Capítulo 65: Revivendo lembranças dolorosas

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A minha mãe mexia calmamente a massa dos cookies enquanto eu, uma garotinha de oito anos, observava tudo fazendo anotações futuras. Ela serviriam para aprender a preparar os biscoitos, assim a Takara sentiria orgulho de mim. Após colocar a massa na fôrma, seus olhos escuros pairam sobre mim e logo um sorriso gentil surgia.

— Está tarde para você estar acordada.

— E por que a mamãe não foi dormir ainda?

— Eu estou preparando os biscoitos para você levá-los para a escola, amanhã.

Sorrio sem jeito, murmurando um agradecimento até ser "empurrada" para o meu quarto. Takara nunca gostou de me ver dormir tarde, por isso sempre me acompanhava até a cama onde contava alguma história.

— Tenho uma dúvida, mãe.

— Qual?

— Por que a Amaterasu se apaixonou pelo Rei Demônio? Eles são tão diferentes. — pergunto ajeitando-me na cama.

Ela senta ao meu lado, alisando meu longo cabelo preto.

— Porque um quebra cabeça não é completo por peças iguais.

— Como assim?

— Eles possuíam energias diferentes mas, ainda assim, uma sintonia igual. Sem um, o outro não seria o mesmo.

— Então, o amor é encontrar pessoas diferentes?

— Não, o amor é encontrar pessoas que te completem. É uma busca pela sua alma gêmea.

— Alma gêmea? E o que seria isso?

— Eu diria que é o seu melhor amigo, alguém que vê todos seus defeitos e te aceita mesmo assim. Quando você chora, ele permite que seus braços sejam o seu porto seguro. E mesmo que estejam afastados, o sentimento continua. É algo capaz de ultrapassar gerações.

— Woah! Eu quero encontrar a minha alma gêmea logo!

Ela ri abraçando-me fortemente.

— Você encontrará, um dia, então seja paciente. E quando a encontrar, ela irá ser o feixe de luz em sua vida.

A última frase da minha mãe formava um eco em uma mente, um looping infinito de suas sábias palavras. Eu amaria continuar lembrando do seu sorriso ou sua voz, mas o barulho do ambiente despertou-me desse transe. Abrindo os olhos repentinamente, acordo assustada por estar em um galpão abandonado. O galpão onde destruíram a minha vida.

Quando tento me mover, percebo que meus braços estão presos em correntes aumentando o meu desespero. Instantaneamente, abaixo o olhar para o meu corpo e suspiro aliviada ao ver que estou com minhas roupas – exceto pela camisa azul do entregador, ficando com a jaqueta preta de couro.

— A bela adormecida não está tão adormecida assim.

Ergo o olhar para as orbes escuras de Thomas Adams e ele apenas sorri com frieza, ignorando a curta distância entre nós. Eu tento avançar contra ele mas as correntes me impedem, então ouço a sua risada.

— Achou que eu seria tão burro de deixar alguma brecha para escapar ou me atacar?

— Não custava nada tentar.

— Eu sou um homem preparado para tudo, Sakura. — dizia apontando para o meu celular, o tesar e a arma em cima de uma pilha de madeira. — Acho que não precisará mais deles.

— Por que me trouxe aqui?

— Por dois motivos simples. Primeiro, eu gostaria de reviver esse momento glorioso e, segundo, uso esse lugar para pensar.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora