Capítulo 25: A paz em seu toque

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— Tsc!

Exclamo irritada dando um chute na árvore do jardim do colégio. Porém, parei no primeiro chute sentindo o meu pé arder. Posso chutar velhos experientes em jiu jitsu mas não sou párea para uma árvore antiga. Suspiro pesadamente cruzando os braços sobre o peito, não consigo disfarçar a inquietude do momento. Miku havia sumido, disse que teria assunto importantes a tratar e agora que Kiran não está mais ao meu lado, fico sozinha no intervalo.

As pessoas do jardim me olham estranho e começam a se afastar, apenas dou nos ombros e sento no banco. Ergui o olhar para a árvore, ela estava sem as suas belas flores. Mesmo assim, pude notar como era bonita do seu jeito. Forte e resistente, como eu a invejo. Ao toque do sinal, precisei voltar para a sala e, chegando lá, ouvi os comentários de algumas meninas de que o Kiran estaria jogando com a outra turma do terceiro ano. Apoiei a mão sobre o coração soltando um leve suspiro, abaixando-a logo em seguida. E então, fui surpreendida pelo abraço de Miku.

Após sua forma de me irritar com seu jeito bobo, volto a atenção para o jogo.

Olho para os garotos correndo no campo de futebol, Kiran estava entre eles. O indiano corria o mais rápido que podia mas pude perceber como estava ficando mais cansado a cada movimento. Ele estava com a boca entreaberta deixando a respiração pesada escapar. Aquele idiota está se esforçando demais.

Admiro o lado observador da minha amiga, pois ela percebeu o cansaço do Kiran.

Foi difícil se concentrar na aula quando sua mente se focava naquelas palavras que indiano falou para mim quando estávamos no jardim. Ele aparece dizendo que quer me ajudar e agora se afasta. Sei que ele me faz mal mas por que ser tão contraditório?

Solto um longo suspiro e deito a cabeça na mesa, acabo pegando no sono sem ao menos perceber o quão cansada estava.

Tive um sonho muito estranho.

Estava sentada na frente na areia da praia, o som das ondas trazia uma sensação de tranquilidade. Eu estava usando um longo quimono branco e meu cabelo solto parecia maior do que o normal, tocando o solo. Ouvi passos se aproximando mas antes que eu olhasse na direção do som, Amaterasu já estava sentada bem do meu lado. Ela é rápida!

— O mar é tão lindo... — ela diz olhando o horizonte.

— Sim. — murmuro. — Por que está aqui? Por que justo eu sou responsável por purificar a espada? Não sou capaz disso. Por que eu preciso afastar todos que estão ao meu redor?

— Você não precisa. — Amaterasu responde, calma como sempre. — Não precisa afastar todos, eles podem ser a sua fonte de poder.

Antes que eu pudesse questionar algo, a deusa ergueu sua mão direita e uma esfera de luz surgiu ali. Ela flutuava e brilhava majestosamente, meus olhos ficaram fixos na esfera admirando sua beleza.

— Fonte de poder? — questiono confusa sem tirar os olhos da luz.

— Sim. – Amaterasu responde enquanto fazia a esfera se multiplicar em cinco e saírem flutuando pelo céu. — Quando deixamos pessoas importantes para trás, ficamos fracos e nos sentimos sozinhos. É essa a força que deseja?

— Hum...

— Quando conseguiu a Pedra do Ar, você estava sozinha?

— Não, o Kiran estava ao meu lado. Ele me deu o apoio nec... — parei de falar percebendo uma dor no coração. — Ele...

— Sim, ele sempre esteve ao seu lado desde que vocês se conheceram. — ela desvia o olhar para mim e sorria de forma aconchegante. — Mas ele te faz mal, certo?

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora