses tenham piedade de mim. — Chegou o Dani no meu quarto, tapando os ouvidos. — Ótimas vozes vocês tem. — Ele destapou os ouvidos e veio em minha direção. Minhas amigas apenas abriram espaço. Percebi que todas estavam coradas.

Fico em pé e percebo que estava usando uma fina camisola que ia até metade de minhas coxas. Era de um rosa-bebê de alça fina. Com certeza aquilo era da Geovanna.

— Como você está? — pergunta ele.

— Estou bem — respondo e ele me abraça.

— Nunca mais me dê esse susto. Quase perdi você duas vezes no mesmo dia. Quer me matar? — Ele me abraça mais forte.

— Estou bem agora, não se preocupe — sussurro e começo a rir. — Como vão as coisas com a Carol?

— Bom, desconsiderando que estou completamente ferrado, vai bem — brincou ele rindo baixinho.

O abraço termina e logo sou recebida inesperadamente por seus lábios em encontro aos meus. Não foi grande coisa. Foi tão rápido que mal tive tempo de saborear o curto momento.

— Tenho que ir. — Ele me beija na bochecha. — Nos vemos depois, Ale.

Assinto com a cabeça, sentindo as bochechas ficarem vermelhas. E ele vai embora acenando.

— Explica tudo, agora — começou Geovanna.

— Amigos — digo.

★Dica 388 = Esclareça tudo em uma palavra.★

— Amigos? Você acha mesmo que vou acreditar nessa história? Tá agarrando ele desde quando?

Reviro os olhos e digo:

— Desde do nosso primeiro beijo.

— Que coisa, hein, Ale. Virando amante do cidadão — comentou Hortência.

— Dani. O chamem de Dani. E tá, tá pode se dizer que somos amantes.

— Põe amantes nisso — diz Geo. — E vocês ficam assim? Quero dizer, se beijando em segredo?

— Não. — Dou de ombros. — A primeira vez que nos beijamos na frente de pessoas foi no acampamento... Afinal, a quanto tempo estou aqui?

— Tem uns dois dias que estava desacordada aqui. Me disseram que passou uma semana no hospital — disse Eliana.

Eu estava surpresa. Como é possível eu ter passado tanto tempo desacordada? Eu só me afoguei e... Bom, só se tivesse acontecido outra coisa depois de eu ter me afogado, mas acredito que não.

Me sentei na cama novamente e Geovanna e Felícia sentaram do meu lado. Hortência e Eliana sentaram no chão. Estávamos mais ou menos como uma roda.

— E então, o que querem que eu fale? — pergunto a elas.

— Sei lá — diz Geo. — Como eu te disse antes, o Dani é um gostoso ao vivo, não é, meninas?

Todas afirmaram com a cabeça e eu ri.

— Eu sei, eu sei... — Reviro os olhos ainda rindo.

— Ale, só uma pergunta — disse Hort. — Por que você se afogou? O que aconteceu com você?

— Ah... Lembra que agora pouco eu disse que a primeira vez que eu beijei o Dani em público foi no acampamento? Pois é, depois desse nosso beijo, a namorada dele e eu começamos a brigar. Tipo, a gente até meio que lutou. Aí, não sei como, ela conseguiu me jogar na piscina. Foi ai que me afoguei.

— Nossa, minha amiga arranjando briga por causa de um garoto gato... Achei que nunca ouviria isso de você — comentou Geo e todas nós rimos.

★Dica 389 = Faça coisas que pessoas não esperassem que você fizesse.★

— Ai, ai... Ele é mesmo um sonho de garoto — digo entre suspiros.

— Ai meu Deus, Alessandra apaixonada, tenham cuidado — brincou Eli. Eu ri.

Levantei da cama de repente e fui para janela. Eu queria saber se era dia ou noite, então abri as cortinas. Era uma noite estrelada. Havia poucas pessoas passeando pelo pátio. Minhas mãos tocaram o vidro da janela e eu a abri. Uma brisa fresca atingiu meu rosto e aquilo me fez me sentir bem. Respirei fundo e tossi uma vez.

— Ah, Ale. Esquecemos de te dizer. Achamos um bilhete debaixo do seu travesseiro — disse Fe e me entregou um pedaço de papel.

Fechei a janela antes de pegar o papel e perguntei:

— Vocês já leram?

— Não — respondeu Felícia.

Assinto com a cabeça e começo a lê-lo mentalmente:

★Dica 390 = Não leia coisas em voz alta.★

O Que Uma Garota Deve FazerOnde histórias criam vida. Descubra agora