Voltando Para Casa

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Patrick e Pitt começaram a perceber que aquela cidade estava mais caótica que Englewood. Quase todos os estabelecimentos pareciam ter sido saqueados, as portas e vidraças estavam todas quebradas e as únicas pessoas nas calçadas eram as infectadas.

— Isso é assustador — comentou Patrick.
— Não para mim.
—  Certeza? Não está com medo de chegar em casa e encontrar seus familiares mortos?
— Não, isso seria uma coisa muito boa porque a mansão seria só minha.
— Caramba.
— Não entenda mal, minha família esta pouco se lixando para mim e eu estou pouco me lixando para eles.
— Ninguém é perfeito, não é mesmo?— Patrick riu.
— Concordo, olha só para você.
— O que quer dizer com isso?
— Está na cara que você é um baita de um burro. Veio ajudar as pessoas e acabou se fodendo.
— Bom, estou vivo então acho que não foi tão ruim assim. Conheci você e estou voltando para casa com duas sacolas cheias de comida.

Patrick pisou no freio sem prévio aviso, fazendo a inércia projetar o corpo de Pitt um pouco para frente, quase a derrubando do assento. It não teve a mesma sorte e foi parar no chão do automóvel. O cachorro rosnou, reclamando por ter sido acordado de uma maneira tão bruta.

— Filho da puta — Pitt também reclamou, instintivamente.
— Desculpe por isso, se eu tivesse visto aquilo antes.
— Visto o que?
— Aquilo — Patrick apontou para um veículo parado na rua e Pitt logo o reconheceu.
— O carro do Daniel.
— Este mesmo.
— Mas cadê aquele desgraçado? — perguntou, pegando a arma que havia ganho.
— O que pensa que está fazendo?
— Vou ir lá matar ele, é claro.
— Você é cega? Não notou que o veículo está vazio?
— Por isso mesmo, ele deve estar em algum estabelecimento próximo fodendo com a vida de alguém como fez com a nossa.

— Você pelo menos sabe atirar?
— Claro, eu acho — ela riu, abrindo a porta do carro.
— Pitt, não.
— Ah Pitt sim, vou fazer o viado engolir uma bala.
— Droga de adolescentes, isso não é um video game — Patrick também saiu do carro — e você fique ai — ordenou a It.
— Não precisa vir atrás de mim — disse Pitt segurando sua arma, ela havia escolhido a Sig Sauer.
— Não é só por você, olhe bem onde o carro esta parado.
— Eu já havia percebido isso, é um orfanato.
— Sim — Patrick voltou a ler a pequena placa de madeira perto a uma escada de cimento, nela estava escrito: Orfanato João Benedito.
— Acha que ele esta lá dentro?
— Talvez.

Eles andaram mais um pouco, aproximando-se da escada e dali puderam ver um corpo debruçado próximo ao último degrau, era o de uma criança. Ao começarem a subir o campo de visão foi se expandindo, revelando as portas principais do orfanato. Mas não foi apenas isso que viram, haviam mais corpos espalhados perto as portas e eram todos de crianças.

— Aposto que foi ele quem matou essas crianças, filho da puta — Pitt ficou indignada.
— Olhe de novo, elas não eram mais crianças, veja a boca — Patrick virou um dos cadáveres perto a ele, um menino de cabelos castanhos como os seus, estava sem os lábios e entre seus dentes havia um tecido preso, parecido com pele humana.

Um estrondo tomou conta do céu, assustado Pitt.
— Calma, é apenas o clima começando a mudar — explicou Patrick, olhando para o céu e vendo as nuvens carregadas de chuva.
— Isso sim é estranho, não estamos em época de chuva.
— Não vai demorar muito para chover então vamos resolver isso logo. Pode haver crianças ai dentro com aquele psicopata.
— A gente bate e quando ele por a cara para fora eu sou um tiro certeiro na cabeça — Pitt falou com excitação.
— Não precisamos matar, apenas desarmar.
— Esta maluco? Sabe se lá o que ele deve estar fazendo ai dentro com as crianças, pode muito bem ser um estuprador.

***

Craig estava no segundo andar do orfanato, olhando o céu pela janela quando notou um automóvel vindo ela rua no horizonte. Pegou o binóculo que estava sobre uma das carteiras e começou a observar o carro, ficou surpreso ao ver que conhecia as pessoas dentro daquele veículo.

— Olha só, são os meus amigos — ele sorriu, deixando a sala o mais rápido possível e secando a arma que estava em sua cintura.

***

Patrick bateu quatro vezes na porta, empunhando a Glock. Pitt ficou um pouco mais atrás, apreensiva.
Em alguns instantes uma das portas se abriu lentamente, Patrick e Pitt surpreenderam-se com o que viram.
De inicio avistaram Craig, o que fez o dedo de Pitt coçar no gatinho, mas ela não podia atirar, não diante daquela situação. Havia uma menina na frente de Craig, ele estava enlaçando a garota com o braço esquerdo, enquanto o direito segurava uma arma apontada para a cabeça da menina.

— Joguem as armas para cá, meus velhos amigos — ele riu.
— Não — retrucou Pitt, enquanto Patrick levantava as mãos.
— Senti saudades de você também, e olha que só faz algumas horas desde o nosso encontro.
— Pitt largue a arma — pediu Patrick.
— Eu não quero morrer — disse a menina e o medo tomava conta de seu rosto, algumas lagrimas escaparam de seus olhos.
— Tudo bem, vai ficar tudo bem — Patrick tentou acalmar a menina — Qual seu nome?
— Emily.
— Solte ela filho da puta! — Pitt gritou, ficando mais irritada com tudo aquilo. Aquele homem era tão sujo a ponto de fazer uma menina de refém.
— Ok — Craig deu um tiro para cima — o próximo vai nela se não me obedecerem, agora joguem as porras das armas para mim.

Patrick fez o que Craig pediu e jogou sua arma perto ao pé do homem. Em seguida voltou até Pitt e tomou a arma da adolescente que não se conformava em ser feita de trouxa outra vez. Patrick levou a arma até Craig e a soltou no chão, depois disso voltou para perto de Pitt.
— Satisfeito? Agora solte a menina.
— Você quem manda, patrão — Craig largou Emily, que rapidamente pegou as duas armas do chão e apontou para Patrick.
— Obrigado pelas armas — ela agradeceu, dando um sorriso e enxugando as lágrimas falsas, o plano havia sido realizado com sucesso.
— Cara, eu já amo essa menina — disse Craig, rindo por estar por cima da situação outra vez.

Olhos CinzentosOnde histórias criam vida. Descubra agora