Capítulo 39: A promessa

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As folhas laranjas pairavam ao vento, a praça tinha um ar mais melancólico devido à época. Às vezes, eu sentia falta das flores da primavera mas entendo que cada estação tem a sua beleza. Gostava da calma que o outono trazia, pois o balançar das folhas me dava vontade de ser assim, levada pelo vento sem preocupação alguma. Agora que havia perdoado o Yatori, conseguia me sentir assim com mais facilidade.

Depois do encontro, nossa relação voltou ao normal. Bem, a nossa relação antes do pedido de namoro no início do ano. Yatori tentou avançar naquela noite mas eu disse que não estava pronta para isso. Perdoá-lo é totalmente diferente de aceitá-lo de volta em minha vida como meu namorado. Há um impasse em meu coração, preciso ouvir o que ele diz para dar a resposta correta.

Decido sentar no banco da praça, cruzando as pernas e bebericando o cappuccino em minhas mãos. As crianças não paravam de correr e gritar, é surpreendente como nunca se cansam disso. A bebida quente foi capaz de interromper a maldita tremedeira do meu corpo, então apenas me aconcheguei no banco observando Maya correr com as outras crianças. Ela parecia feliz, sorrindo de orelha à orelha enquanto puxava uma menina para a brincadeira de pega-pega.

Kiran pediu para que eu levasse sua irmã ao parque, já que ele não podia fazer isso por estar concentrado nas provas. Deixo o ar sair entre meus lábios, pensando em como deve ser difícil abrir mão de sua rotina para os estudos. Tenho certeza que o indiano irá entrar nessa faculdade, ele é muito inteligente e esforçado.

— Sakura! — Maya dizia ao se aproximar e segurar minha mão. — Vamos brincar também!

— Hã? Não, não. Eu prefiro ficar aqui apenas observando.

— Por favor, você vai congelar se ficar parada assim.

É difícil dizer "não" aos olhos brilhantes da garota, suas íris são iguais às do irmão. Ela sorria abertamente, esperando a resposta e apenas aceno positivamente com a cabeça. Fico de pé, tomando o cappuccino rapidamente e jogando o copo de plástico no lixo. As crianças gritavam animadas enquanto eu me aproximava, tive medo de quebrar suas expectativas.

Eu devo admitir que, no final das contas, foi divertido. Nós brincamos no escorrega e tive que colocar algumas crianças em meu colo para descer. Depois, fomos para a gangorra e eu ri muito quando duas meninas brigaram para decidir quem iria comigo. Maya sempre me puxava de um lado para outro, demonstrando o quão feliz estava com a minha presença. Ela disse que brincava muito com seus irmãos, mas a morte de seu pai mudou tudo.

— Eles perderam o brilho que tinham. — comenta Maya sentada no balanço, observando as outras crianças irem embora com seus pais. Elas acenavam para a gente. — Vivem apenas para essa empresa. O Kiran fez o possível para assumir o papel do baldi, assim eu não me sentiria sozinha.

— Ele fez isso? — inclino a cabeça para fitá-la melhor. Eu estava sentada no balanço ao lado. — Deve ser sido difícil.

— Sim, o Kiran passou a brincar comigo com mais frequência. Graças à ele, tive a vontade de aprender a tocar piano. Ele me ensinou um pouco mas minha mãe preferiu contratar um tutor, ela está certa pois isso consumia muito do seu tempo. — ela apertava com força as cordas do balanço e pude sentir sua voz trêmula. — O bhaya mal fica em casa, vive viajando e cuidando da empresa. Eu só tenho o Kiran... E se ele se afastar também?

Maya erguia o olhar para mim com lágrimas nos olhos. Fico surpresa e triste ao vê-la assim, por isso a chamo para que se aproxime. Ela salta do balanço, envolvendo os braços entorno da minha cintura em um forte abraço, retribui apertando-a contra o meu corpo. A pequena começava a soluçar durante o choro, afago seus cabelos e apoio minha bochecha em sua nuca.

Entre amor e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora