Capítulo 75: O último suspiro

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Após a revelação sobre o passado da Amaterasu com o Rei Demônio, eu e o Kiran estamos estáticos. Eu nunca imaginei que a história de amor deles fosse tão intensa e dolorosa. Naquele momento, minha mente começou a lembrar de todos meus diálogos com o indiano e como alguns se assemelhavam à nossas vidas passadas. Diante de tamanho questionamento, pego-me surpresa ao entender o quão profunda a nossa relação significa.

Nós estamos ligados a uma história intensa de milênios e nem mesmo o tempo ou a distância foi capaz de diminuir tamanho sentimento. Em contrapartida, encontro-me confusa sobre a veracidade do que habita em meu coração. O que eu sinto pelo Kiran é espontâneo ou nunca tive escolha?

No fundo, queria acreditar que o Kiran havia me conquistado com o seu esforço mas tinha medo de ser mentira. Eu temia estar sendo manipulada pelas vontades da minha vida passada como Amaterasu e não vivido a história de amor a qual sempre sonhei.

Okami avançava contra o deus, mas era atingida por uma descarga tão intensa que acaba desmaiando.

Susanoo possuía um sorriso presunçoso nos lábios, divertindo-se com meu conflito interno. Porém, afasto tais pensamentos por hora e uma corrente de ar joga o homem para cima. Assim, eu consigo ficar de pé e estico ambas as mãos para frente, prendendo-o em uma bolha d'água. Nesse momento, ele larga a espada e consigo recuperá-la, entregando para o indiano.

— Eu não me importo se o amor da Amaterasu causou essa confusão, não vou desistir da minha missão!

O Kiran suspira aliviado com minhas palavras e se aproxima, segurando a minha mão.

— Nós vamos derrotá-lo juntos.

— Isso mesmo!

O deus da tempestade não parece nada contente com nossa aproximação, os raios em seu corpo se intensificam ao ponto de conseguir destruir a minha bolha d'água. Enquanto ele caía acima de nossas cabeças, apontava a mão para baixo e uma forte descarga elétrica é lançada em nossa direção. Por sorte, o Kiran cria uma barreira de pedras servindo como proteção para o ataque.

Porém, um vulto surge atrás da gente e sentimos uma mão em nossas cabeças antes de sermos jogados com força contra o chão. A cúpula de pedra do Kiran é desfeita no mesmo segundo enquanto ele continha o gemido de dor por causa da pressão exercida em seu crânio. Susanoo continuava com a expressão descontraída e o mesmo sorriso presunçoso.

— Dois meros mortais tentando matar um deus. Sabe o quanto isso soa patético?

— N-Não vamos desistir...

— Mas deveria, Sakura. Se a Amaterasu tivesse desistido da ideia idiota há milênios atrás, não estariam nessa situação.

Kiran aproveita a distração do irmão da deusa para usar seu poder, fazendo o corpo dele ficar em chamas. Susanoo cambaleia para trás gritando de dor e ficamos de pé, prontos para revidar. O indiano havia aprendido muito sobre o elemento fogo na sua batalha contra a Kendra, dominando melhor o poder.

Antes mesmo do deus fazer algo para revidar, o rapaz esticava a mão para frente e o ambiente começa a esquentar, tornando-se quase impossível de respirar por causa do súbito aumento de temperatura. Susanoo lança um olhar mortal, cobrindo o corpo com eletricidade e sumindo diante de nossos olhos. Ele consegue me golpear nas costas e o Kiran nas pernas, desaparecendo em questão de segundos do campo de vista.

Ele movia-se numa velocidade absurda, usando a própria eletricidade em seu corpo para aumentar o ritmo dos ataques. Em poucos minutos, eu e o Kiran recebemos mais golpes do que poderíamos suportar. Então, caio de joelhos sentindo o meu corpo doer e o indiano ficava na frente para me proteger.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora