Esse É o Novo Mundo

241 40 17
                                    

Patrick levantou-se lentamente e começou a andar pelo corredor indo em direção ao banheiro, precisava ver todo o corpo que estava caído sobre o chão, não queria acreditar que aquela pessoa com os braços esticados para fora do banheiro fosse sua mulher.
Ao chegar mais perto, todo o cenário se revelou aos seus olhos e novamente ele caiu de joelhos. Mas dessa vez lagrimas escorreram por seus olhos enquanto ele encostava-se na parede. Ficou alguns segundos encarando aquele corpo sujo de sangue, não era o de Alexis.

Ele deu um sorriso com os olhos ainda cheios de água, agora tinha a total certeza de que sua esposa era teimosa demais para se deixar morrer diante daquilo tudo. O corpo a sua frente era de um homem gordo e careca, ele estava caido de bruços e em sua cabeça havia um grande buraco ensanguentado.

Patrick se levantou e começou a andar pelo corredor, indo em direção ao seu quarto. A porta estava fechada e ele tinha a esperança de encontrar sua esposa ali dentro. Mas para a sua decepção o quarto estava completamente vazio.
Sobre a cama havia uma folha de caderno e Patrick a pegou, nela continha um recado deixado por sua esposa:

"Aqui não é mais seguro, estou indo para a casa dos meus pais. Mas não se preocupe por que não estou sozinha. Espero você lá, te amo"

Patrick ficou aliviado, mas ao mesmo tempo frustado por não ter encontrado Alexis como planejava. Tirou aquela roupa surrada, vestiu uma calça jeans e uma blusa preta, tinha planos de tomar um banho mas o banheiro estava congestionado por uma criatura nojenta.

ALEXIS

Alexis chutou a cabeça do homem que segurava sua perna e voltou a correr pela escada. O infectado continuou no seu encalce, rosnando como um animal raivoso. Ela avistou a porta do banheiro aberta no fim do corredor e disparou em direção a ele, sua barriga a fazia ser duas vezes mais lenta que qualquer outra pessoa mas estava decidida a quebrar todos os limites da física para proteger seu bebê.

Alexis entrou rápido no banheiro, tentou fechar a porta mas não conseguiu, havia um pequeno tapete embolado na entrada no local e ele impediu a porta de se fechar completamente. Antes que Alexis pudesse esboçar qualquer reação o infectado empurrou a porta com brutalidade, atingindo com violência o rosto da mulher que cambaleou para trás.

O homem avançou ferozmente na direção de Alexis que em defesa tentou segura-lo. Ambos entraram em conflito corporal como se jogassem cabo de guerra. Alexis girou o corpo, ficando de costas para a porta, seu plano era soltar os braços daquela criatura grotesca e sair correndo dali. Mas acabou escorregando no tapete e caiu de costas no chão, com o infectado sobre si.

O homem tentou abocanhar seu ombro mas ela desviou, a criatura bateu com todos os dentes no piso do banheiro, alguns se quebraram.
Ele se recompôs e quando ia dar o golpe final sua cabeça foi atingida por um tiro. Aquela criatura corpulenta caiu sobre Alexis com todo o seu peso, a sufocando.

- Vem - alguém segurou a mão de Alexis e a puxou para fora do banheiro. Era Tom, seu pai.
- Pai, eu não sei o que deu nesse homem, ele veio para cima de mim e...
- Acalme-se, vamos sair logo daqui. Vou te levar para casa.
- Eu não posso ir, Patrick ainda não chegou.

- A sua mãe me fez vir aqui ver se você estava bem e quando eu chego encontro você sendo atacada. As ruas estão infestadas dessas pessoas loucas e eu não vou deixar minha filha aqui sozinha. Avise Patrick para encontrar você na minha casa.
- Mas...
- Ande logo, não adiante reclamar Alexis, você esta grávida e tem que ficar a salvo. Patrick vai entender.

Tom era o típico pai carrancudo, mas amoroso ao mesmo tempo. Estava usando uma blusa listrada e uma calça preta. Sua marca registrada era o grande bigode branco e sempre estava usando boné para esconder a cabeça careca.
A

lexis escreveu um recado para seu marido e o deixou encima da cama. Rezava para que ele voltasse logo e a encontrasse na casa de seus pais. Ainda estava assustada com o ultimo acontecimento bizarro, ficou intrigada com a maneira em que aquele homem sem lábios e de olhos brancos estava agindo.

Seguiu seu pai até o carro estacionado perto a casa e avistou algumas outras pessoas pela calçada. Estas começaram a correr em direção a eles.
- Entre rápido - seu pai pediu.
- Por que essas pessoas estão assim? - ela perguntou, adentrando no veículo e fechando a porta antes que uma daquelas coisas a atacasse.
- Eu não sei, parecem doentes, estão raivosos e atacam tudo que vêem pela frente. Eu e sua mãe vimos uma mulher arrancar o braço do próprio filho, foi perturbador.

Ele deu partida no carro e não iriam demorar muito para chegarem em deu destino já que a casa de Tom não ficava muito longe dali. Alexis estava assustada e com medo, o que justificava o fato dela ter ficado encolhida no banco, olhando pela janela sorrateiramente enquanto seguiam viagem.
Mas sua postura mudou quando ela se deparou com uma cena que nunca esqueceria, uma cena que a marcaria para sempre.

- Pare o carro! - ela gritou, assustando seu pai.

Olhos CinzentosOnde histórias criam vida. Descubra agora