Patrick voltou ao mercado sem ter nenhum problema, era acompanhado pelo pequeno cachorro marrom cujo o plano havia estragado minutos antes, mas aquilo eram aguas passadas.
A rua que ele pegou estava livre de infectados ou qualquer outro tipo de ameaça. O estacionamento também estava vazio, o que facilitou mais ainda o seu acesso ao estabelecimento.
Já na entrada avistou Pitt de pé próxima a um dos caixas , Daniel encontrava-se sentado no chão, ambos conversavam algo. Não perceberam a aproximação de Patrick e muito menos a do cão.— E então? — perguntou, aproximando-se de ambos.
— Quer me matar do coração? — Pitt perguntou, virando-se para ele.
— Aqui se faz, aqui se paga — respondeu, lembrando de que a garota havia feito o mesmo com ele.
— E esse cachorro ai? Porque ele parece está te seguindo?
— Adotei ele, ou ele me adotou. Não sei bem.
— Daniel levou um tiro no peito — disse Pitt apontando para Daniel, que observava os dois.
— Aquele desgraçado — Patrick vociferou, ajoelhando para ver como o amigo estava, havia um buraco em sua blusa mas não tinha nenhum sangue — cadê o sangue?
— Não tem — respondeu Daniel — estou usando colete a prova de balas. Não impede a dor do impacto mas pelo menos a bala não perfura o corpo.
— Onde conseguiu um colete?
— Isso é uma longa história — ele estendeu a mão e Patrick o ajudou a levantar.
— Pule toda a história e conte apenas onde conseguiu o colete — Patrick insistiu.
— Devíamos nos preocupar é com aquele filho da puta que levou nossos mantimentos — Pitt reclamou.
— Tem mais coisas que podemos levar daqui, dividimos e seguimos nossos caminhos — falou Patrick, deixando o assunto do colete de lado e começando a vasculhar o primeiro corredor do mercado. Estava com pressa, queria voltar logo para casa e cair nos braços de sua esposa.Após passarem alguns minutos separando o que iriam levar, eles se reuniram perto aos caixas e cada um segurava duas sacolas cheias.
— Agora só precisamos de um carro — disse Patrick quebrando o silêncio.
— Viu algum pelas ruas? — quis saber Pitt.
— Sim, vários aqui perto.
— Então vamos encontrar um que sirva e voltamos para a minha casa, quero dar uma coisa a vocês — falou Daniel.
— Não precisa, você estar vivo depois de levar um tiro já é um bom presente — Patrick tentou convencer aquele senhor de que não precisava os dar mais nada, mas no fundo sabia que o convence-lo do contrario seria impossível.Os três saíram para a rua a procura de um automóvel que pudesse ser usado. Buscavam não se descuidar para não serem pegos desprevenidos por alguma criatura dentro de algum carro e por isso analisavam todo o interior dos veículos antes de abrirem as portas.
Nos primeiros veículos encontraram pessoas mortas, sangue e até um amontoado de tripas sobre um dos bancos dianteiros, o que causou ânsia de vomito nos três. Continuaram a busca e só tiveram sucesso ao se depararem com um Chevrolet Silverado que estava com as portas dianteiras abertas.Havia um infectado debaixo do carro, sua perna estava presa em baixo de uma das rodas traseiras e ele começou a se remexer tentando alcançar Pitt, já que era a mais próxima a ele.
— Que coisa nojenta e feia — ela comentou, enquanto Patrick certificava de verificar se havia algum outro morto dentro do veículo, mas estava limpo e para sua sorte este carro encontrava-se com a chave no contato.
— Enfim alguma sorte nesse dia maldito — ele comentou, adentrando no veículo.
— Está com a chave? — perguntou Daniel.
— Está sim, entrem logo. Vamos sair daqui antes que outro imbecil apareça e leve o nosso novo carro.Todos entraram com suas sacolas, o cachorro pulou no colo de Patrick que deu partida no veículo, terminando de espremer o infectado que estava embaixo da roda.
— Qual é o nome dese cachorro? Você sabe ? — Perguntou Pitt.
— Não. Mas sei que ele era de um circo.
— Então vou chamar ele de...
— Não vai não, ele é meu e eu que vou dar o nome — Patrick protestou.
— Você disse que ele era do circo então você não é o dono.
— Isso mesmo, ele "era" do circo. Esse cachorro aqui quase me matou e mesmo assim eu salvei ele, nada mais justo do que eu escolher o nome.
— Que seja então. Qual vai ser?
— Vai ser It.
— It? Que porra é isso?
— Do filme, It a coisa. Eu gosto então vai ser esse — Patrick riu.
— Eu gosto de It — Daniel falou, fitando o cachorro no colo de Patrick.
— Mereço — Pitt não se contentava com aquele nome para o pobre animal, mas não havia nada que pudesse fazer.Minutos depois chegaram na rua da casa de Daniel, haviam apenas três mortos perambulando pela calçada.
— Onde será que estão os outros? Quando saímos daqui haviam muito mais — Disse Pitt olhando pela janela.
— Devem ter sido atraídos para outro lugar — respondeu Patrick, parando o carro próximo da residência.Todos saíram rápido, pegaram as sacolas e adentraram na casa antes que aqueles três infectados se aproximassem.
— Enfim de volta — comemorou Daniel, fechando a porta.
— Agora já posso voltar para a minha mulher — Patrick suspirou.
— Antes vou dar uma coisa a vocês dois, esperem aqui — Daniel começou a subir as escadas e Pitt encarou Patrick.
— Onde você mora mesmo? — ela perguntou.
— Lakewood e você?
—Wheat Ridge.
— Olha só, somos vizinhos de cidade.
— É, também vou precisar do carro.
— O que sugere? Está pensando o mesmo que eu?
— Infelizmente sim — ela riu.
— Você segue viagem comigo até a minha casa e de lá segue seu caminho, sua rota seria essa mesmo. Pode conhecer a minha mulher se quiser, ela também era assim como você.
— O que quer dizer com isso?
— Nada — ele riu.
— Fala.
— Bom, ela era assim, batom preto, roupas pretas. Todo esse lance de adoração ao capeta.Pitt não resistiu ao ouvir aquilo e se deixou cair na risada.
— Não tem nada haver uma coisa com a outra seu retardado, está vendo eu sacrificar algum bebê?
— Ainda não.
— Quando o seu vai nascer mesmo?
— Nem vem não.O momento icônico foi interrompido por Daniel, que desceu as escadas trazendo uma sacola preta.
— Isto aqui é para vocês — ele entregou a Patrick e a sacola estava pesada. Pitt aproximou para ver o que havia dentro e ambos se espantaram ao ver que se tratava de duas armas, uma Glock e uma Sig Sauer. E mais quatro cartuchos carregados, dois de cada arma.
— Caramba onde conseguiu essas armas? — perguntou Pitt.
— É uma longa história também — Daniel deixou escapar um sorriso misterioso.
— Bom, obrigado, vão ser muito úteis com essas coisas ai fora — Patrick preferiu não perguntar nada, apenas agradeceu e se despediu do novo amigo com um abraço, Pitt fez o mesmo e minutos depois ambos se encontravam no carro.Daniel ficou próximo da janela, os observando partir e esperava que os novos amigos conseguissem chegar em suas casas em segurança.
Ele voltou ao seu quarto no segundo andar e seguiu até um dos guarda roupas, abriu as portas dele e observou seu arsenal que ficava escondido atrás de um compartimento secreto dentro do móvel.
Haviam pistolas, fuzis, rifles de assalto e varias armas brancas próximas as algumas granadas de mão.— Bom, acho melhor eu me armar também.
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Olhos Cinzentos
Science FictionApós um terrível acidente aéreo, os moradores da cidade de Englewood se vêem diante de estranhos acontecimentos envolvendo pessoas deformadas sedentas por carne humana. Em meio a tudo isso está Patrick, um bombeiro que se dispôs a ajudar as vítimas...