Pitt abriu as portas dos armários mas só o que havia dentro deles eram caixas de primeiros socorros, algumas roupas esfarrapadas e muitos medicamentos inúteis naquele momento.
Dick andou até a porta do quarto e a abriu, olhou para ambas as direções do extenso corredor e para a sorte de todos não havia nenhum olho cinzento nas proximidades.— Ainda não vejo nenhum deles aqui fora — falou para os demais.
— Aqui dentro não tem porra nenhuma, vamos ter que procurar nos outros quartos, corredores, sei lá — disse Pitt, sentando-se em uma das camas.
— Mas é arriscado ficar andando por ai com essas coisas nos caçando — Jezabel deixou a mostra seu medo diante de toda aquela situação.
— Eu não posso mais perder tempo aqui — disse Patrick, andando até a porta.
— E o que vai fazer ? — perguntou Pitt, com ironia — matar todos eles?
— Quantos andarem tem nesse hospital? — Patrick parou de andar e encarou Jezabel.
— Sete.
— Então deve ter uma pista de pouso para helicópteros, certo?
— Sim, duas, uma na parte de trás do hospital e outra no terraço. Mas eu não creio que alguém aqui saiba pilotar um helicóptero.
— Não seja tão precipitada — falou Dick — eu sei pilotar.— Ótimo, vamos usar o helicóptero do terraço para dar o fora daqui — disse Pitt com tom de ironia, não estava muito confiante diante daquele plano.
— Onde aprendeu a pilotar um helicóptero — Patrick virou-se para Dick.
— Um magico não revela seus segredos, não é mesmo?
— Que seja, onde fica o elevador?
— Fica no final do próximo corredor - respondeu Jezabel.
— Então o que estamos esperando aqui?
— Objetos para nos armar — respondeu Pitt.
— Talvez não seja necessário, só precisamos ir rápido até o elevador sem sermos vistos por alguma destas coisas, não creio que tenha muitos aqui dentro do hospital — Falou Patrick e todos ficaram em silêncio por alguns segundos, se entre olhando.
— Eu vou pegar algo, uma vassoura, qualquer coisa que possa me proteger — disse Pitt.
— Ok então, peguem o que encontrarem pela frente lá fora — Dick falou, encarando a porta aberta.
— Qual o nome de vocês? — perguntou Patrick.
— Jezabel.
— Pitt.
— Dick, Isso era mesmo necessário?
— O meu é Patrick, Jezabel você parece conhecer bem esse hospital, então nos guie até o elevador — ordenou, ignorando a pergunta de Dick.***
Três minutos depois, os quatro se encontravam andando lentamente pelo extenso corredor repleto de portas. Pitt e Dick seguravam um cabo de vassoura, Jezabel a frigideira e Patrick estava desarmado, usaria as técnicas de defesa que havia aprendido durante os anos de treinamento.
— Acho que não tem mais nenhum olho cinzento dentro deste hospital — sussurrou Jezabel.
— Eu encontrei dois, antes de você me nocautear — disse Patrick, olhando dentro de uma pequena sala parecida com um escritório. Estava tudo revirado.
— Eram os últimos, tenho certeza.
— Melhor não contar com isso não, fiquem atentos — Pediu Dick, enquanto chegavam no fim do corredor e viravam a esquerda, entrando em outro. No final deste se encontrava o elevador junto a um rastro de sangue que ia em direção as portas fechadas.
— Mais sangue — observou Patrick.
— Acha que tem algo dentro do elevador? — perguntou Pitt.
— Talvez tenha, fiquem aqui — Pediu Patrick, dando passos na frente de todos.
— Não mesmo, não vou ficar aqui enquanto você dá uma de herói — Dick ficou paralelo a Patrick, ambos indo em direção as portas metálicas.
— Homens — Jezabel trocou um olhar com Pitt após presenciarem aquela cena constrangedora de heroísmo.Patrick não conseguia tirar os olhos do rastro de sangue, imaginando de quem seria e se encontrariam algum moribundo carnívoro dentro do elevador.
Jezabel e Pitt ficaram paradas a alguns metros de distancia, apenas observando e esperando sinal verde para prosseguirem com o plano.
Dick ficou atento a cada porta naquele corredor, sabia que podia haver algum infectado apenas a espreita, esperando um descuido para abrir a porta e avançar ferozmente contra qualquer um que visse pela frente.
Enfim os dois pararam frente ao elevador, Patrick fez um sinal de positivo com a cabeça e Dick ergueu o cabo de vassoura na altura do peito.
Patrick deu um último suspiro, apreensivo, olhou para trás trocando um olhar com Jezabel e Pitt, como se pedisse em pensamento para que as duas também ficassem preparadas, caso algo saísse do controle.
Voltou sua atenção para os botões do elevador e apertou um deles. Em alguns segundos as portas começaram a abrir.Varias Horas antes
Josef correu até as portas do hospital, as ruas estavam tomadas por um caos inigualável, pessoas se atacando por todos os lados. Ali perto havia algumas ambulâncias estacionadas e outras ainda estacionando, trazendo vitimas e mais vitimas recentes de ataques inexplicáveis.
Josef estava sem um dos dedos da mão direita, o que justificava o pedaço de pano ensanguentado que ele havia usado para parar o sangramento.
Pensou em pedir ajuda aos paramédicos que saiam das ambulâncias mas estes estavam ocupados demais retirando as macas de dentro dos automóveis, todas contendo pessoas desacordadas. Algumas até mutiladas.Ele passou cambaleante pelas portas do hospital e aquela área estava repleta de pessoas clamando por atendimento, todas com ferimentos, algumas estavam de pé e outras deitadas pelos bancos de madeira.
Sua intenção era ser atendido o mais rápido possível e quando estava indo pedir ajuda escutou gritos vindos da sua direita. Uma mulher usando vestido azul havia acabado de atacar um homem, e não parou por ai, vários outros pacientes começaram a se atacar e uma guerra foi travada na recepção.
Josef sentia uma dor de cabeça insuportável e sua mão machucada estava pulsando. Ele começou a correr hospital a dentro, quando percebeu que um homem sem lábios vinha em sua direção..
Passou por vários corredores.
— Corram, corram! — gritou, ao ver um grupo de pessoas perto a uma sala, eram pacientes e enfermeiros. Todos sem saber o que estava acontecendo.
Josef virou outro corredor e no final deste havia um elevador, se fechando.— Pare! Pare as portas! — gritou desesperado, enquanto corria segurando a mão machucada.
Uma das mulheres dentro do elevador fez o que ele pediu e bloqueou as portas usando uma maleta.— Por que diabos você está correndo — perguntou um homem de terno, quando Josef se aproximou e adentrou as pressas. Em seguida as portas voltaram a se fechar, haviam cerca de treze pessoas ali dentro.
— As pessoas estão loucas lá fora, atacando umas as outras. Perto da minha casa uma delas arrancou um dos meus dedos usando os dentes, da pra imaginar? — explicou ofegante, enquanto seus lábios se dissolviam e seus olhos se tornavam brancos. Não controlava mais o seu corpo e nem sua mente.
***
Dick se assustou ao ver tantos olhos esbranquiçados se virando para encara-los, grunhindo ao verem novas presas. Estavam perto de mais e vieram rápido na direção de ambos, os deixando sem tempo para pensar no que fazer.
Dick empurrou alguns, usando o cabo de vassoura enquanto Patrick distribua chutes.
— Corre — Pediu Dick, saindo em disparada na direção oposta daquelas aberrações. Patrick fez o mesmo e dali viram Jezabel e Pitt virando o corredor de onde haviam vindo.Josef estava entre os infectados, mas não virou o corredor para seguir suas presas como haviam feito os outros. Ele seguiu a diante e cruzou alguns corredores até chegar na entrada do hospital, onde se deparou com as portas de vidro trancadas por alguns trincos metálicos.
Se arrastou até elas, urrando com seus dentes expostos e ensanguentados. Encarou todos os outros infetados na rua, que andavam sem rumo. Parecia um enxame de abelhas.
Josef jogou violentamente o corpo contra os vidros, os fazendo se estilhaçar, chamando a atenção de todos os infectados. Não demorou muito para toda aquela legião começar a ir em direção as portas quebradas do hospital.
Josef se levantou, com um enorme caco de vidro cravado em seu olho direito e se virou para as portas, adentrou outra vez no local , seguido das centenas de infectados, todos indo a caça.
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Olhos Cinzentos
Science FictionApós um terrível acidente aéreo, os moradores da cidade de Englewood se vêem diante de estranhos acontecimentos envolvendo pessoas deformadas sedentas por carne humana. Em meio a tudo isso está Patrick, um bombeiro que se dispôs a ajudar as vítimas...