Orfanato

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Ammy e Emily andavam pelo corredor indo em direção as escadas do refeitório, já que era ali que ficava a cozinha. Desceram os degraus e viraram a direita, avistando a enorme mesa onde se reuniam toda manha para fazer suas refeições diárias.
A direita da mesa havia um balcão que separava o refeitório da pequena cozinha.
— A comida é toda nossa — disse Emily aproximando-se do vão que havia entre o balcão e a parede. Ao passar por ele e adentrar na cozinha se deparou com Bill, que estava ajoelhado atrás do balcão mastigando uma perna.

Mais a frente avistaram o dono da perna, um dos meninos que residiam no orfanato, ele estava de bruços, se mexendo. Ao ver aquela cena Ammy deu um grito atraindo a atenção das duas aberrações presentes.
Bill virou a cabeça e deu um grunhido ao ver as meninas.

— Corra para trás da mesa — Pediu Emily dando passos para trás — e não grite.
O menino no fim da cozinha começou a se arrastar pelo chão, arregalando seus grandes olhos esbranquiçados. Não possuía a orelha direita e seus cabelos estavam escassos, expondo boa parte de seu coro cabeludo.
Ammy ficou atrás da mesa do refeitório, se alguém quisesse pega-la teria que rodear. O que daria tempo para a menina fazer o mesmo, criando um ciclo infinito de fuga.
— O que vamos fazer? — perguntou Ammy, apavorada, vendo aquela criatura se aproximar de sua amiga.
— Fique calma, eles são retardados — Respondeu Emily, subindo na mesa.

Bill ficou com a barriga encostada no mármore, de frente para Emily, tentando agarrar a garota mas a distância o impedia.
— E o outro?
— Está sem a perna, vai demorar para chegar até aqui — respondeu Emily, olhando para todas as direções, até se focar na pequena faca de cabo branco sobre a mesa a alguns metros de sua posição atual.
— Vamos fugir daqui, agora — sugeriu Ammy, encarando o rosto deformado de Bill.
— Não, me dê aquela faca ali, rápido — pediu, apontando para o objeto.
— Sandra disse que não podemos brincar com facas.
— Cale a boca Ammy e pega logo.

A menina obedeceu e empurrou a faca para Emily, que sem pensar duas vezes cravou o objeto no olho esquerdo de Bill, o fazendo cair como uma pedra.

— Você matou ele?
— Não sei — respondeu, descendo com cuidado da mesa perto ao homem. Ela deu alguns chutes em sua barriga, mas nada. Então retirou a faca de dentro do olho do sujeito.
— Que nojo — disse Ammy, se aproximando e vendo que aquela coisa não possuía lábios.
— Agora vou matar o outro e depois bolar uma maneira de fazer isso com a Sandra também.
— Onde ela está?
— No armazém.
— Como prendeu ela lá?
— É uma longa historia, agora temos companhia — falou, vendo que o menino estava passando pelo vão do balcão. Ele olhou para ambas e pressionou os dentes, rosnando como um animal.

Emily andou até o menino, que em resposta ergueu uma das mãos tentando agarra-la. Ela chutou a mão do garoto e enfiou toda a lamina da faca em sua cabeça, sem se quer hesitar.

— Você não tem medo? — perguntou Ammy, após presenciar a frieza da amiga diante daquela criatura.
— Tenho, essas coisas me deixam apavorada.
— Não pareceu. Você matou os dois.
— Era eles ou a gente. Essas pessoas estão comendo tudo o que vêem pela frente. Queria saber o que esta acontecendo com elas, até ontem tudo estava normal.
— Vamos sair e pedir ajuda.
— A entrada do orfanato esta cheia de crianças iguais a esse menino ai — ela apontou para o cadáver.
— Vamos pelos fundos.
— Eu pensei nisso, mas não sabemos se tem mais dessas coisas pelas ruas. Depois de comer alguma coisa a gente sobe para o segundo andar e vê por uma das janelas, se estiver normal então pedimos ajuda a alguém.
— Vamos chamar a polícia, podemos fazer isso agora, usando o telefone que fica na sala da diretora.
— Ammy, qual parte do "eu estou com fome" você não entendeu? Primeiro vamos comer, depois nos preocupamos com tudo isso.

Olhos CinzentosOnde histórias criam vida. Descubra agora