Alexis andou apressadamente por cada rua, escondendo-se e desviando a rota quando era necessário. Estava agora subindo uma rua ingrime, de um lado havia algumas casas e do outro uma imensa fabrica de biscoitos. Quando chegou no final da rua teve uma ampla visão de todas as casas e comércios que ficavam varios metros a frente, passando por uma pequena praça de alimentação.
***- Eu não sei. O carro capotou e eu perdi a consciência, quando acordei ele havia desaparecido - Explicou Alexis.
- Têm certeza? Ele não estava em baixo do carro? - perguntou Cátia, sua mãe. Ambas estavam paradas perto a porta principal da casa, tentando entender o que havia acontecido com Tom.
- Não tinha como ele estar em baixo do veículo. Estou com medo, não posso perder o meu pai e nem o meu marido - sua voz falhou.- Sente-se - Cátia a levou até o sofá, era mais baixa que sua filha e usava uma roupa casual - não vamos ficar pensando no pior, agora só nos resta esperar.
- Essas pessoas precisam de um medico, estão completamente loucas.
- Eu sei, acha que é contagioso?
- Não sei e prefiro não saber. Só quero que alguém resolva tudo isso o mais rápido possível.
- Seu pai tentou chamar a polícia mas a rede ficou muda, a TV sem sinal e nem a internet está funcionando.- Preciso de uma faca, machado ou qualquer coisa que sirva como arma.
- Por que? Não está pensando em fazer nem uma besteira, certo?
- Sim eu estou, tenho que encontrar meu paí e meu marido.
- Eu também estou preocupada com eles mas sair para as ruas nesse momento é suicídio. Você mesma viu o que as pessoas lá fora estão fazendo.- Eu não pos... - Alexis sentiu o mundo girar, fechou os olhos e levou a mão até a testa. Tudo aquilo havia sido estressante demais para uma mulher em seus últimos meses de gravidez.
- Alexis - Cátia ajudou sua filha a deitar-se devagar no sofá - você precisa ficar de repouso, agora entende? A saúde do seu bebê depende disso.- Droga - ela reclamou, ainda com os olhos fechados.
- Vou preparar a banheira para você tomar um banho. Depois farei algo para comer, tente não pensar em nada que seja estressante.
- Tipo no meu marido sozinho lá fora com essas pessoas endemoniadas?
- Tipo isso mesmo, pense no seu bebê.
- Meu bebê que vai crescer sem pai e sem avô?
- Sempre dramática, eles são dois homens fortes e saudáveis, bom, seu pai nem tanto mas vai sobreviver.Alexis sorriu ao ouvir aquilo e mesmo de olhos fechados conseguia facilmente projetar a imagem de sua mãe lhe devolvendo o sorriso. Essa era uma de suas táticas na infância sempre que sentia medo, fosse de dia ou a noite na hora de dormir. Ela fechava os olhos e imaginava o rosto da mãe, sempre funcionava.
Cátia saiu da sala e foi rápido para o banheiro preparar o banho de Alexis, ela estava com medo e apavorada com tudo aquilo mas se manteve forte para não demonstrar isso para sua filha.
***
Rodolfo, o homem que havia esbarrado em Alexis, atirava contra vários infectados que vinham de dentro da delegacia. As criaturas rosnavam e esbarravam em tudo o que viam pela frente.
Da recepção era possível analisar boa parte do lugar, estava completamente destruído, sujo de sangue e mais infectados surgiam sem parar. Vindos de todos os corredores e salas, atraídos pelo barulho dos tiros.- Corre, rapido! - Rodolfo gritou para sua esposa.
- Mas e você? - ela chorava, estava apavorada. Esperavam encontrar ajuda mas acabaram se deparando com uma horda mortífera de pessoas carnívoras ocupando a delegacia. Tudo havia acontecido rápido demais.- Vou atrasa-los.
- Eu te amo.
- Eu sei, sou grato por isso - suas ultimas palavras foram abafadas pelo som dos disparosA mulher segurou firme o bebê contra o peito e deu meia volta. Começou a correr em direção a escada pavimentada que ficava na entrada da delegacia e preferiu não olhar para trás, temia que as criaturas tivessem alcançado seu marido.
Essa sensação passou quando ela chegou na metade do percurso, ouviu o som de mais um tiro, o que significava que seu marido ainda lutava bravamente pela vida. Mal sabia ela que aquele disparo teve como alvo a própria cabeça de Rodolfo, que havia sido cercado por dezenas de infectados e preferiu se matar do que ser dilacerado vivo.
Ela chegou no fim da escada e virou a esquerda, seguindo pela calçada indo em direção a lugar nenhum. Não fazia ideia de para onde ir, o jeito seria enconder-se até o retorno de seu marido.
***
O dia havia chegado ao fim, Alexis estava sentada na cama em um dos quartos para hospedes e nada de seu pai ou Patrick aparecer. Sua mãe a disse para dormir mas era impossível fazer isso diante de tal situação. Sua vontade era pegar uma arma e sair atirando em tudo até encontrar seu marido.
Alexis pegou um caderno que estava em baixo da cama e nele havia alguns desenhos de figuras geométricas. A porta do quarto estava aberta e todas as luzes da casa apagadas, para não chamar a atenção de nenhuma pessoa canibal indesejada.
Alexis enfim decidiu ir dormir mas foi interrompida por um barulho alto vindo do primeiro andar da casa. Sabia que não podia ser sua mãe já que esta encontrava-se dominado no quarto ao lado.
Seu coração disparou enquanto ela olhava para todos os cantos do quarto escuro a procura de algo para usar como arma.
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Olhos Cinzentos
Science FictionApós um terrível acidente aéreo, os moradores da cidade de Englewood se vêem diante de estranhos acontecimentos envolvendo pessoas deformadas sedentas por carne humana. Em meio a tudo isso está Patrick, um bombeiro que se dispôs a ajudar as vítimas...