Capítulo 32: Admiração

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Minha cabeça não parava de latejar, parecia que um mini terremoto assolava o meu cérebro. Abri lentamente os olhos, a visão turva e demorei um pouco para reconhecer as três figuras na minha frente. Eles usavam terno e óculos escuros, escondendo seus olhares maldosos sobre mim. Tinham o mesmo porte físico, mesmas expressões e até o mesmo estilo de corte de cabelo.

Eu me via presa àquele momento novamente.

O meu corpo estava imobilizado por uma forte corda amarrada ao redor dele. Remexi de um lado para outro, tentando sair dali mas meus movimentos não tinham efeito algum. Protestei para eles sobre a dor de ter o corpo apertado mas as palavras não saíam, só então percebi que amarraram um pano na minha boca. Meus olhos percorreram o local, analisando um pequeno depósito, a higiene era precária.

É tão parecido com aquele dia, penso abaixando a cabeça enquanto meu longo cabelo cobria a expressão vazia.

— Você dormiu demais. — um homem comenta, segurando o meu queixo e me forçando a olhar o seu rosto miserável.

Minha expressão era de poucos amigos, o que o fez recuar um pouco. Precisava encontrar um jeito de sair dali o mais rápido possível, senão a história iria se repetir. Eu não fazia ideia de onde estava mas, com a ajuda do celular, talvez encontrasse uma localidade. Remexi um pouco o corpo e percebi que ele não estava em meu bolso.

— Procura por isso? — ele erguia a mão, segurando meu celular.

Arregalo os olhos surpresa e soltou alguns sons de protestos, abafados pelo pano branco. Eu não iria viver aquele trauma novamente, não suportaria tal dor. Neguei com a cabeça, afastando os pensamentos negativos e tentei pensar em um plano.

O Kiran não estava lá e a sua chance de saber onde eu estava era mínima. Não tinha nenhuma arma e minhas técnicas de jiu jitsu não seriam úteis no momento, eu mal podia me mover. A mão de um deles segurou uma mecha do meu cabelo, aproximando o rosto e eu pude sentir sua respiração quente próxima ao meu rosto. Continuei a protestar mesmo que minhas palavras não fossem entendidas. Então, o homem puxou o pano da minha boca e eu consegui cuspir no rosto dele, fazendo-o recuar e xingar algo em chinês.

— Quem são vocês?

— Ora, ora. Pensei que iria gritar mas você é corajosa. — diz com desdém. — Quem somos não importa.

— Claro que importa. Digamos que eu tenha um certo problema com homens de terno, então quero ter certeza de certas coisas. — digo friamente. — Serei abusada, certo?

— Adoraríamos mas acabamos de receber uma ligação do nosso superior. Não sabíamos que você trabalha para aquela maldita empresa.

— Empresa? Que empresa? — questiono confusa.

— Não se faça de desentendida, sua maldita! — um dos homens grita, dando um tapa em meu rosto.

Solto um grunhido de dor, voltando meu olhar sobre as três figuras em minha frente. Chega de depender do Kiran, então balancei meu corpo na cadeira e acabei caindo para trás com as pernas erguidas no ar. Ouvi alguns comentários maldosos – a maioria em chinês – sobre meu corpo exposto mas ignorei, esperando que os alvos se aproximassem. Senti um deles passar a mão por minha perna, subindo pela coxa enquanto eu fitava o teto suando frio. Era tão nojento ser tocada desse forma até que dei um chute entre as pernas dele, ouvindo suas reclamações.

O outro homem me puxa pelas pernas e volto a ficar na posição inicial: sentada com a cadeira em pé. Então, abaixo a cabeça em direção ao quadril dele dando uma mordida no cabo da faca que o mesmo carregava em sua cintura. Inclino a cabeça para o lado, fazendo a ponta da faca apontar para a costela do oponente e o golpeio com toda a força que minha mandíbula poderia ter. Depois, ao vê-lo de joelhos com a mão sobre o corte, ergo a perna e dou um chute de cima para baixo em seu pescoço. Assim, consigo fazê-lo desmaiar sem muito esforço.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora