Capítulo 95 - Não tô afim de conversar

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... ler mentes.★

Ele deu um tapa na minha cabeça.

— O quê? — digo. — Argumentos não tem dono.

— Mas nesse caso ele era meu.

— Não era.

— Era.

— Não era.

— Era.

— Isso. Era. Quer dizer que não é mais.

Ele dá mais um tapa na minha cabeça e eu rio. Depois de um tempo ouvindo minha risada, ele me abraça.

— Você é minha, sabia?

— No bom ou no mal sentido?

— No bom, claro.

— Bom saber que sou mais uma na sua lista e no seu mural gigantesco de fotos de várias garotas.

Ele ficou sem palavras.

— O quê? Se esqueceu de uma coisa que ocupa praticamente uma parede inteira do seu quarto?

— Como...?

— Esqueceu que já fui no seu quarto?

— Ah, aquele dia.

— Pois é. Quero explicações do por quê tem aquela foto minha de toalha.

★Dica 471 = Sempre peça explicações.★

Ele riu.

— Porque ela está engraçada.

Bati no seu braço.

— Não está não.

— Está sim.

— Não.

— Sim.

— Não.

— Sim.

— Tá bom, chega. — Levantei de cima dele com uma mistura imensa de humores no rosto.

Enquanto eu me sentava na minha cama com as mãos no rosto, ele se sentava no chão a minha frente.

— Ei, calma, tá legal? — Suspirou. — Tudo bem. — Ele se levanta e senta do meu lado. — O que está havendo com a minha Hello Kitty? — Ele abraça meu ombro.

— Nada.

— Você precisa me contar.

— E se eu não estiver afim?

— Bom, você sabe do meu mural e... — Seu braço saiu do meu ombro. — Nenhuma garota mais sabe sobre isso. Tenho certeza que não tem nem uma pessoa mais envergonhada do que eu agora.

Beijei rapidamente sua bochecha.

— É estranho, mas também é de certa forma fofo. Por que faz isso?

— Sei lá. Gosto de ter recordações e tudo mais.

— Até de uma garota só de toalha?

Ele riu.

— É, até isso.

Empurro de leve seu ombro.

— Agora me conte você — pediu Dani. — O que está havendo? Perdi muita coisa enquanto hibernava?

Aquilo me fez rir.

— É só que... minhas amigas foram presas por causa da festa.

Suspirei longamente e voltei a enterrar o rosto nas mãos.

— Foram elas que planejaram?

Tirei as mãos do rosto.

— Eu também gostaria de saber, mas agora não tem mais jeito. Elas já devem estar trabalhando como prisioneiras... Acho que tudo foi culpa minha.

— Sua? Como pode achar que a culpa foi sua? Você não teve nada a ver com a situação.

— Sim, eu sei, mas enquanto você hibernava, eu desci lá em baixo e começaram a dizer "achei que fôssemos amigas" e mais umas coisas assim. É o que estou dizendo. Acho que acabei fazendo alguma coisa e não me lembro.

★Dica 472 = Tente se lembrar de algo errado que você fez.★

— Então elas não tem direito de te culpar, sabia?

— É, mas... Eu me sinto mal mesmo assim.

E ficamos ali, cada um com seus respectivos pensamentos. Eu queria falar qualquer coisa para distanciar esse assunto, mas no momento eu não conseguia pensar em nada.

— Você... Lembra do que aconteceu ontem? — perguntou ele depois de uns dez minutos.

— Não faço a mínima ideia. Só lembro vagamente de algumas coisas.

— Alguma dessas lembranças tem ligação de como eu vim parar no seu quarto?

— Não sei. Lembro mais ou menos de nós nos beijando lá em baixo. Nada mais disso.

— Hm. — Ele se levanta. — Bom, como eu disse antes, melhor ir vestir meu pudim.

— Idiota.

Ele riu um pouco e entrou no banheiro. Enquanto ele colocava o pudim dele, dei uma olhadinha no chão cheio de latas e garrafas vazias. O que será que tanto aconteceu aqui?, pensei inquieta.

★Dica 473 = Sempre queira saber o que aconteceu.★

Então avisto o cinto dele. Pego-o e fico brincando com ele, enquanto esperava o Dani. Era tão engraçado o fato de até o cinto dele ter seu cheiro.

O Dani não demorou muito tempo o que foi bom e ruim ao mesmo tempo.

— Hã, poderia me dar isso, por favor? — diz ele.

— Não.

Ele estranhou, mas me levantei da cama e fiquei de frente pra ele.

— Eu coloco pra você.

Passei as duas pontas por trás e passei por cada uma das tirinhas para que ficasse tudo certinho. Uni a fivela e a outra ponta e não deixei nem muito apertado e nem muito folgado. Acabei mantendo minhas mãos em sua cintura. Minhas mãos começaram a subir, passando pelo seu abdômen, depois seu peitoral e por fim seu pescoço. Puxei-o para um beijo.

Logo suas mãos começaram a passear pelas minhas costas, por dentro da minha blusa. Em pouco tempo acabei recuando o beijo involuntariamente por rir por causa das cócegas que os dedos dele faziam.

— Não sabia que sentia cócegas nas costas — diz ele.

— Sinto e sei que é estranho. — Sento nos calcanhares, em cima da minha cama.

★Dica 474 = Admita quando revelar uma mania estranha.★

— Não é não. — Ele senta na ponta da cama.

— Tem certeza que não é afim de mim? Sabe, concordando com tudo que eu digo... Sempre querendo ajudar... Não sei muito o que pensar disso.

Ele pareceu rir e deita na minha cama, puxando-me pela cintura para deitar junto dele.

— A gente deve ter aprontado muito ontem a noite, sabe? — comenta ele.

Deito no seu braço.

— Muito é pouco. Com certeza deve ter rolado umas loucuras aqui — digo rindo um pouco.

Voltamos a nos beijar e alguém bate na porta dois minutos depois. Fico um pouco frustrada, mas levanto para atender. Era Betânia.

★Dica 475 = Não deixe de abrir a porta, mesmo em momentos errados.★

O Que Uma Garota Deve FazerOnde histórias criam vida. Descubra agora