Capítulo 26: Maya

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A minha respiração parou no exato momento em que vi o indiano se aproximar, seus passos lentos pareciam durar uma eternidade até chegar à mim. Estávamos frente à frente, ele me encarava com um olhar intenso. Impossível não se sentir intimidada, seu porte físico também auxiliava para causar tal sensação.

— Sakura... Eu acho que...

— Que...?

Não sabia como reagir diante de tal aproximação. Uma sensação inexplicavelmente boa tomou conta do meu corpo, senti-me leve e liberta de qualquer preocupação. Não ouvi o som dos carros na rua nem das pessoas ao nosso redor. Podia jurar que escutei um comentário embaraçoso de uma mulher que passava por ali e nos encarava. Continuei com os olhos fixos no par de olhos cor de mel do indiano até que ele respirou fundo. Com toda certeza diria algo importante e essencial para a nossa amizade recém-feita. Porém, sou surpreendida por um peteleco na testa e recuo um pouco a cabeça fazendo careta, completamente confusa com a situação.

— Eu acho que você está doente! Hahaha! — Kiran diz rindo. — Sakura sorrindo? É sério?

— E-Ei! — protesto passando a mão pela testa e irritada, ou pelo menos, tentando parecer. — O que tem demais sorrir? Seu indiano idiota!

— Indiano idiota? — ele apoia a mão no queixo pensativo. — É um ótimo codinome!

Tentei manter o semblante sério mas não consegui. Comecei a rir como nunca, cobri a mão com a boca deixando a risada abafada. O rapaz ficou surpreso com minha reação e logo começou a rir também. Parecíamos dois grandes idiotas rindo à toa no meio da rua.

O caminho para minha casa foi um pouco silencioso, até compreendo o porquê. Acabei de fazer um amigo que está disposto a me ajudar com uma vingança bem pesada. Kiran parou na frente do portão e olhou para mim, seus olhos imploravam para que eu ficasse. Quase fico preso à eles novamente.

— Tchau, Kiran..

— Tchau, Sakura.

(...)

Estava saindo de casa para o trabalho, a mochila nas costas pois precisaria estudar durante esse período. Não quero tirar notas ruins, principalmente na área de humanas. Se bem que estou melhorando, consideravelmente, o meu desempenho. O vento do verão estava agradável, as crianças no parque erguiam uma pipa pelos céus. Parei de andar apenas para observar essa cena, ela remetia momentos do meu passado.

Eu e Miku, quando pequena, brigamos para ver quem soltava a pipa primeiro. Apesar da breve discussão, nos abraçamos rindo e juramos estar juntas independente das dificuldades.

Balancei a cabeça afastando os pensamentos e continuei a minha caminhada, segurando com firmeza a alça da mochila. Cheguei na cafeteria e dei boa tarde para as funcionárias. Yana correu até mim e fui recepcionada com um forte abraço, tinha sorte de encontrar um ambiente de trabalho agradável.

— Vamos ao trabalho, meninas!

Vesti a minha roupa de maid e fiquei na frente da porta da cafeteria, mostrando o cardápio para as pessoas que passavam. Um grupo de garotas achou a minha roupa muito fofa e ficaram comentando que desejavam trabalhar aqui um dia. Desviei o olhar para os clientes que entravam, senti um leve calafrio percorrer a minha pele. Nesse momento, fechei os olhos concentrando-se na agradável brisa.

Naquele dia, vários clientes entraram mas nenhum ficou tanto tempo quanto os desgraçados.

— Você não pode dormir no trabalho, Sakura.

Abro rapidamente os olhos para ver quem era. Kiran me encarava confuso e com a cabeça levemente inclinada, ele estava próximo demais e dei alguns passos para trás, tentando manter a distância o máximo possível.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora