Capítulo 7

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Otávio

Peguei aquelas duas caixas de roupas e objetos pessoais que comprei. Está chovendo e o papelão está quase se desmanchando em minhas mãos. Não sei para aonde vou, meu celular está descarregado então não tenho como ligar para minha mãe e dizer o que aconteceu. Pensando bem, mesmo que estivesse com a bateriam em cem por cento, não ligaria para ela.

Para onde diabos eu vou?

Sentei-me em um banco de uma praça qualquer, as lágrimas já inundaram meu rosto, não há ninguém rondando por aqui não sei que horas são e também nem importa mais, estou sem lugar para ir e sem lugar para ficar como vou viver agora? Terei que voltar para o vilarejo onde nasci? Merda.

Tom Henry Lamarte

Esse nome apareceu na minha cabeça como uma lâmpada, peguei as caixas ainda mais molhadas assim como eu, a chuva não deu trégua. Andei rapidamente como pude até a casa onde eu trabalho. Toquei a campainha, mas não obtive resposta, as pessoas que passavam por ali, protegidas da chuva, me olhavam com olhos risonhos. Gabi já deve ter ido para sua casa, fui para a porta de trás, a mesma está aberta então entrei lentamente e uma confusão de gritos inundou meus ouvidos.

Deixei as caixas no chão e tirei os sapatos correndo para a sala. Tom Henry, seu filho totalmente bêbado e furiosos, e sua mulher chorosa com a maquiagem borrada pelas lágrimas. Os cabelos loiros do primogênito está desarrumado e seu rosto está vermelho de tanto gritar igualmente a seu pai, com os cabelos pretos e grisalhos alinhados e o rosto vermelho pela raiva. Os três pareciam que iam explodir, ou correr, ou se matar.

- Você não faz nada direito, será que uma vez na vida pode fazer algo certo? - Seu pai grita com ele.

- Não faço nada certo porque vocês não me dão espaço! Ficam no meu pé a todo momento isso é chato para caralho!

- Filho nos apenas queremos seu bem. - Lauren fala chorosa.

- Cala a boca! - O filho grita - Você me esqueceu quando meu irmão morreu! Ele seria perfeito não é? Era para eu ter morrido e o filhinho perfeito estaria aqui.

- Nós nunca falamos isso Henry, Nós te amamos só queremos que melhore suas atitudes. -  Sua mãe continua a falar dócil.

- Vão se foder. - Ele fala. Foi apenas um sussurro de raiva e de tristeza, Henry estava olhando para baixo com os ombros curvados e mesmo assim nem mesmo conseguia manter-se parado. Estava bêbado mesmo.

Foi aí que o estalo foi ouvido. Tom Larmarte bateu na cara do seu filho. Lauren colocou a mão na boca em sinal de perplexidade, Henry continua com o rosto virado e com cinco dedos marcados na bochecha, a marca era branca em comparação com a vermelhidão que era o rosto dele. Tom e sua mulher me notaram e pareceram envergonhados por eu os  ter pegados nessa situação familiar. Henry levanta o rosto, eu não sei como, mas previ seus movimentos então corri e segurei sua cintura para que ele não avançasse mais e fizesse alguma besteira. Ele estava de costas para mim, foi apenas um instinto.

- Você é um filho da mãe! Eu te odeio! - Ele gritava.

Quando o filho parece se acalmar eu o solto. Ele saiu correndo de casa pegando sua chave do carro, olhei para o casal na minha frente a mulher ainda chorosa tenta impedir que suas lágrimas caiam e o homem, com a expressão arrependida e a respiração pesada abraça sua esposa falando palavras confortantes.

- Descupa eu não devia ter entrado assim... - Agora eu me sentia envergonhado.

- Pode falar Otávio.-Lauren está sem lágrimas, mas suas bochechas continuam vermelhas.

- Eu... Eu fui... fui despejado de onde morava e não tenho lugar. - Falei tudo de olhos fechados e mesmo assim sinto minhas bochechas esquentarem.

Um calor envolveu meu corpo, senti o cheiro de perfume de flores, Lauren está me abraçando fortemente.

- O querido não fique assim, nós entendemos sua situação e bem, pode ficar com o quarto onde já dorme não há problema nenhum.

- Obrigado mesmo eu nem sei como agradecer, estão fazendo demais por mim. - A abracei também e por um momento lembrei da minha mãe.

- Onde estão suas coisas? - Tom se pronunciou.

- Estão na cozinha eu... vou pegá-las. - Sorri e fui em direção a cozinha.

- Irei subir. - Ouvi Lauren dizer quando estava voltando.

Voltei para a sala, Tom está pensativo então apenas o cumprimentei formalmente e subi as escadas indo para o meu quarto. Ainda é estranho falar assim.

(...)

As roupas estavam todas molhadas então as coloquei na secadora, encosto perto da pia meus pensamentos vão diretamente para Henry o que será que ele está fazendo nesse momento? Eu queria tanto poder ajudá-lo.
Subi as escadas com algumas das minhas roupas na cesta a porta do quarto no qual achei o desenho está aberta Lauren está lá dentro chorando abraçando aquela almofada e olhando o porta retrato.

Bati levemente na porta e ela me olhou sorrindo triste bateu levemente no chão de madeira ao seu lado e assim fiz, sentei ao seu lado.

- O nome dele era Tomaz.-Ela começou, de repente- Ele foi meu primeiro filho, eu não era jovem nem nada tinha plena consciência do que queria, eu e o Tom. Mas quando ele fez dois anos ele sofreu um acidente, estávamos no jardim, eu estava muito cansada, Gabriela ainda não estava trabalhando aqui, na verdade, não tínhamos ninguém trabalhando para nós aqui. Eu cuidava de tudo e gostava e naquela semana havia passado a noite em claro cuidando do Tom que estava adoecido então meu filho pediu para que fôssemos para a piscina do jardim e assim fizemos, mas quando eu me deitei na espreguiçadeira eu adormeci instantaneamente. Quando acordei horas depois, lá estava ele na piscina boiando morto. Eu gritei tanto que Tom ainda frágil e gripado desceu as escadas nos encontrando na grama. Eu me culpei por anos. É por isso que o Henry tem raiva de mim, eu o esqueci quando tinha três ou quarto anos, não sei ao certo, mas ele tinha que entender que eu estava em uma depressão profunda-Ela limpou as lágrimas- A culpa foi totalmente minha, por tudo. Eu não sou e nunca vou ser uma boa mãe.

- Não é verdade.- Comecei falando-, foi um acidente isso pode acontecer com qualquer um. O Henry só ficou mimado e se sentiu excluído entre você e o senhor Tom.

- Eu não sei mais o que fazer para ele me desculpar estou tentando de todas as formas possíveis, Otávio, mas parece que nada adianta, o que eu faço?- Ela me olha.

- Eu não sei.-Falei.

Presente de Casamento (Romance Gay)- MPregOnde histórias criam vida. Descubra agora