Capítulo 5

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Henry

Não sei o que senti, foi uma sensação de posse como se alguém estivesse pegando uma coisa minha, mas ele não é meu, apenas tem de fazer o que eu mandar.  A raiva me consumiu quando ele apertou o traseiro farto do pobretão, eu queria fazer isso. Mas, além disso, eu queria... Sei lá o que eu queria, só não gostei e quando não gosto de algo, faço de tudo para não ver, não ouvir, se quer acontecer.
A bebida deve está fazendo efeito mais rápido que o esperado, apenas bebi sete copos de vodca com uísque. Andei em direção a escada tentando achar o banheiro. Entrei em algum quarto que eu achava ser o meu e corri para a suíte vomitando no vaso sanitário. A bebedeira me afetava, mas como muitas coisas, eu ignorava, queria esquecer a porra do meu nome. Não sei no que estava pensando quando comecei a beber vários copos seguidos, como uma respiração depois da outra, mas tenho quase certeza de uma coisa. O nome daquele homem estava na minha cabeça.

- Merda. - Vomitei mais.

- Henry? - A voz do pobretão.

Ouvi seus passos até o banheiro, ele está com a mão na boca. Me levantei lentamente e lavei minha boca na pia saindo logo do banheiro esbarrando nele de propósito. Ele segurou meu braço, o calor da sua mão me faz arrepiar. Ele não percebe, está me olhando diretamente nos olhos um belo contato físico sua boca vermelha entreaberta me faz ter pensamentos impróprios. Foi Tony quem fez isso ou ele andou beijando outras bocas?

- Está tudo bem?

- Está. - Susurrei.

- Eu achei seu desenho. E a fotografia, são lindos. - Ele sorri. - Você era uma criança adorável. Você nem deve lembrar...

Ele está um pouco bêbado também, notei pelo jeito que ele fala. 

- O quê? - Perguntei.

- O desenho. - Ele tirou uma folha do bolso de trás e me entregou.

Ele soltou minha mão para que eu pudesse abrir a folha, senti falta do seu calor e ficar sem isso agora me deixa um pouco desconfortável. Abri a folha, eu lembro desse desenho mas... não foi eu quem o fez.

- Eu não fiz isso. - Eu já estava prestes a chorar e amassada a folha. - Foi o meu irmão.

- Seu irmão? Desde quando você tem um irmão? Onde ele está?

- Não interessa. Saí daqui nenhum de nós dois deveríamos estar aqui.

- Porque?

- Cala a boca, só não... Pelo amor, vamos... Sair.

O pobretão ficou parado alguns segundo e quando eu ia me retirar ele me abraçou fortemente. Percebi isso enquanto o abraço, ele é um pouco baixinho e meu nariz encosta em seus cabelos castanhos que cheiram a algo bom. Não sei o que falei demais, será que revelei algo e simplesmente não notei? Ele ouviu... O que eu disse?

Tão bom.

- Eu sinto muito, não devia ter falado nada... eu apenas...

Saí do quarto, a folha ainda está na minha mão andei para o meu quarto e quando entrei tranquei a porta deixando aquelas lágrimas que prendia antes saírem em abundância. Eu simplesmente saí quebrando as coisas do meu quarto sem ligar para nada, as pessoas lá embaixo estão com o som alto e drogadas o suficiente para não notarem na barulheira de vidro quebrando. Mesmo se estivessem sóbrias, não escutariam.

O porta retrato da parede caiu e quebrou, na foto: eu, meu pai e mãe todos sorrindo estávamos comemorando o meu aniversário de cinco anos, o sorriso da minha mãe é tão falso, está sorrindo apenas por sorrir, na verdade, ela está triste, muito triste. Meu pai parece não perceber no momento e muito menos eu, uma criança que foi praticamente criado pelo pai também não notei isso. Me pergunto agora o porquê de ter guardado essa foto aqui.
Limpei as lágrimas e peguei a foto a rasgando em vários pedaços e depois jogando na lixeira que fica no banheiro. Deitei na cama. Minha vontade de beber aumentou, quero beber muito para esquecer tais coisas de minutos atrás.

Vou fazer isso. Desci as escadas e fui a mesa onde tem bebidas e misturei todas que podia em um copo só, tomei, o líquido saiu rasgando minha garganta. Minha cabeça gira e meus sentidos não são mais os mesmos tudo que eu quero agora e beber e beber mais até esquecer de que estou na minha própria casa. 

- Henry vai com calma aí amigo. - Alguém fala, tenho quase certeza que meu nome é Henry.

- O que está bebendo? - Pergunto alto por causa da música.

- Refrigerante amigo.

- Você já foi em uma festa antes?-Zombo - Saí do meio - O empurrei querendo achar mais bebida.

A música parou e ouve vários gritos e xingamentos em protesto.

- Calem a boca bando de idiotas! - Eu conheço essa voz - Acabou a farra de vocês, peguem suas coisas e saiam daqui.

- E se a gente não quiser! - Alguém gritou.

- Eu os obrigarei.

- Obedeçam ele, saíam!-Gritei.

A vários protestos eles saíram. Eu ainda procuro mais bebida, porque eu ainda lembro meu nome, lembro o nome dos meus pais e ainda lembro o nome do meu irmão.

- Ei rapazinho já chega! - Alguém segurou meu braço.

- Me deixa.-Resmunguei.- Eu quero beber.

- Tem uma bebida para você na cozinha, ela se chama chá.

- Vai a merda.

- Henry estou falando sério agora, vamos subir amanhã você acordará com uma bela de uma ressaca vamos tentar amenizá-la, certo?-Ele chegou mais perto.

Porque eu quero tanto tocá-lo? Não foi só aquele abraço que demos há minutos, ou horas? Ele já me tocou antes? Ou só estou com a imensa vontade, imaginando, querendo como quis aquele carro ou... qualquer outra coisa, mas não, isso é mais?

Coloquei meu braço em seu pescoço para me apoiar quando for subir as escadas, sua mão veio para minha cintura e novamente senti aquele calor involuntário, eu queria tanto que ele me abraçasse como antes... estou bêbado e não sei o que penso, e se fizermos algo hoje, eu lembrarei amanhã?

Senti uma coisa macia nas minhas costas, minha cama.

Quando subimos as escadas?

- Vou colocar um comprimido aqui, caso você acorde com dor de cabeça amanhã o que é bem provável.

- Porque está me ajudando?-Perguntei

- Eu também perdi alguém e sei a dor que é.

- Não preciso da sua pena.-Deitei na cama e fechei os olhos caindo instantaneamente no sono.

Presente de Casamento (Romance Gay)- MPregOnde histórias criam vida. Descubra agora