Capítulo 54: Tudo sobre nós

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O som do aparelho ao meu lado indicava a frequência cardíaca

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O som do aparelho ao meu lado indicava a frequência cardíaca. Enquanto estava desacordada, esse era o único som capaz de invadir minha mente, transformando meus sonhos em meras imagens do passado. Lembro-me perfeitamente do momento em que estendi a mão para a Sakura, abrindo um sorriso acolhedor para selar o início de uma união. Depois desse dia, nós nos tornamos amigas e uma protegia a outra.

Porém, estar envolvida com a vida pessoal da Sakura trouxe consequências inimagináveis. Quando descobri que alguns fundadores da empresa Yamir foram acusados do abuso da minha amiga, não tive dúvidas que o Kiran sabia de algo mas ocultava a verdade. Essa confirmação veio no terraço após visualizar a expressão surpresa dele. Seguindo o seu pedido para deixar a investigação para trás, decidi levar uma vida normal como se não soubesse de nada. Mesmo assim, fui capturada por homens em uma vã preta e levada para um antigo galpão.

Eles tiraram o saco da minha cabeça e pude ver rostos conhecidos no inquérito o qual eu analisei. Então, não restavam dúvidas de que esses homens sabiam do meu envolvimento com a vida da Sakura. Através de socos, tapas e chutes que admiti conhecer a Sakura. Contudo, ocultei as suspeitas sobre o plano da vingança, algo que nem foi preciso dizer pois eles se entreolhavam apreensivos. No meio da tortura, o nome "Kiran" tornou-se o alvo das perguntas e recebi diversos chutes até admitir que ele e a minha amiga eram próximos.

Durante esse tempo, perdi a noção das horas e não sabia que havia se passado dois longos dias. Quando tive a oportunidade de falar com minha amiga, era impossível segurar as lágrimas enquanto deixava a angústia dominar o meu peito. Pensei que nada podia piorar até receber a facada e ser jogada na ponte. Depois disso, tudo ficou escuro.

Atualmente, a única coisa que consigo visualizar é o ventilador de teto girando em um ritmo constante. O cheiro de hospital está impregnado em minhas narinas e roupas. Ousando abaixar o olhar, vejo meu braço direito esticado com uma agulha presa nele conectada com um tubo. Além da máquina ao lado da cama, posso ouvir alguns soluços baixos. Conforme recupero minha audição e visão, percebo que minha mãe está chorando com os cotovelos apoiados na cama.

— M-Mãe... — minha voz sai rouca e sinto a garganta seca. — N-Não chore...

Erguendo o olhar, ela abre um sorriso entre as lágrimas e segura minha mão trêmula. Alguém pega a minha outra mão, fazendo-me virar lentamente o rosto para o lado encontrando o olhar terno do meu pai. Se precisei passar por tudo isso para ter a minha família unida, ao menos tive um pouco de felicidade.

Os dias seguintes foram os piores da minha vida – retirando a tortura – pois as enfermeiras apareciam a cada hora para trocar meus curativos ou entregar remédios. Aos poucos, consegui sentar na maca mas toda a minha barriga latejada de dor, além de um corte desagradável no lábio o qual, segundo o médico, ficaria uma cicatriz. Pelo menos, meus pais estiveram ao meu lado para acompanhar a lenta recuperação.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora