Capítulo 70: A noite perfeita

82 8 188
                                    

A palavra "encontro" ressoava em minha mente enquanto eu me arrumava, tentando controlar esse nervosismo interno e inexplicável. Eu e o Kiran já havíamos saído juntos, mas tinha algo especial desta vez. A nossa conexão tornou-se mais forte do que esperávamos e, atualmente, estamos mais unidos.

Às vezes, ele me ligava para contar como estava ansioso para receber a carta de admissão ou falava sobre a sua família, incluindo o estado do Dinesh. Apesar de tudo que o irmão do Kiran fez, eu aprendi a perdoar e não carrego nenhum rancor sobre o acontecimento. Eu passei muito tempo olhando para baixo, perdida em meu próprio abismo que ignorei o caminho à minha frente; um caminho onde poderia encontrar a felicidade. Por sorte, nunca é tarde para perdoar e ser perdoado.

O meu pai apareceu algumas vezes com certo olhar de reprovação. Ainda é um processo lento a sua aceitação do Kiran em minha vida, devido à descoberta relacionada ao Dinesh, mas ele tem sido compreensível. Eu entendo e respeito a sua preocupação, como também sei que o indiano o conquistará novamente. Afinal, ele tem esse tom.

— Você está linda, filha. — ele dizia apoiado na parede. — Tem certeza que é seguro ir?

— Obrigada e tenho sim, o Kiran é de confiança.

— Se você diz...

Após o meu pai sair do quarto, sem antes dar um beijo em minha testa, corro até o espelho para analisar cuidadosamente a roupa. Eu usava uma camisa branca de manga comprida e uma curta saia preta, mas ambas as peças estavam ocultas por um sobretudo rosa claro que tocava um palmo acima dos meus joelhos. Mesmo sendo uma roupa simples, o sobretudo possuía três pares de botões marrons bem alinhados e um laço grande cinza na região do busto. Por causa do frio excessivo daquele dia, optei por uma meia calça preta de tecido fino e um par de botas pretas de cano longo.

O meu cabelo estava solto, os cachos devidamente separados e modelados. Eu tentei usar uma maquiagem mais chamativa, mas o máximo que consegui foi um delineado no olho e um batom neutro nos lábios.

Enquanto terminava passando o perfume, ouço vozes vindo de baixo e saio de fininho pegando a minha bolsa rosa, colocando-a no ombro. O Kiran e meu pai conversavam naturalmente, causando-me uma grande surpresa. Como o esperado, esse bobo consegue conquistar qualquer um!

O indiano usava uma calça jeans escura, combinando com as botas pretas. Ele vestia uma camisa cinza com manga comprida, feita de algodão. No final das contas, qualquer roupa que use valorizará os músculos do seu corpo, porque até mesmo com algo mais folgado a sua fisionomia destaca-se com facilidade. Não importa quantas vezes veja o seu cabelo, continuo me surpreendendo com a leveza e maciez dos fios. Ele é liso na raiz mas cai de forma natural sobre seus ombros, tornando-se sutilmente ondulados nas pontas. Como de costume, o colar de elefante em seu peito e a fragrância agradável de colônia masculina.

— Kiran?

Quando ele vira o rosto em minha direção, pego-me sem reação ao ver seus olhos cor de mel encontrarem-se com os meus.

— Sakura! — exclama com um sorriso bobo, corando logo em seguida. — V-Você está bonita.

— Voltem cedo. — meu pai resmunga indo em direção à sala. — E cuide bem dela, Kiran!

— Eu cuidarei, senhor Mitsuru.

Ele colocava o longo sobretudo preto que quase tocava seus joelhos, enrolando o cachecol cinza ao redor do pescoço. Então, abria a porta para que eu passasse sem tirar o sorriso tímido dos lábios.

— Obrigada. — digo saindo de casa e olhando para a rua, vendo-a vazia. — Pensei que viria de carro.

— Você sabe como eu gosto de caminhadas.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora