Capítulo 15: Uma breve conversa com Amaterasu

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Os números da prova de matemática pareciam infinitos, demorei mais do que o esperado para responder. Ao sair da sala, me dei de cara com a Miku. Ela veio até mim sorrindo.

— Olá, Sakura-chan!

— Oi...

— O que achou da prova? Eu achei horrível! — Miku resmunga começando a caminhar, como se quisesse que eu a seguisse. Acabei fazendo isso.

— Foi boa, porém extensa.

— Isso porque você é boa!

Subimos a escadaria do colégio, chegando no terraço. Estava muito quente por isso fiz uma careta, descontente com a ideia dela de vir para esse lugar. Miku pareceu não se importar tanto com o calor, apenas correu até a grade apoiando as suas mãos. Seu olhar era direcionado à cidade.

— Ah! Como eu adoro o verão. Praia, piscina, sorvete!

— Argh... O que quer com isso?

Senti calafrios ao ouvir o nome "praia", pois associei à areia.

— Vamos passar as férias na casa de veraneio dos meus pais! — Miku se aproxima, eu recuo. — Por favor!

— Não.

— Sakura, quero me aproximar de você. Somos amigas e sempre seremos. — Ela olha em meus olhos, não consigo recuar. Miku tem um olhar tão penetrante, lembrando-me alguém.

— Não quero. — suspiro mas logo ela segura as minhas mãos. Continua com um largo sorriso nos lábios.

— Por favor.

— Tá bem...

— Eba!

— Era só isso? Então, tchau.

Não vi o Kiran o dia todo, ele geralmente ia me procurar pelo colégio. É um alívio saber que ele ia me deixar em paz. Depois da prova de matemática, apenas tive aula de inglês. Yatori me encarava de canto, às vezes. Me senti um pouco nervosa de estar perto dele mas logo lembro da música de Kiran tocou. A melodia em minha mente faz com que meus pensamentos sejam somente sobre aquele momento.

Deito a minha cabeça sobre a mesa fechando os olhos, queria ouvi-lo tocar novamente. Uma lembrança de ontem me deixa meio "envergonhada", quando ele fala que sempre irá tocar para mim.

Não vou pedir para aquele desgraçado tocar! Não mesmo!

Resmungo mentalmente para mim mesma, ignorando a aula. Não quero pensar mais naquele momento. Como uma música consegue me deixar tão angustiada e ao mesmo tempo tão calma? Não compreendo!

O sinal toca, o barulho dos alunos andando de um lado para outro me irrita. Coloquei a mochila nos ombros, questionando-se se devo passar na sala de música. Uma parte de mim queria muito ir, então eu, teimosa como sou, obedeci essa parte. Cheguei na sala de música mais rápido do que imaginava, tentei abrir a porta mas ela estava trancada. Ninguém lá dentro. Suspirei baixo apoiando a mão na porta, fico olhando para os meus próprios pés. Sinto uma sombra atrás de mim, ergo a cabeça e me viro rapidamente.

Yatori me olhou intensamente nos olhos, dei alguns passos para frente mas parou. Sentiu que eu estava desconfortável com a sua presença. Ele coça a cabeça sorrindo sem jeito.

— Desculpe, por ontem no pátio. Na verdade, me desculpe por tudo. Eu queria muito conversar com você, preciso contar o que está guardado dentro de mim. — ele diz colocando a mão sobre o próprio peito.

Eu o encaro confusa e surpresa. Não esperava uma abordagem vindo dele. Por mais que eu o odeie, quero muito saber o que há em seu coração. Quero saber o porquê dele ter me abandonado naquele dia. Eu apeno aceno positivamente com a cabeça e nós vamos para o pátio. Ao chegar lá, Yatori senta em um banco e sou obrigada a sentar ao seu lado.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora