Emily deslocou-se para fora do quarto, fechou a porta lentamente para evitar o maximo de barulho possível. Naquele corredor haviam outros quartos, alguns armários e duas janelas.
Ela andou até o fim do corredor e levou a cabeça para ver todo o cenário do próximo, este estava bem iluminado pela luz do sol que entrava pelas janelas, mas não era apenas isso que havia ali, Sandra estava ajoelhada comendo um amontoado de carne e tripas.
Emily andou de volta pelo corredor, passou pelo seu dormitório e seguiu a diante. Olhou para o próximo corredor da direita que dava nas escadas do refeitório, onde havia visto Sandra caída no chão meia hora antes. Virou a cabeça para a esquerda e lá na frente pode ver as portas do orfanato entre abertas.Pelo chão pode ver marcas de sangue, assim como em uma das paredes. Andou até as portas para ver se havia alguém a quem pudesse pedir ajuda do lado de fora, mas o que viu a fez perder toda a esperança que havia adquirido enquanto dava passos até as portas.
Do lado de fora haviam algumas crianças ensangüentadas, algumas paradas e outras andando de um lado para o outro. Reconheceu todas elas apesar de estarem sem lábios, meio carecas e com os olhos brancos.Não conseguia ver a rua daquela posição, seria preciso passar pelas portas e andar até o primeiro degrau, ai sim teria uma visão ampla dos estabelecimentos, ruas e casas. Mas decidiu não se arriscar, aquelas pessoas não estavam em seu perfeito juízo e com certeza a atacariam.
Terminou de fechar as portas e se encostou nelas, pensando em uma maneira de retirar a diretora de dentro do orfanato. Se conseguisse fazer isso, ela e Ammy estariam seguras até tudo aquilo acabar.Foi em direção a escada de cimento que levava até o refeitório, a poça de sangue que esvaiu do rosto da diretora ainda estava no chão, secando aos poucos. Emily desceu degrau por degrau, olhando para a enorme mesa retangular de mármore que ficava a alguns metros a direita.
Não tinha ninguém ali, apenas um silêncio assustador. A esquerda havia um corredor curto que levava até a porta do pequeno armazém, onde guardavam velharias. Foi então que Emily teve uma ideia, seria arriscado, mas era preciso.***
Emily bateu palmas, atraindo a atenção de Sandra que agora estava parada perto a parede olhando para o nada. Ela se virou para a menina e deu um urro perturbador, abrindo a boca e expondo os dentes sujos pelo sangue de sua última vitima.
A mulher deu passos lentos e ao ver que Emily começou a correr, ela fez o mesmo, perseguindo a menina pelos corredores como um animal faminto.
Emily passou pela porta do seu dormitório outra vez e antes de chegar no final do corredor olhou para trás, certificando-se de que seu plano estava dando certo.Virou a direita e desceu rápido a escada seguindo para o corredor que levava até a porta do armazém, que agora estava aberta. Adentrou no local cheio de caixas e prateleiras, em seguida virou-se para a porta encarando o corredor, a espera de Sandra.
Não demorou nada para a criatura aparecer em seu campo de visão, olhando em toda as direções até se focar na menina.
Emily se preparou mentalmente para o que estava prestes a fazer e deu passos para trás enquanto Sandra corria em sua direção.— Se o Thomas faz, eu também faço — começou a correr em direção a Sandra, que nesse momentos passava pela porta.
Ambas se aproximavam com velocidade e quando estavam a alguns passos de distancia, Emily deixou seu corpo cair propositalmente, deslizando entre as pernas da diretora.Se recompôs e bateu a porta com força, trancando Sandra dentro do armazém.
— Aqui é Maze Runner, caralho — disse sorrindo enquanto andava dando pequenos saltos pelo corredor, agindo como a criança que realmente era. E que em outra circunstâncias não falaria daquela maneira devido as regras irritantes do orfanato.
Minutos depois estava andando de porta em porta vendo se havia alguma outra criança por ali. Mas não encontrou nenhuma, pelo visto apenas ela e Ammy estavam no orfanato, sozinhas diante de uma situação estranha e sem explicação.
***
— Ammy, já pode sair. Preciso da sua ajuda — Disse Emily, balançando a amiga debaixo do cobertor.
— Não vou sair...
— Saía logo, não tem mais ninguém lá fora.
— Como sabe?
— Eu prendi a diretora no armazém e não tem nenhuma criança dentro do orfanato, além de mim e você.Ammy saiu debaixo do cobertor e ficou sentada na cama.
— O que está acontecendo? — perguntou, olhando para o chão.
— Não sei, a diretoria enlouqueceu e algumas crianças também.
— Você disse que não tinha crianças.
— Aqui dentro não tem, mas lá fora há algumas, também não possuem lábios e os olhos estão brancos.— Não são mais pessoas, são monstros.
— Preciso que me ajude a procurar as chaves das portas principais, assim ninguém vai poder entrar.
— Elas ficam na sala da diretora, é obvio.
— Acho que ficam mesmo — disse Emily tentando entender como não havia pensado nisso, estava na cara.— Estou com fome.
— Eu também, essa bagunça toda nos atrapalhou a tomar o café da manhã. Vamos na cozinha, agora podemos pegar o que quiser, afinal somos as únicas aqui.
— Estou com medo.— Não precisa ter medo, não vou deixar nada acontecer com você.
— Você é só uma criança como eu.
— Sim, mas sou mais forte e não tenho medo de nada.
— Hmm.
— De uma coisa eu tenho certeza.
— O que?
— Agora é que não seremos adotadas de maneira alguma.
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Olhos Cinzentos
Science FictionApós um terrível acidente aéreo, os moradores da cidade de Englewood se vêem diante de estranhos acontecimentos envolvendo pessoas deformadas sedentas por carne humana. Em meio a tudo isso está Patrick, um bombeiro que se dispôs a ajudar as vítimas...