Capítulo 35

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Spencer levou mais alguns dias para se recuperar da tortura que sofrera, logo havia recebido alta e estava em um pequeno apartamento, já que não podia voltar para a casa que havia sido invadida. Ela andava pelo quarto procurando uma camiseta para vestir, estava apenas com uma calça camuflada verde do exército,  seu coturno preto e um tope. Ela parou na frente do imenso espelho que havia ali e por uns instantes pegou-se observando as marcas em seu corpo. Devagar ela aproximou-se para ver mais de perto seu reflexo, e com a mão foi passeando por cada uma daquelas marcas lembrando de como haviam sido feitas. As queimaduras estavam quase que cicatrizadas, depois ela guiou sua mão até a cicatriz que o tiro havia lhe deixado. Então a campainha soou, e despertando de seus devaneios ela pegou uma camiseta branca e vestiu indo até a porta em seguida.

- Eu estive pensando... - Disparou Emma passando por ela de repente. - E eu acho que isso tudo pode dar realmente certo... - Ela parou ao olhar para Spencer. - Você está bem? - Perguntou ao notá-la estranha.

- Estou... É... Eu só... O que dizia mesmo? - Debateu entre pausas.

- Não, Eu... Me desculpe, eu entrei assim do nada falando e sequer notei que não está bem. - Indagou a olhando.

- Eu apenas tive uma crise, estou bem. - Explicou em resumo.

- Que tipo de crise? - Insistiu preocupada.

- Não é nada demais. - Desconversou mordendo o canto da boca e indo para o quarto ela aproximou-se da cama onde suas armas estavam pousadas.

- Spencer... - Emma a seguiu e então segurou seu braço a fazendo olhá-la. - Me diz o que está acontecendo? Me deixa te ajudar. - Tentou.

- Não pode me ajudar. - Murmurou a olhando. - Ninguém pode, ninguém pode tirar da minha mente a imagem da minha mãe sendo assassinada na minha frente, ninguém pode tirar da minha mente as lembranças da forma fria com que ele me torturou. Ninguém pode apagar isso, ficará para sempre comigo.

- Você precisa de ajuda. - Disse tentando ajudar.

- Essa ajuda que você diz pode até amenizar Emma, mas não irá apagar as marcas. - Spencer puxou seu braço e deu-se a colocar as armas numa bolsa a colocando num canto em seguida.

- Sei que seu coração está muito machucado...

- Não é só dessas marcas que estou falando. - Interrompeu ela antes que Emma terminasse o que ia dizer.

- Me deixa ver? - Pediu com cautela.

- Não quero que veja. - Respondeu respirando fundo.

- Tudo bem, eu não deveria ter vindo.

Quando Emma ia em direção a porta, Spencer a seguiu rapidamente e a colocou contra a mesma a virando de frente para si. Ela apoiou uma das mãos na porta na altura do rosto de Emma, e sua outra mão pousou na cintura da mesma.

- Não vai. - Pediu quase num sussurro a olhando nos olhos.

- Quer mesmo ter um relacionamento no qual você sequer se abre comigo e me diz o que está acontecendo com você? - Questionou a olhando fixamente. - Como vou te entender? Como vou poder te ajudar? Se não me deixa... Se não me diz nada.

- Não é tão simples quanto parece...

Emma a interrompeu com um beijo rápido a olhando em seguida, então a beijou novamente, mas agora com calma, sua língua serpenteava na de Spencer, despertando nela um desejo a mais. Pôde sentir a mão da outra segurar firme sua cintura, tão firme que não pôde conter um gemido que saiu abafado entre o beijo. Logo suas mãos foram subindo por baixo da camiseta de Spencer, e quando ela foi acariciar seu abdômen, em um gesto rápido sentiu as mãos da outra a bloquearem. Emma a olhou com pesar, então Spencer respirou fundo e soltou suas mãos devagar, lhe dando um voto de confiança apesar de não querer que ela visse aquilo.

A Escolha (Um Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora