Epílogo

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O ar envolvia vagarosamente sua pele, fazendo cócegas em seus dedões. Passou as mãos nos cabelos, desembaraçando os frios compridos. Seus cabelos já haviam chegado até o meio das costas, causava certo desconforto, pois nunca gostara de cabelos longos. Um dia cortaria, pensou a garota.

Alguém subitamente bateu na por de seu quarto e ela se ergueu rapidamente nas pontas dos pés. Mais um visita dos insubordinados enfermeiros em suas vidas tediosas e trabalhos com péssimos ganhos. Eles eram bastante grosseiros, sempre obrigando a garota tomar os medicamento. Ela não era maluca, nunca fora maluca. Nas últimas semanas, pra falar a verdade, andava se sentindo bastante consciente dos próprios atos. O tédio é o que lhe enlouquecia. Em um lugar como aquele não tinha muita coisa pra fazer, além de tomar remédios e caminhar acompanhada pelo jardim sem graça. A companhia dos outros não devia ser chamado de companhia. Eles passavam a maior parte do tempo delirando ou lembrando-se do passado.

A porta pesada foi empurrada e uma enfermeira sorridente surgiu. Às vezes também tinha algumas enfermeiras, mas o papel delas era conversar ao invés de usar a força física. Quando surgiam com sorrisos como o da enfermeira Joan era porque queriam que você se comportasse. E Samantha não gostava de se comportar quando algo a incomodava.

O quarto, ou cela, em que Samantha estava era no segundo andar. Tinha uma boa visão do jardim e dos portões a uma enorme distancia, eles ficavam atrás das cercas altas e elétricas. Era branco e a claridade dele incomodava os olhos da garota. A janela era bastante segura para ela não poder cair, ou, nesse caso, fugir. Os pais de Sam encontraram aquele lugar para que passasse os infernais dias. Um lugar para se tratar e pagar pelos crimes cometidos.

Samantha fitou a enfermeira enquanto a mulher adentrava o ambiente e o inspecionava, e quando percebeu que estava devidamente organizado voltou-se para a garota.

- Tem uma visita para você, Samantha. – informou a enfermeira.

Visita? Normalmente recebia visita de seus pais duas vezes ao mês, pois o lugar que estava presa era bastante distante da cidade, e eles já tinham-na visitado duas vezes. Por isso, quando ouviu a informação da enfermeira, se surpreendeu.

- Visita? De quem? – questionou Sam, com doçura. Eles gostavam que agisse daquela forma, e não a obrigaram tomar mais remédios.

- Disse que é um conhecido seu. – A enfermeira Joan sorriu com doçura. – Acho que vai gostar.

Samantha arregalou os olhos. Só havia uma pessoa em que tinha pensado constantemente nos últimos dois anos. Uma pessoa, que apesar de não estar convicta de seus sentimentos por ele, desejava ardentemente vê-lo e tocá-lo. Sentiu o coração bater com força, machucando suas costelas. Fazia muito tempo que não se sentia daquela maneira. Mas dois anos era pouco tempo para ele estar livre.

A enfermeira guiou Samantha para fora e os outros enfermeiros colocaram as típicas algemas, para a própria segurança dela, e a guiou pelo corredor. A garota não podia acreditar no que estava acontecendo, finalmente veria Thomas. O rosto bonito e atraente dele brilhava na mente de Sam em noites torturantes que desejava ardentemente a companhia do rapaz. Noites que os remédios não faziam efeito e ela sonha deliberadamente com olhos azuis e lábios rosados. Noites em que os olhos azuis desapareciam e eram tomados por olhos castanhos cor de mel. Então, os sonhos se tornavam pesadelos e a garota se via chorando sobre o corpo de Noah.

Às vezes demoravam para acabar, em alguns momentos eles a dopavam e quando acordava no dia seguinte a questionavam sobre o que estava sonhando. Samantha mentia, não queria contar sobre Noah a ninguém, nem mesmo ao psiquiatra. Só pedia um remédio mais forte para dormir e assim eles receitavam.

A garota caminhou pelo corredor e a levaram até uma porta branca. Era o típico lugar para receber visita privadamente.

- Um dos enfermeiros vai acompanhá-la. – disse a enfermeira Joan. A mulher se virou e a deixou a mercê dos dois homens grandes.

Obsessão [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora