Voltando Para Casa

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***

Patrick e Pitt conversavam sobre o que iriam fazer após chegarem em suas casas:
— Vou trancar todas as portas e janelas até alguém resolver toda essa bagunça  — Disse Patrick, desviando de um infectado que estava parado bem no meio da rua.
— E se ninguém arrumar bagunça nenhuma? E se isso for o fim do mundo?

— Claro que vão arrumar, isso é apenas uma doença, uma doença nova e bizarra. Não tem nada haver com o fim do mundo.
— Ok gênio, mas a pergunta ainda continua de pé. E se ninguém arrumar bagunça nenhuma?
— Então vou continuar dentro de casa com tudo trancado.

— E sua mulher vai ter o bebê presa dentro de casa sem nenhuma assistência medica? — Pitt perguntou e notou o semblante de Patrick mudar no mesmo momento.
— Eu não tinha pensado nisso, quando voltar para casa vou procurar algum centro medico que ainda esteja funcionando. Não acredito que essa merda tenha afetado tantas coisas assim a ponto de nada estar funcionando.

It estava deitado em um dos bancos traseiros, dormido. O cachorro também havia passado poucas e boas tentando fugir das criaturas carnívoras.

— Meu Deus — Pitt ficou com os olhos vidrados na janela do carro, observando uma menina infectada que aparentava ter uns seis anos de idade. Ela usava uma blusa branca e uma calça rosa, seus olhos eram pálidos e seus dentes encontravam-se sujos de sangue.
— As crianças também — Patrick deu um longo suspiro e pisou fundo no acelerador, queria distanciar-se o maximo possível daquela cena.

A cada nova rua viam mais e mais mortos, foi necessário mudar a rota algumas vezes para desviar das grandes hortas de infectados, passar entre eles seria assinar a própria sentença de morte.

— Por que estamos indo por aqui? — perguntou Pitt atenta a todo o trajeto.
— Quero meu carro de volta. Meu celular e meus documentos estão nele. Olha lá, o maldito avião, ou pelo menos o que sobrou dele.

Ambos observaram a carcaça presa ao terceiro andar de um prédio comercial, ainda saía fumaça da lataria queimada. A cauda da aeronave havia se partido e caído na calçada, tomando metade da rua.

— Porque maldito?
— Já esqueceu que as pessoas começaram a ficar loucas depois desse acidente?
— Mas isso aconteceu no mundo inteiro, o avião não deve ter nada haver com isso. No mínimo transportava algum infectado e este infectou os outros, isso justificaria esse acidente.

— Faz sentido, que garota experta.
— Mas a pergunta é: como esse passageiro foi infectado?
— Não faço a menor ideia, agora deixe eu dar a minha opinião — disse Patrick, desviando da cauda da aeronave — Isso foi um atentado terrorista e todos os passageiros foram infectados por algum tipo de gás venenoso.
— Também poderia ser, mas agora não importa mais como começou e sim quando vai acabar.

Patrick parou o carro a alguns metros do prédio devastado pelo avião.

— Por que paramos?
— Meu carro esta logo ali — Patrick abriu a porta e saiu do veículo, olhando atentamente para todos os lados para não ser pego de surpresa por nenhuma daquelas criaturas medonhas.

Ele deu passos apressados indo em direção ao seu veículo e finalmente descobriu o motivo de tudo ter ficado escuro e ele ter acordado em um hospital. Um outro veículo havia colidido bruscamente com a traseira do seu, detonando a parte de trás do veículo.

— Esta um bagaço — Pitt comentou, aproximando-se.
— Não estava quando eu cheguei aqui, algum filho da puta fez isso — Patrick encarou o veículo que havia causado o acidente, este também estava em uma situação parecida.
— Agora sabemos por que você estava no hospital.
— É, sabemos — Patrick ficou indignado ao ver seu carro naquela situação.

— Pegue o que tiver de pegar e vamos logo porque temos visita —  disse Pitt notando um pequeno grupo de mortos no fim da rua, eles haviam notado a presença de carne humana e estavam se aproximando, tropeçando uns nos outros enquanto gemiam.

Patrick abriu uma das portas dianteiras e pegou tudo o que queria ali, seu celular, carteira com documentos e um pequeno retrato de sua esposa, em seguida ambos retornaram ao carro.

— Ainda dormindo — comentou Patrick encarando It no banco traseiro.
— Melhor dormir do que ficar acordado nisso tudo.
— Adolescentes e seus dramas.
— Liga logo isso.

Patrick deu partida e acabou atropelando um dos infectados do pequeno grupo que perambulava indo em direção ao automóvel. Não gostava nada daquilo, ele sabia que por baixo daquele rosto deformado havia uma pessoa doente que precisava de ajuda, uma pessoa que certamente possuía família, filhos, toda uma vida que havia sido interrompida por uma doença infernal.
Patrick continuou seu trajeto e seus pensamentos estavam todos direcionados para sua mulher grávida, agora não iria demorar muito para chegar em sua casa. Precisaria apenas cruzar uma pequena cidade e isso seria bem rápido caso eles conseguissem seguir em linha reta, sem ter que desviar o caminho por causa dos infectados.
Logo avistaram a grande placa esverdeada que dizia: Sheridan.
Mal sabiam que em breve iriam cruzar o caminho de um velho conhecido.

Olhos CinzentosOnde histórias criam vida. Descubra agora