Capítulo 26

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Otávio

O clima dentro daquele quarto está pesado... a única coisa audível é o aparelho que mostra meus batimentos e faz aquele irritante som de pib. Ninguém ousa falar nada e isso me deixa nervoso. Os pais de Henry estão tão constrangidos e acho até que estou pensando em sair do quarto para deixar que eu, meu pai e minha mãe resolvêssemos essa questão familiar.

- Mãe...-Comecei com a voz vacilante- Como sabia que eu estava no hospital?

- Eu... liguei para o seu celular e uma mulher atendeu e disse que estava aqui.

Possivelmente essa mulher é Gabi e, meu celular deve está no quarto da casa.

- Otávio nós iremos sair para que você e seus pais conversem.-Tom fala- Vamos Henry.-Ele estende a mão para seu filho.

- Não. Eu vou ficar, sou o marido dele.-Ele aponta para mim.

A boca da minha mãe se abriu em um perfeito "o" de surpresa... não era esse o jeito que eu queira falar para ela, mas ainda falta ela saber que será avó.

- Marido? Como assim Otávio?

- Mãe eu irei explicar tudo, mas apenas com você dentro do quarto. - Olhei para todos que concordaram em sair.

Ela se sentou em uma poltrona ao lado da cama, ajeitei minha postura para começar a falar.

- Mãe, quando eu fui naquele jantar eu não iria só contar que sou gay mas também que me casei e não foi um casamento normal-Sorri forçado- Eu me casei por contrato com o Henry e eu apenas aceitei para conseguir um dinheiro para pagar seus remédios. Eu odiava mentir para você mãe, eu perdi minha casa e fui morar com aquele casal que estava aqui eles quem me ofereceram emprego. Recentemente descobri que quem mora na minha casa antiga agora é meu pai, meu padrasto e meu meio-irmão que tem um lindo filho. E agora eu também vou ter um filho...-Sorri e coloquei a mão na barriga.



- Eu não sei o que falar Otávio...-Minha mãe começa- Quando você saiu da minha casa eu fiquei tão arrependida, só que não consegui ligar para você ainda naquela noite eu tive vergonha de mim e das minhas atitudes. O Jorge me ajudou a me acalmar, pensar mais em tudo... você deve saber o porquê do meu surto não?-Ela ri minimamente- Quando você me contou que é gay um filme passou na minha cabeça de seu pai falando que estava com um homem e tudo mais. A única coisa que eu quero mesmo filho é que me desculpe pela aquela noite.

- Eu te desculpo mãe.-Sorri.

Ela me abraçou fortemente e sentir de novo seu cheiro de mãe é tão confortante que me faz esquecer dos hematomas do meu corpo.

- Então que dizer que eu vou ser avó?-Ela pergunta alegre tocando minha barriga.

- Sim.- Sorri.- Mãe eu quero conversar com o papai, nós dois.-Pedi.

- Vamos.- Ela fala decidida.

Minha mãe vai até à porta do quarto e fala alguma coisa fazendo com que minutos depois meu pai entra no quarto meio constrangido.

- Vamos conversar. - Minha mãe fala.

- Tudo bem. - Meu pai suspira coçando a cabeça.

- Mãe a senhora pode começar? - Perguntei.

Ela acena com a cabeça: - Quando eu estava grávida de você eu e seu pai ficamos muito felizes, então dias depois ele começou a ficar estranho e distante comigo, estranhei, então ele joga a notícia para mim que irá me deixar para ficar com um homem. Minha cabeça explodiu naquele dia eu fiquei tão brava que o mandei embora da casa, cortei todos os laços dele e você e isso foi egoísta da minha parte eu reconheço isso. - Ela respira fundo - Com muita dificuldade eu consegui criar você com educação e me fechei para os relacionamentos até o Jorge chegar.

- Pai. - Pedi.

- Quando eu conheci o Colew foi uma coisa nova para mim, senti todos os nervos do meu corpo se aflorarem quando ele chegava perto, eu achava que estava confuso então aconteceram algumas coisas-Ele tosse falsamente constrangido- Falei para sua mãe e ela disse que não queria que eu chegasse perto de você então eu saí como ela pediu, fui morar com o Colew  em outra cidade e então perdemos contato. Eu senti tanta sua falta que adotei um filho também o Fernando. Me senti culpado cada dia que passava e eu não tinha notícias suas mesmo depois de anos eu não lhe procurei desculpa Otávio.

- Eu apenas quero que meu filho cresça com os meus pais unidos de certo modo entendem? Pai eu sei que se sentou confuso em relação a seus sentimentos e mãe tudo bem ter me privado do meu pai, estava magoada e seu instinto de mãe aguçou na proteção... tudo bem gente eu só quero que parássemos de parecer distante, estamos todos dentro desse quarto e parecêssemos estranhos.-Desabafei.

- Iremos fazer isso filho, por você e pelo nosso neto.-Meu pai fala.

- Sim, iremos.- Dona Olivia concorda.

- Quero que conheça meus sogros e meu marido adequadamente. Pode chama-los mamãe?

Ela concorda chamando todos para entrar na sala novamente, Fernando não está aqui certamente já deve ter ido embora cuidar do seu filho. Lauren e Tom estão meio encabulados, mas Henry parece apenas me ver na sala.

- Mãe, pai, quero que conheçam meus sogros- Ainda é estranho falar isso- Tom e Lauren Lamarte.

Eles se cumprimentaram formalmente ainda constrangidos.

- Esse aqui é meu marido Henry Lamarte.-Apontei para o mesmo.

- É um prazer.-Ele fala estendendo a mão para meus pais que apertam.

- Devíamos fazer um jantar em família vocês não acham?- Lauren dá a ideia.

Todos concordam menos Henry que apesar de não falar nada revira os olhos e faz cara de tédio. Minha barriga roncou e o desejo da vez foi bem esquisito. Não sei se os desejos aconteciam de modo aleatório, pelo olfato, ou sei lá. Mas eu estava sentindo vontade de algo bem marcante.

- Quero comer atum com ervilhas.-Pedi.

- Que nojo.-Todos falam.

Henry segura na minha mão e quando levanto meu olhar para seu rosto, percebo como sua boca está formada em um sorriso.

- Não me julguem eu estou grávido, obedeçam meus desejos. - Brinquei e todos riram.

Era uma coisa mais fácil quando o diálogo resolvia muitas coisas e às vezes, tudo.

Presente de Casamento (Romance Gay)- MPregOnde histórias criam vida. Descubra agora