Capítulo 14: A melodia da alma

256 57 554
                                    


Tem coisa pior do que arrumar a casa? Principalmente quando ela possuí dois andares e três quartos. Comecei a limpeza pela cozinha, demorei duas horas, se não me engano. Depois, arrumei a sala com cuidado para não quebrar a coleção de globos de neve do meu pai que estava na estante. Ele realmente ama essas coisas. Isso me lembra como sinto falta da neve. O verão começou há poucas semanas, acho que terei um bom tempo de espera.

A sala estava brilhante depois da minha limpeza, deu muito trabalho. Resolvi descansar um pouco, sentando no braço do sofá. O celular em meu bolso toca, vejo quem está me ligando. Era a Miku. Suspiro pesadamente pensando se realmente devo atender. Escolhi me afastar dela mas acho que não posso, ela é a minha melhor amiga. Com esses pensamentos atendo a ligação.

— Alô. — digo secamente.

— Sakura! Pensei que não atenderia mas estou feliz que atendeu! — Miku diz animada. — Quero tanto conversar com você, sinto falta de como éramos antigamente. Podemos nos encontrar hoje à noite? Pode ser na sua casa.

Reflito se realmente era uma boa escolha manter a amizade com a Miku. Estou me envolvendo em coisas erradas, eu planejo matar pessoas! E se algo acontecer com ela? Eu não me perdoaria. Porém, pensando bem, ninguém sabe que sou eu a culpada pela morte de Dylan Hall, então tudo bem. Respiro fundo respondendo à pergunta da garota.

— Sim, nos vemos às sete então.

Desligo o celular.

Depois, continuei a limpar a casa. Não foi tão trabalhoso arrumar o meu quarto, sempre o deixava o mais limpo possível. Agora só faltava os banheiros e o quarto do meu pai. Fui logo para o quarto dele, era o mais perto. Um quarto enorme, cama de casal, móveis de madeira e um retrato dele e da minha mãe na cômoda ao lado da cama. Resolvi me aproximar em passos lentos, peguei o retrato deles e a ponta dos meus dedos correram pela imagem da bela mulher de cabelos compridos. Dizem que sou parecida com ela, devo ser pois nosso olhar e cabelo são iguais.

Batidas lentas na porta me fazem sair dos meus pensamentos. Rapidamente desço as escadas e abro a porta. Lá estava o indiano, me encarando com as mãos dentro do moletom cinza. Eu o olhava confusa, não entendia o motivo dele estar aqui às nove da manhã, no final de semana. Ele ficava me encarando, deve ser por causa da minha roupa. Estou usando uma calça legging preta, uma blusa curta da mesma cor e um par de tênis preto. Meu cabelo estava preso em um simples rabo de cavalo, algumas mechas soltas perto do rosto.

Kiran parece que estava correndo, o seu moletom combinava com a calça. O cabelo estava um pouco molhado. É, estava correndo. Ele fica me encarando, esperando alguma palavra minha mas eu estava paralisada, olhando fixamente para seus olhos. O que eles têm de tão especial assim?

— Bom dia, Sakura. — ele diz inclinando o corpo, fazendo uma breve reverência.

— Bom... Dia. — falo tentando parecer o mais fria possível. — O que faz aqui?

— Vim te mostrar as informações que eu consegui sobre... — ele sussurra o mais baixo que pode. — "Aquilo..."

— Ah, sim, "aquilo".

Entendi que ele se referia ao próximo desgraçado que eu iria matar. Dei alguns passos para o lado, permitindo que entrasse na casa.

— Dia de faxina?

— Sim.

— Quer ajuda?

— Não, obrigada.

Sigo até a cozinha e Kiran acompanha em silêncio.

— O que descobriu?

— Nome, endereço, família. Essas coisas. — fala tirando um pequeno envelope do bolso do moletom. — Estou pensando em uma forma de causar uma morte natural, porém não é tão fácil assim. O nosso próximo alvo já está fora do Japão.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora