Capítulo 23: O essencial é invisível aos olhos

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As penas iriam atacar o indiano a qualquer momento, aquela cena era horrível. Kiran não conseguiria se levantar mas parece que ele conseguiu força de algum lugar, pois moveu levemente as mãos e alguns grãos de areia começaram a fazer movimentos circulares ao redor do corpo do moreno. Eu entendi muito bem o recado, ele iria tentar um último ataque mas seria tudo em vão. Eu sei que seria. Balancei a negativamente a cabeça pedindo para que ele desistisse dessa ideia boba. Kiran apenas sorriu e ia murmurar algo sobre fugir até que ficou surpreso. Seu semblante ficou distante e pensativo, algo o incomodava e eu não fazia a menor ideia do que era.

- Kiran... – Sussurrei confusa.

- Sakura! – Ele me olhou como se tivesse descoberto a coisa mais importante de todas. – A pedra... Ela não é física.

- Hein?

Cordeau apenas soltou uma risada e lançou uma pena enorme e negra que cortou a sua costela. Kiran gemeu de dor e apoiou o local ferido, saía tanto sangue que eu pensei que à qualquer momento ele teria uma hemorragia. Sei muito bem que essa foi uma demonstração do corvo do quanto era forte, porém eu precisei ignorar. Tinha que fazer algo urgente.

Pensei no que o indiano quis dizer com aquilo. Se a pedra não era física, como eu saberia onde encontra-la? Em que forma ela estaria? A minha cabeça doía só de pensar nisso. Cordeau fez pouco caso da minha confusão mental, apesar de sentir um leve tom de preocupação em sua expressão. Ele estava incomodado com algo, eu pude sentir isso. Ele fechou os punhos e mais penas começaram a ir contra o indiano, ele usou o leve furacão para desviar duas ou três. Contudo, as outras fizeram longos cortes por todo o corpo do rapaz.

- E agora o grande final. – Diz Cordeau.

Eu ergui o olhar e vi uma enorme pena apontada para a testa de Kiran. Uma imensa angústia tomou conta de mim, meu corpo tremeu e eu senti que poderia chorar à qualquer momento. O indiano apenas respirou fundo, prendendo o ar em seus pulmões.

- NÃO! – Eu gritei desesperadamente apoiando ambas as mãos na cabeça enquanto caía de joelhos. Puxava o meu cabelo com tanta força mas a dor não incomodava, nada seria pior do que assistir ao que estava por vir.

Esse seria o fim e eu mal tinha ar para gritar mais do que isso.

Ar...

O ar ao meu redor é diferente, ele me deixa mais forte e não consigo me cansar com tanta facilidade. Finalmente entendi o que Kiran queria dizer, a pedra do ar está ao nosso redor.

Ela é o próprio ar dessa colina, por isso Cordeau não ficava muito cansado e nem machucado porque absorvia a energia vindo do vento. Essa sensação boa que eu senti quando atravessei o portal foi por causa da energia que fluía entre nós. A neblina está densa e escura porque a energia foi corrompida, eu posso usar o meu poder para purifica-la e assim terei a pedra do ar ao meu favor.

Olhei para os dois com uma determinação nunca vista antes. Respirei fundo e fechei os olhos por alguns segundos, libertando todo o poder que tinha dentro de mim. O meu corpo ficou quente e eu senti que a luz o envolvia como forma de proteção. A energia fluía sobre o meu corpo com graciosidade, bolinhas de luz flutuavam ao redor e algumas atravessavam as penas. Elas "dançavam" alegremente por todo o ambiente e logo brilhavam mais do que antes. Aquele ambiente macabro, aos poucos, começou a se moldar conforme a minha vontade e então a névoa escura lentamente ficou mais clara. Parecia uma imensa nuvem branca e macia rodeando todo o coliseu, uma imensa ventania atingiu o ambiente e as árvores, antes secas, agora estavam cheias de folhas. O clima estava puro e o ar fresco, comecei a sugar aquela nuvem branca para dentro do meu corpo. Ela ficou ao meu redor e logo percebi que a mesma sumia aos poucos, estava sendo convertida na energia que entrava em mim.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora