Olhos Cinzentos

O Morto, O salvador e As Esquecidas

- Pare! - Pitt gritou mas era tarde demais, a menina já havia desaparecido de seu campo de visão.
- Droga - reclamou Craig, colocando it no chão e se pondo a correr para dentro do orfanato querendo saber o que havia acontecido.
- Não - Patrick entrou na frente de Pitt, que nesse momento estava mirando nas costas de Craig, pronta para dar um tiro certeiro.
- Porra, saia da frente.
- Não precisamos matar ninguém.
- Inferno, você é um cuzao - Pitt passou por ele e entrou no orfanato a procura de Craig e Emily, também estava curiosa em relação ao grito que todos escutaram.

Patrick a seguiu e ambos andaram atentos pelo corredor, no fim havia os degraus que desciam para o refeitório e a direita ficava o corredor dos dormitórios.
Ao chegarem nesse corredor encontraram Craig em luta corporal com uma mulher infectada, ele a segurava pelo pescoço contra a parede.
Emily estava alguns metros a frente, ao lado de Ammy que chorava. A mulher a pegou de surpresa no terceiro corredor, ela havia conseguido pular a janela que encontrava-se entre aberta e sem perder tempo avançou na menina que deu um grito instintivo enquanto corria.

- Me ajudem aqui, caralho - pediu Craig, não iria conseguir segurar a mulher por muito tempo. Patrick correu até ele e apontou a arma para a cabeça da mulher, deu um único tiro, espatifando a cabeça da criatura.
- O monstro morreu? - perguntou Ammy, ainda com medo.
- Não precisa ter medo, o monstro não vai ferir você - Craig respondeu, aliviando a menina. Ele a fitou por alguns segundos, aquele rosto, aquela voz, tudo o fazia lembrar de seu passado.
- Obrigado Craig - ela o agradeceu.
- Mas quem matou o monstro foi eu - Patrick reclamou.
- Mas eu a segurei, se não fosse por mim a mulher teria conseguido ataca-la.

- E se não fosse por mim a infectada teria matado você e as meninas.
- Não mesmo - Emily interrompeu - eu matei duas dessas coisas sem a ajuda de ninguém, uma a mais ou a menos não iria fazer diferença.
- Você matou? - Patrick ficou surpreso.
- Sim.
- Eu disse, ela não é uma menina qualquer. É até mais assustadora que eu e olha que só a conheço a algumas horas - Craig fitou Pitt parada no fim do corredor, o observando sem nem ao menos piscar.

Craig levou a mão até as costas e enfiou a mão dentro da blusa, onde havia escondido uma arma horas antes. Ela a tirou rápido e apontou para Pitt, que foi pega de surpresa. Patrick pensou em reagir mas já era tarde demais, um estrondo tomou conta do corredor enquanto a bala viajava no ar indo em direção ao seu alvo.
Sandra caiu estatalada no chão, ela havia conseguido abrir a porta do armazém e foi atraída pelo som do primeiro tiro. Estava pronta para atacar Pitt quando a bala atravessou seu cérebro.

- Você esta bem? - Patrick andou até Pitt, que observava o corpo caído atrás de si, processando o que havia acontecido
- Sim, estou, eu acho. Eu não tinha visto ela.
- Isso eu percebi - Craig falou em um tom alto, para que o som chegasse bem nítido aos ouvidos de Pitt.
- Vá se ferrar.
- É assim que me agradece por salvar sua vida?
- Se tinha uma arma por que não se livrou da primeira mulher? - perguntou Patrick.
- Ela veio rápido demais, não deu tempo de pegar a arma - Craig havia colocado um cinto envolta da barriga e o o usava para segurar uma arma secundária caso precisasse.
- Sandra conseguiu sair, não pensei que ela fosse conseguir abrir a porta - disse Emily, olhando o cadáver de sua ex diretora.
- Conhecia ela? - Pitt guardou a arma.
- Sim, era a diretora deste orfanato e eu tinha prendido ela no armazém que fica no refeitório.
It veio correndo pelo corredor principal, ele estava confortável do lado de fora mas infelizmente começou a chover, o deixando sem escolhas.
- Olha Emily - Ammy apontou para o cão, sorrindo.

***

Os minutos passaram rápido enquanto Craig verificava janela por janela, não queria correr o risco de outro infectado os pegar de surpresa.
Patrick e Pitt ficaram sentados no refeitório com as meninas, fazendo as apresentações.

- Espero que não matem o Craig - disse Emily.
- Por que quer tanto que ele viva? -perguntou Pitt.
- Ele disse que iria me ajudar.
- Em que?
- A cuidar deste orfanato até tudo voltar ao normal.
- Eu não acho que as coisas vão voltar ao normal - Pitt sempre buscava ver as coisas pelo lado negativo.

- Eu não ligo muito, as coisas antes não eram boas para mim, uma órfã.
- Sinto muito.
- Não sinta, graças a isso eu conheci Ammy, ela é a minha família e eu irei protege-la custe o que custar.
- Não precisa me proteger - disse Ammy, enquanto brincava com it.
- Cale a boca, Ammy.

Ammy mostrou lingua para a amiga e em seguida voltou sua atenção para o cachorro.

- E você acredita que aquele homem vai te ajudar? - perguntou Pitt.
- Sim, eu vou - Craig respondeu, descendo os degraus e observando o grupo reunido na mesa. Pitt segurava a arma com as mãos em baixo da mesa. Não confiava nem um pouco naquele homem.
- Por que faria isso?
- Sobrevivência é claro, este orfanato é perfeito para isso e essas meninas precisam de um adulto para cuidar delas.

- E cadê o adulto? Ainda não vi nenhum desde que cheguei aqui - Pitt provocou.
- Muito engraçado.
- Qual é o seu plano Craig, diga logo - Patrick falou, observando o homem se sentar em uma das cadeiras.
- Eu não tenho, ela tem - ele apontou para Emily - ela quer proteger esse lugar, eu apenas vou ficar aqui já que não tenho nenhum lugar para ir. O mínimo que posso fazer é ajudar.

- Não tem lugar para ir? E sua família, mulher, filhos?
- Todos morreram a muito tempo, junto com o cara que eu costumava a ser.