Capítulo 74: Meu amor nunca morrerá

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Em passos apressados, as portas brancas do grande salão eram abertas e um homem de longos cabelos negros entrava, jogando a espada quebrada em um canto. Dentro do local, uma bela mulher de quimono branco com detalhes dourados e a parte da calça vermelha, o encarava se aproximando. Ao lado da dama, havia uma enorme raposa de pelos brancos com círculos vermelhos: Okami, a guia espiritual dela. Seus olhos negros analisavam o irmão curiosa e desistia de abastecer o mini Sol voando no teto, servindo como lustre.

— O que houve, irmão?

— Eu quebrei a minha espada na última luta contra uma cobra de oito cabeças, mas uma nova surgiu. — Susanoo dizia abrindo o quimono e puxando uma bela katana. O cabo preto e achatado em formato retangular ganhava destaque junto com a lâmina preta e branca afiada. — O nome é Kusanagi.

— Eu consigo sentir o seu poder de longe. — murmura Amaterasu surpresa. — Que sorte a sua.

— Fique para você. — dizia estendendo a espada e vendo o semblante confuso da sua irmã. — Eu não preciso de uma arma para demonstrar o meu poder.

Mesmo Amaterasu não sendo uma deusa destinada às lutas, ela aceitou de bom grado a espada fazendo uma reverência e decidiu guardá-la em seu santuário, onde ficaria longe do contato dos outros deuses. Afinal, sabia muito bem do poder desta arma.

Os dias no palácio eram parados, pelo menos para a deusa do Sol responsável por cuidar das plantações e a luz no mundo. Porém, certo dia, após muito esforço conseguiu uma pausa e aproveitou o tempo para visitar um lugar proibido entre as divindades: A Floresta Negra. O local é conhecido por seres malignos que habitam em seu interior, causadores dos maiores conflitos globais. Ainda assim, a curiosidade da mulher acabava falando mais alto e, secretamente, ousou entrar na floresta.

As árvores altas e densas impediam a entrada da luz do Sol, deixando a floresta em completa escuridão. Os arbustos repletos de espinhos dificultavam a passagem, mas Amaterasu emitia um forte brilho capaz de afastar qualquer ser vivo. Então, os galhos e arbustos abriam caminho para a majestosa mulher passar. Conforme andava, seu longo cabelo negro e o seu quimono arrastavam-se pela grama sem vida. Então, dentre a escuridão da floresta, ela encontrava uma criatura. O ser estava sentado no chão com as costas apoiadas no tronco de uma árvore e a sua face oculta pela sombra a qual se encontrava.

Guiada pela curiosidade, esticava a mão em direção ao misterioso homem e, no momento em que ele segura a sua mão, era perceptível a pele vermelha e as unhas compridas. Os olhos dela vão em sua direção, encontrando um par de orbes douradas e a criatura sorri, expondo uma fileira de dentes afiados.

— Quem é você?

— Eu sou o rei desse local. — responde com uma voz grossa, deixando-a com calafrios. — O que uma divindade faz em uma floresta das trevas?

— Estou apenas passeando.

— Esse é um péssimo lugar para passeios.

— Eu quem decido se é ou não um péssimo local.

— Ora, ora. — sorria mais ainda, desta vez com maior naturalidade. — Quanta teimosia, mas ainda não me contou o real motivo de ter vindo aqui.

— Quanta curiosidade.

Os olhos dele cintilam com a resposta da mulher e, sem ao menos ela perceber, as sombras da floresta começam a cobrir todo o espaço indo em sua direção.

Levando-se em conta a inteligência de Amaterasu, não demorou muito para ela descobrir a real identidade do homem: o Rei Demônio. Ele é o responsável por liderar as hordas de criaturas das trevas designadas para atacar os seres humanos. Como a sua presença era raramente vista, uma boa parte dos seres divinos apenas o consideravam uma lenda. Quando as sombras estão quase alcançando a deusa, as mãos dela se enchem de um forte brilho dourado afastando toda a escuridão. Por uma breve fração de segundos, os olhos do Rei Demônio são cegados pela intensidade da luz e ela aproveita essa deixa para pisar em seu peitoral, forçando-o contra a árvore.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora