Capítulo 66: A missão mais difícil

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O noticiário com a morte de Thomas Adams chocou todo o país, além de atingir proporções globais por se tratar de um empresário importante. Como a sua empresa estava passando por um momento de crise, não houve grandes prejuízos para a economia da região. Porém, a mídia focou muito na investigação do crime, causando uma certa preocupação em mim. Eu não queria ser acusada por homicídio, sendo que o maior criminoso era a própria "vítima".

Após a sua morte, informações sobre homicídios cometidos pelos capangas do Thomas vieram à tona, pois sem a sua influência sobre as pessoas elas podiam falar livremente as atrocidades cometidas por esse homem. Não me surpreende que Raj Yamir escolheu o filho ao invés de seu funcionário de confiança, porque viu ambição nos olhos escuros de Thomas.

O meu pai desliga a TV, puxando-me para a realidade: um café da manhã em pleno sábado.

— Estou com medo.

— Por que, pai?

— Deve haver uma corrupção muito grande entre as empresas para tantas pessoas importantes serem mortas.

— O senhor conhecia esse homem?

— Apenas por causa da sua reputação. Os meus colegas de trabalho agradeciam por terem um chefe bom, diferente do senhor Adams que é frio e sem escrúpulos.

— O mundo dos negócios é realmente assustador.

— De fato. — mordia uma panqueca fazendo um semblante pensativo. — Mas eu queria saber quem é a pessoa responsável pelo seu assassinato, provavelmente ela tem relação com os demais.

— Deve ser alguém de coragem para enfrentar esse tipo de gente.

— Ou com um bom motivo para isso, talvez uma vingança.

Opto por ficar em silêncio, bebericando o café enquanto olho para o lado.

— Vai para o psicólogo hoje, filha?

— Irei sim, daqui a pouco.

— Como estão sendo as sessões?

— Bem. Eu estou progredindo e a psicóloga elogiou o meu rápido desempenho.

— Isso é tão bom. — sorria alegre mas, em seguida, abaixa o olhar. — Eu queria pedir desculpas.

— Por que?

— Porque eu não estava lá quando você mais precisou, sinto que deveria ter feito mais para proteger a minha garotinha. Quando a sua mãe morreu, você era tudo que me restou e eu deveria dar o devido valor a esse presente.

— Pai, eu não quero que se culpe pelo o que houve. Você não sabia que isso aconteceria.

Após a ajuda da psicóloga, consigo falar normalmente sobre esse assunto e estou curada totalmente do trauma de ser tocada. Semana passada, andei pelo shopping com meu pai e eu me deparei com um grupo de empresários na área de alimentação, mas não senti desconforto nenhum. Além de que consigo interagir melhor com meus colegas de turma, sendo cercada por pessoas sorridentes e alegres... Iguais ao Kiran.

Eu afasto esse pensamento e volto a comer, recebendo um abraço repentino do meu pai. Olhando-o surpresa, percebo lágrimas em seus olhos e mordo o interior das bochechas para não desabar também.

— Eu prometo que serei um pai melhor, filha.

— Você já é, pai.

— O que quiser pedir, farei o possível para realizar.

— Já que diz isso... — afasto-me um pouco para ter uma visão melhor do seu rosto. — Posso viajar com o Kiran?

— De novo?

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora