Capítulo 51: Seguir em frente

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O silêncio fez-se presente no local, nem mesmo o som do mar podia ser ouvido. Dilan permaneceu calado, apoiando ambas as mãos nas costas com uma postura imponente – apesar de ser perceptível a sua expressão de medo. Kiran ajoelhou-se ao meu lado, tocando de forma sutil o meu ombro como se quisesse saber se eu estava melhor.

A resposta é tão óbvia, perder a mãe pela segunda vez era algo que não esperava para essa missão.

Minha cabeça continuava apoiada sobre as pernas pela forma que meu corpo estava curvado. As mãos puxando os fios de cabelo enquanto os gritos ecoavam através do choro. Não conseguia ver um palmo diante dos meus olhos devido às lágrimas. Soluçando alto, ignorei toda a atenção focada em mim. Minha mente revivia inúmeras vezes o sorriso dela no momento da despedida.

— O que houve, Sakura? — Kiran pergunta. — Por favor, fale alguma coisa.

Porém, as palavras entalaram em minha garganta e apenas chorei mais ainda em resposta. Quando menos espero, sou surpreendida por um forte abraço e ergo a cabeça confusa. Meus olhos vão de encontro ao moreno, percebendo como o seu corpo estava repleto de machucados.

Isso quer dizer que ele e Dilan lutaram enquanto eu estava presa na bolha.

Desviando o olhar para o guardião, percebo sutis machucados em seu corpo mas é evidente que Kiran recebeu o maior dano. Não sei se ele tinha feito isso para me proteger ou salvar a própria vida, mas me sentia grata por tê-lo ao meu lado.

Nesse momento, recordo da simpatia da minha mãe com o indiano sem ao menos conhecê-lo. Diante de todos os momentos que passamos juntos, não posso negar que ela gostaria de conhecer o Kiran. Seu jeito alegre, sorridente, bobo e otimista traz luz para todos ao seu lado.

Ah, lembrei que Kiran significa "feixe de luz".

Retribuindo o abraço, escondo o rosto na curva do pescoço dele sentindo seu calor corporal que tanto me agrada. Respirando fundo, consigo cessar o choro e regular os meus batimentos cardíacos. Kiran afaga meu cabelo, colando nossas cabeças e apertando-me mais ainda em seus braços musculosos.

Um porto seguro...

Em passos lentos, Dilan diminuía a distância entre nós e lança um jato d'água sem pensar duas vezes. O indiano consegue criar uma barreira de rochas mas essa se despeça facilmente. Então, o ataque continua a ir em nossa direção até que o rapaz fica na minha frente, tomando todos os danos. Logo em seguida, seu corpo caí no chão totalmente debilitado.

Através da visão periférica, vejo uma bela mulher de longos cabelos negros e olhos dourados. Seu quimono branco com detalhes de ouro reluziam como se fossem algo divino. Sua atenção é focada somente em mim, abrindo um gentil sorriso enquanto permanecia imóvel. Essa presença é tão conhecida que descubro ser Amaterasu.

— O que faz aqui...? — murmuro incrédula.

— Você conseguiu libertar um dos meus elementos mais fortes. Estamos mais ligadas do que nunca.

Abaixo o olhar, optando por ficar em silêncio ao lembrar do que houve.

— Perdão, deve ter sido doloroso perder a mãe mais uma vez. — dizia calma. — Mas considere esse poder um presente dela para você, querida.

— Presente?

Nem Dilan nem Kiran consegue vê-la, por isso pensam que fiquei louca por falar sozinha.

— Sim, a pedra da água é uma parte dela que, agora, é uma parte sua também.

Saber que eu e minha mãe estamos mais conectadas, indiretamente, através desse poder deu uma certa esperança em meu peito. No breve momento em que estivemos nessa dimensão, ela disse que chorar não adiantaria em nada e não posso deixar de lado esse importante conselho. Por isso, fico de pé secando as lágrimas com as costas das mãos.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora