Capítulo Trinta e Um

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Thomas partiu logo que ouviu algumas vozes no andar de baixo. Ele se enfiou rapidamente nas próprias roupas e saiu escondido pela janela do quarto da garota. Sam se sentiu apreensiva em vê-lo sair por ali e a fez recordar de certas lembranças que a deixavam desconfortável. Deu um último beijo e o deixou ir.

Enrolou-se em uma toalha e foi para o banho, apreciando as últimas horas que passou ao lado de Thomas. Eles deveriam brigar mais vezes, pensou, risonha.

Estar com Thomas a fazia sentir-se uma pessoa melhor, capaz de superar qualquer medo ou desconforto. Ele era uma pequena salvação nos dias lentos e pavorosos. Uma mistura de sentimentos borbulhava no âmago de Sam. Era escaldante e igualmente frígido. Aquela paixão que os aquecia na cama começava a se firmar e a garota se sentia assustada. Nunca sentira aquilo na vida.

Adormeceu e sonhou com Thomas. Um sonho tolo cheio de sorrisos bobos. Samantha se sentiu satisfeita ao acordar com a lembrança de um sonho quente e aconchegante. A manhã cinzenta tomou conta de sua visão ao abrir as cortinas da janela. O sábado poderia ser tedioso se não soubesse que dia exato era. O aniversário de Sam chegara mais rápido do que imaginara. A cada dia que passava estava a espreita e surgiu no dia cinzento e frio de um fim de semana qualquer. Os pássaros não cantavam, apenas o frio sussurrava do lado de fora. Como uma lembrança temerosa do pesadelo com Charlotte. A garota escondeu o pensamento de si mesma e vestiu-se lentamente. Não tinha ideia do que a esperava no andar de baixo. Pegou o celular e olhou a tela, esperando encontrar alguma mensagem, mas não havia nada.

O cheiro de café e panqueca invadiu as narinas de Sam. Ela sorriu tolamente ao ver sua mãe, Claire, preparando panquecas e colocando-as em um prato. Ao vê-la, a mulher mais velha soltou uma exclamação e correu para dar um abraço esmagador na única filha. Samantha sentiu o ar faltar dos pulmões, mas sentiu-se amada como nunca. O dia em que se comemoravam mais um ano de vida deveria ser considerado importante. Claro que ninguém gostava de envelhecer, mas era em um dia como aquele que percebiam quem gostava realmente de você. A mãe de Sam puxou uma caixa com um pequeno laço no topo. A garota sorriu e pegou a caixa com embrulho laranja. Puxou a tampa e observou um álbum de colagens. Retirou-o.

Sam o abriu e começou a folhear. Algumas fotos de quando ela era criança e outras com sua família e amigos. A garota simplesmente amou.

— Obrigada, mãe — agradeceu Sam.

Os olhos de Claire se encheram de lágrimas e abraçou a filha firmemente.

— Dezoito anos... — Fungou a mulher. — Estou tão feliz!

Samantha concordou. Dezoito anos e o rosto de Melanie surgiu em sua mente. O que as duas fariam se a outra estivesse ali? Elas planejavam tantas coisas juntas que nunca se imaginavam partir antes de realizar tudo, mas já fazia cinco meses que amiga havia falecido. A ideia de Melanie ter morrido ainda deixava Sam triste. Mesmo apesar de tantas mentiras ou omissões. O envelope com os nomes de suas amigas a incomodou, mas retribuiu o abraço, tentando esquecer-se de toda dor.

— Eu fiz panquecas — continuou Claire. — Sente-se para comer.

Sam sentou-se, ainda admirando as fotografias.

— Eu não tinha ideia do que lhe dar de presente, e você não me pediu nada... Então, espero que tenha gostado...

— Eu adorei! — Para Sam aquilo era o suficiente. — Mas adoraria um carro.

Elas riram. A garota colocou uma quantidade absurda de calda nas panquecas, mas era seu aniversário e tudo podia. Depois de um delicioso café da manhã, abriu todas as redes sociais para ler as mensagens lhe parabenizando. Algumas pessoas da escola, parentes a mandaram mensagens, mas os amigos da garota, e Thomas, não haviam mandado absolutamente nada. Samantha sentiu-se decepcionada e fechou o notebook e foi para a sala ver um filme na companhia da mãe.

Obsessão [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora