Capítulo 72: Desafios da última missão

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Eu estava imóvel vendo a silhueta do indiano sumir dentre a escuridão das escadas, parecendo uma boba após a declaração seguida de um beijo. Em muitos momentos, questionei os motivos de tamanha gentileza do Kiran mas nunca cogitei a hipótese dele estar apaixonado por mim. Afinal, no início eu o desprezava e ainda fui extremamente rude ao descobrir sobre o Dinesh. Porém, eu me via incapaz de desacreditar em seus sentimentos pois podia senti-los – de uma forma ou de outra – em cada toque nosso.

A maior dúvida atual é como lidar com essa declaração e o aperto inexplicável no peito. A nossa jornada encerra ao purificar a espada e estamos a um passo de conseguir, mas temo que esse também seja o fim da minha união com o Kiran; não por causa do sentimento de realização, mas sim porque a morte podia ser uma opção.

Eu não sei o que farei se o Kiran morrer.

— Vamos, Sakura!

A sua voz ecoando afasta-me das minhas preocupações, pelo menos momentaneamente, e desço as escadas seguindo o rapaz. Por estar escuro, apoio a mão na parede e piso com cuidado nos degraus até uma pequena chama se formar dentre a escuridão. O Kiran conseguiu ativar o seu poder da pedra do fogo, o que significa que já estamos em um lugar "abençoado" pela deusa. Após dar o terceiro passo, a porta de pedra fecha-se atrás de nós.

— O q-que faremos agora, Kiran?

— A nossa única opção é seguir em frente.

Então, nós continuamos a avançar e ouço alguns uivos misteriosos soltando um gritinho surpresa. Involuntariamente, aproximo-me do Kiran e seguro com firmeza o seu braço. Ele me olha por cima dos ombros e abre um sorriso acolhedor, fazendo o meu coração disparar ao lembrar da declaração. Por isso, afasto-me novamente e pigarreio alto enquanto descemos os degraus.

— Quando isso acabar, eu quero uma folga de tudo relacionado à essas aventuras malucas.

Ele ri alto com meu comentário.

— Eu quero aprender o máximo possível na faculdade de história, assim conhecerei melhor os lugares que já fomos.

— Pelo menos, você terá a vantagem de ter viajado ao redor do mundo.

— Verdade, mas ainda há tanto o que aprender. Eu fico animado só de imaginar!

Meus olhos sobem em direção à sua silhueta, sendo perceptível o largo sorriso nos lábios dele quando virava sutilmente a cabeça para o meu lado. Sem ao menos notar, meu rosto cora novamente e engulo seco nervosa. As palavras do Kiran continuavam a ecoar em minha mente, deixando-me sem jeito e feliz.

— Sobre o que houve, eu...

— Não quero te pressionar à nada, Sakura. Eu realmente te amo, percebi esses sentimentos há alguns meses atrás mas eu os ocultei para não atrapalhar os seus planos. Porém, eu não podia continuar os guardando para sempre e sinto que esse era o momento certo.

— Eu... Eu não sei o que dizer.

— Tudo bem, eu só queria que soubesse... — parava de andar, virando-se em minha direção e depositando um demorado beijo em minha testa. — O quanto você é importante para mim.

Instantaneamente, abaixo o olhar sem jeito sentindo a região das bochechas queimarem e um sorriso bobo surge em meus lábios. Os sentimentos do Kiran são aconchegantes como o seu toque e trazem uma sensação de paz inexplicável.

— Kiran, eu...

As paredes entre nós dois começam a tremer bem como os degraus, como se houvesse um terremoto dentro desse pequeno espaço. Então, o Kiran segura a minha mão guiando-me para o mais longe, descendo rapidamente as escadas. Alguns tijolos da parede se abrem e flechas saem dos espaços vazios. Por sorte, o indiano criava uma barreira de pedras apressando os seus passos. Em seguida, ele lançava as chamas para frente dando uma percepção do local em que nos encontrávamos.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora