Capítulo Seis

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DOIS MESES DEPOIS

O tempo foi passando lentamente. As férias de verão acabaram e os jovens ansiaram pela volta as aulas, pelo menos alguns. E Samantha não se encontrava nessa situação. Ela até se negou a voltar a estudar, mas a mãe disse que a faria se sentir melhor. Bem, ela estava melhor. Se sentia melhor ao lado de Noah. Mas desde o encontro dos dois, o detetive não se aproximou de Sam com outra intenção. Claro que ela esperou, ansiou a aproximação, o beijo dele e o fatal sorriso que poderia desmaiar qualquer garota.

Claro que havia visto Noah nas últimas semanas, mas nada além de breves momentos em que tinham a companhia de seus pais. Noah aparecia na casa de Samantha para informá-los sobre o caso. Ele falou que Isaac Young não havia retornado da casa dos avós e que quando retornasse, finalmente teriam o depoimento dele, mas no momento teriam que esperar o tempo passar e as repostas chegarem aos poucos. Nenhuma outra pessoa tinha ido à delegacia falar sobre a morte de Melanie. Parecia que ninguém tinha visto ela naquela noite, ou eles temiam o pior para si mesmo.

Entretanto, uma coisa que deixou Samantha ainda mais assustada foi quando Noah pediu gentilmente aos pais dela para se retirarem e deixá-lo ter uma conversa particular entre eles. Óbvio que Sam imaginou que ele iria pedir para sair com ela novamente ou ao menos beijá-la, porém, não era nada daquilo. Quando aquelas palavras saíram daqueles lábios formosos, ela sentiu as pernas vacilarem e o coração acelerar. A voz dele ainda ressoava em sua mente toda vez que se lembrava. Ele a fitava nervoso, as mãos dentro do casaco grosso e a voz rouca, e então disse:

— Samantha, sobre o papel que me entregou naquele dia que foi em minha casa, os resultados não foram muito satisfatórios. — Até aquele momento ela estava com as mãos geladas e a garganta seca. — Não havia nenhuma digital além da sua e a minha. Sinto muito, mas aquela pista não contribuiu para o caso.

Ela se lembrava que Noah agiu perfeitamente como um detetive, de forma profissional. Não a confortou além do ''Sinto muito'', a olhou fixamente nos olhos e disse que permaneceria a acompanhá-la a distância e que não precisaria se preocupar com nada. Era claro que se preocupou, o assassino estava à solta e ela seria a próxima vítima. O que deveria fazer? Manter-se calma? Se sentar e esperar sua vez chegar? Não faria nada daquilo, não esperaria pela própria morte. Mas não disse nada daquilo à Noah. Quando seus pais retornaram, Noah disse à eles para instalarem câmeras de segurança pela casa e eles obviamente obedeceram prontamente. Na semana seguinte Samantha estava sendo vigiada pelas câmeras a cada passo que dava, fazendo-a se sentir desconfortável, mas seus pais insistiram que era para sua própria segurança e, no final, teve que aceitar.

Então, a única coisa que Samantha ansiava — que não era a volta das aulas — era encontrar o maldito assassino. Contudo, não tinha como encontrar um assassino quando você poderia ser a próxima vítima dele. Samantha permaneceu em casa pelo resto das férias, segura em seu próprio lar, até o dia que teve de se levantar para ir ao único lugar que não deseja ir, a escola.

Sam sentiu as próprias pernas se recusarem sair da cama — ou talvez era sua própria cabeça se recusando mandar esse comando às pernas — e pensou na cogitação maravilhosa de ficar na cama quentinha e macia, mas não era uma opção. Se ela não levantasse, a mãe estaria ali em poucos minutos e a arrastaria de pijama para escola. Sendo assim, preferiu se arrastar para o banheiro e ficar nele por um bom tempo, até a sra. Miller bater na porta e avisar que acabaria se atrasando. Ah, como a água quente estava deliciosa, pensou Sam.

Se vestiu como de costume. Calça, tênis, suéter e uma jaqueta jeans. Claro que ela não se vestia assim nos primeiros dias de aula, afinal, muitas garotas gostavam de mostrar o bom estado que se encontravam após as férias, mas não sentia essa vontade e nem fazia questão. Prendeu o cabelo no alto em um rabo de cavalo e se maquiou para esconder as olheiras — que não estavam assim tão terríveis, ficaram menos visíveis com o tempo — e desceu as escadas e tomou o café da manha silenciosamente. Seus pais a olharam durante todo café da manhã esperando que começasse a gritar a qualquer momento, mas não fez isso, agiu com muita tranquilidade.

Obsessão [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora