Capítulo 23: Por favor Doutor

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Ao acordar pela manha, Elanna continuava a dormi, pesadamente e fechada quanto a seu corpo. Era possível que as dores fossem piores que imaginava.

Por um tempo pus a pensar sobre o que fiz -, amargamente pensando nas alternativas que eu tinha, se continuava com essa busca ou parava em consideração ao estado de Elanna. Neste momento ela havia se virado para mim, se que eu percebesse, me observando ainda inexpressiva. Quando percebi fingiu dormi, de certa forma aquilo me acalmava ao mesmo que me intrigava pondo-me a forma varias teorias a cerca de como poderia estar seu psicológico.

Não creio compreender Elanna tão bem ao ponto de conseguir saber a que ponto estava destruída; isso a muito era o que me fazia apaixonar-me cada vez mais por ela, mas percebo agora o lado ruim disso. Perceber que talvez eu não a conheça tão bem como pensava, ou saber que não sei tudo o que preciso saber a cerca dela.

Pus me a levantar, e a me arrumar deixando-a na cama bem aconchegada. Estava atônito, longe em meus pensamentos. Já fazia algum tempo que não encostava em meus livros e punha-me a fazer uma reflexão...não sentia mais nada a não ser o coração abatido.

Precisava chamar um médico para examina-la, mas por ela ter sido abusada por um anjo não se podia saber quais seriam as consequências. O meio foi chamar um médico especial para estes casos, coisa para qual eu estava preparado.

Seu nome era doutor Tomas Mourize, um médico um tanto grosseiro, mas de todos os que conheço o mais competente e cuidadoso. Não sei se este seria seu primeiro caso de estrupo por um anjo negro, mas não estava ligando para isso, tudo o que me importava era Elanna. O chamei a vi ate o hotel, o que depois de algumas horas o fez.

Elanna já estava acordada e bem alimentada. Ainda quieta e de certa forma paralisada ela fazia tudo o que eu mandava, e se a punha em uma cadeira lá ela ficava, como se fosse uma boneca morta.

— E um pouco triste ver o que ouve com um de seus companheiros Jones. Ainda mais depois de tanto tempo que você esperou para conseguir sair dessa maldição. — dizia Tom a observando, ainda sem lhe tocar o corpo.

Junto a ele, trazida de longe havia uma garota, que parecia ser sua auxiliar. Seu nome era Alinne, uma bela garota que olhava Elanna com dó. Ficava atrás observando suas marcas com todo cuidado possível. Permiti que examinassem-na em um lugar privado e seguro, para que assim Elanna não se sentisse em perigo com vergonha. Logicamente não a deixaria sozinha, por isso onde e que ela fosse eu estaria junto a ela.

Com cuidado seu corpo foi exposto mostrando suas marcas roxas —, não havia reparado ate em tão, que não eram só os hematomas, pelo seu pulso, pela sua cintura e descendo, mas havia marcas maiores que não reconhecia.

— Parece que os efeitos colaterais de ter ''transado'' com um D.A. começaram a aparecer. — disse o doutor a examinando.

— O que quis dizer com efeitos colaterais? — questionei abismado.

— Quando alguém e abusado por um D.A., o mal do próprio passa para a vítima através de seu medo. No primeiro dia não e visível, mas a parti do segundo já se pode ver a negridão se espalhando pelo corpo, como uma maldição tanto psicológica quanto física. Atrairá infortúnios para si e para os outros, seus músculos começaram a atrofiar-se com o tempo, e no final ira morrer de desespero. Mas como você me chamou antes de qualquer uma dessas coisas acontecesse ainda temos tempo de extrair esse veneno de seu corpo. — ele disse pegando as luvas e com minha ajuda levamos Elanna desacordada por uma certa anestesia para a mesa fria.

Alinne sua ajudante limpava os instrumentos, enquanto me punha ao canto para não atrapalha-los.

— Alinne, por favor segure-a. Assim que começarmos a tirar o veneno ela ira se debater, então use força. — dizia o doutor para a jovem que segurava Elanna.

E assim como ele disse, em questão de minutos que aplicava a seringa nos pontos negros Elanna como se possuída se debatia. Tão frágil, criou força o suficiente ate para machucar um adulto de pelo menos 100 kg. Era admirável como Alinne se manta firme ali.

Entretanto, me dava agonia ver aquilo.

— Se não se sente bem, sai logo daqui!! — dizia o doutor. Seus pensamentos ruins irão alimentar as trevas dentro dela. Não esqueça que agora você e essa pobre jovem estão ligados!! — ele dizia me mandando embora sem opção, pois, era logico que tinha que sair.

Do lado de fora ouvia os gritos dela, que me faziam ir ao chão com leves lagrimas. Aquilo durou por pelo menos três horas e meia, ate que o doutor veio a mim, dizendo que já havia acabo de tirar a escuridão dentro dela, mas não havia acabado, pelo contrário ainda estava começando.

Estreito a porta pude perceber o corpo jogado de Alinne —, qual deveria ser a força que precisou para conter Elanna?

Mas uma vez pus a espera perto da porta. Akira e Leônidas apareceram e junto Tamiel que estranhamente estava abatido.

Contei-os o que acontecia, o que tirando Tamiel os deixaram em choque. Por acaso, acabei descobrindo o que havia acontecido com meu caro anjo negro que apesar de tudo me guardava.

Aparentemente Tamiel, me encontrara no meu estado demoníaco sem controle, enquanto que Jonathan ralava para sobreviver. Pois, assim moco um meio Ghoul, um meio demônio e mais forte que um demônio total dependendo das circunstâncias. Por isso ele me acertou, e rapidamente levou Jonathan para o mundo dos espíritos onde arduamente o selou. A quilo de certa forma me tranquilizou, saber que aquele maldito não ria voltar mais tão facilmente.

Depois de mias algum tempo o doutor veio a nos com uma notícia que me destruiu.

— Mesmo que dificilmente conseguimos extrair as trevas da jovem, mas demorara para ela de fato se recuperar tanto fisicamente, quanto psicologicamente. A cerca do psicológico ela não está tão traumatizada como deveria estar, o que e todo estranho. Na verdade, a parte psicológica pode ser a que vai se recuperar mais rápido pelo que Elanna aparenta. Talvez sua carência aumente consideravelmente, então sugiro que dê a devida atenção a ela. Ela não corre nenhum risco de engravidar, mas sugiro que de vez em quando faça o teste nela... — ela disse tirando os óculos.

Possibilidade de gravidez nem havia se passado pela minha cabeça...imaginar Elanna gravida daquele monstro, era de todos o meu maior pesadelo!

Por um tempo pus me a pensar. Elanna foi devolvida, e seguimos pro hotel. Pelo que o doutor havia dito ela passaria o dia dormindo, tão poderíamos tranquilamente seguir para minha casa aqui na Espanha.

Era de se espera que fosse como todas as outras. E em meu quarto coloquei minha pequena menina. Havia decidido junto de meus irmãos pausarem a busca por um tempo, mas não deixando de ainda nos mover. Meu foco agora era apenas ela, aquela a que eu tanto amo.

Os dias se seguiram pesados, pois, nada que eu fizesse conseguia tirar aquele peso, ou mesmo fazer voltar a alegria em ver seu rosto cheio de vida, animada e imprudente.

Passava os dias na cama, dormindo, ou simplesmente olhando para o nada. Perdera o apite, a alegria, e por tais minha preocupação só aumentava cada vez mais. Enfim chegou o dia tenebroso: o que eu diria a elas? Devo mentir? Como se eu conseguisse esconder que tudo estava errado!!

Leônidas não conseguira escapar das garras de Rosália, e por tais teve que traze-la consigo. De tantos seres neste mundo, era esta mulher que eu mais temia. Estava a segura um portfólio preto, enquanto que ao lado de Leônidas (por acaso, junto ao seu braço) esperava inquieta enquanto me arrumava.

Sabia que procurava pelo rosto amigo, e Leônidas suava de nervosismo.

O que eu diria? O que eu faço?

Deixei-os na sala, por um breve tempo. Pelo que sabia começavam a se entender, e talvez se darem mais do que bem.

Como dizia: Elanna estava no quarto, deitada e sem quase nenhuma expressão. O doutor havia dito sobre sua carência, mas esta não se manifestava. Assim pensava ate voltar ao quarto para ver como estava. E para minha surpresa havia levantado.

Despreguiçava-se como se tivesse acabado de sair de um sono profundo, arrumando cama ao mesmo tempo, que detinha um sorriso calmo a qual tão belo nunca teria visto. Quando me percebeu, me encarou por um certo tempo, e eu a ela: como um pequeno fantasma do que um dia foi.

— Obrigada... — ela disse sorrindo tão fofa e bela.

Não aguentei ouvi-la e antes que dissesse mais alguma coisa a enlacei em meus braços, fortemente a abraçando. E por um longo tempo ficamos.



○○○○



Já se faziam dias que estava naquela cama... não tinha fome ou qualquer vontade de fosse o que era. Minhas forças eram nulas, ao ponto de Jones chegar a me dar comida em minha boca. Estava triste, por ele e por mim.

Sentia em seus belos olhos azuis, — ah! Tão brilhantes eram — sua amargura e sentimento de culpa que sentia. Eu não o culpava jamais! Era uma escolha que havia feito, e com suas consequências teria que arcar. Meu coração pesava...

— Pretende ficar nesta cama por mais quanto tempo? — perguntou a familiar voz, a qual não fiz questão de olhar, pois, sabia que era Tamiel. Este, que vinha quase todos os dias me olhar quando Jones não estava por perto.

Não tinha forças para responde-lo, e como muitas vezes o deixava falar com as paredes. Me contava historias sobre Jones nos últimos dias, estas que partiam meu coração como uma lança.

— Jones como sempre esta se matando por você. Se esforçando a cada dia, sem se perdoar. Enquanto você ai, deitada nesta cama sofrendo sem nem saber o porquê. Já se fazem dias, tempo o suficiente para que qualquer efeito deixado pudesse já ter desaparecido. O que sente não e nada mais que peso, melancolia e tristeza por ver seu amado Jones sofrer por você... Enquanto que por sua causa ele esta afundando cada vez mais nas trevas. ENTÃO SAI LOGO DESSA CAMA! E VAI SALVAR O CORAÇÃO DAQUELE QUE SE PUDESSE, DARIA A VIDA POR VOCE!! — ele ordenou em voz alta, uma poderosa voz que me fez chorar, pois, era verdade!!

O estrupo, assim como muitas outras coisas não havia deixado marcas profundas em meu psicológico como ocorrem muito nas pessoas. O que segurava meu coração naquela melancolia, era ver Jones afundando, — e eu não fazia nada.

Levar um sermão de Tamiel era o ápice. Suspirei, limpei minhas lagrimas e com toda minha força levantei meu dorso. Talvez não fosse muito, mas já fazia o roso do insistente anjo negro se alegrar, mesmo que por um pouco.

— Já e alguma coisa! — ele disse me ajudando a me levantar.

— Obrigada — me prostrei a sua frente, segurando o equilíbrio lhe agradecendo.

— Não pense que gosto de você, só não quero ver o menino Jones afundar por alguém que ama. — ele diz em uma voz rancorosa. — Você não e uma garota que se deixa levar mais por coisas desse tipo...e triste, mas graças a isso que te faz ainda mais perfeita a ele. — sorriu e simplesmente foi embora pela porta.

O que Tamiel havia dito de fato era verdade: não detinha grande força emocional para ficar sofrendo por estrupo, roubos, tentativa de assassinato e taus, pois, por muito tempo os via em minha frente ate chegar a um ponto que isso se tornou algo banal. Talvez de todos do grupo, eu poderia ser a mais fria...

Pus a arrumar a cama ate que de repente a porta se abriu, mostrando se não aquele belo homem de olhos azuis. Que agradeci imediatamente, mesmo que breve.





Por um tempo paralisei, quando fui envolvida por seus braços fortes e um quente abraço, a qual não pode deixar escapar algumas lagrimas.

Ao fundo pude ouvir as vozes de Leônidas e Rosália rindo calmos. Não fazia ideia de quanto tempo permanecemos ali, e mesmo que tivesse visitas ou trabalho a fazer, era aquele lugar que de todos eu não queria sair.

Sua mão subiu pelas minhas costas carinhosamente, ate chegar ao meu rosto, onde com as costas de sua grande mão acariciou, e para junto dele me puxou, ate que nossos lábios se tocassem, ate que pudesse sentir sua respiração. Seu beijo estava delicado e doce, não deixava escapar as mordiscadas, e leve chupões a minha língua que se entrelaçava a dele.

No final tocou sua testa a minha, e recitou: Soneto do amor total — Vinícius de Moraes.

- Amo-te tanto, meu amor... não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,

E te amo além, presente na saudade.

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude. - e chorou.



Limpei suas lagrimas e o beijei fechando aquele momento encantador.

Mais atrás pude ouvi o grito de Leônidas que quebrava o clima romântico, me fazendo rir de vergonha, mas esta feliz. Era como se me renovasse, e que nada tivesse acontecido. Era assustador, era visível eu aquela sensação. — Mas dava graças a isso, pois, se não fosse por tal sofreria e junto levaria aquele que amo.

— Vou tomar um banho. — disse a ele o soltando. Mesmo quando este insistia em segurar minha mão.




MEU MISTERIOSO CHEFE: JONES. (Concluido) Onde histórias criam vida. Descubra agora