As pessoas caminhavam em volta da garota. Flashes borravam sua visão. Ela sentia-se confusa, mas não demonstrava. Talvez ser observada daquela maneira, como um animal enjaulado, fosse a coisa certa. Eles colheram um pouco do sangue em suas vestes, avaliavam-a e faziam perguntas, mas ela não queria responder. O som em volta da garota acabou sumindo ao poucos, não havia nada além de um vazio desconcertante dentro da cabeça de Samantha. E o frio tornou tudo mais desconfortável. Ela não sabia há quanto tempo estava sentada no chão cheio de neve, mas recebeu um cobertor de uma policial ao perceberem que não saíria dali.
Sam fitou as botas do policial em sua frente. Ela não queria olhar o rosto dele, tinha medo do que poderia ver. As palavras dele eram dóceis, acolhedores, gentis e quentes. Tudo de certo e completamente bom, como um carinho no rosto, um beijo gentil e olhos cor de mel. Noah suspirou — Samantha sabia que era ele — e agachou diante da garota. Os olhos dele tinha tudo que ela se negava a ter, sem dor e sofrimento. Era tão certo e errado ao mesmo tempo.
— Por favor, Sam, responda as perguntas. — A voz rouca dele soou suplicante, havia gentileza por trás dela, mas Sam sabia que o delegado não estava com tanta paciência quanto tinha antes pela garota. Ela precisava responder as perguntas.
— Senhorita, compreendemos que esteja abalada, mas você já passou por uma situação como esta, e precisamos que colabore — disse a policial parada ao lado de Noah. Ela não parecia irritada, aparentava estar com pena.
Pena? Samantha não queria que sentissem nada por ela. Ela não merecia misericórdia alguma. Suas amigas estavam mortas por sua causa. Sam piscou algumas vezes, ajustando a visão no ambiente noturno. Conseguia ver todos perfeitamente, mas as luzes das câmeras fotográficas e lanternas incomodavam seus olhos. O som do click das câmeras a incomodava, como os passos inquietos dos policias. O frio era o pior deles. Ela decidiu colaborar.
Os pais da garota já estavam dentro da casa com o delegado. Eles deveriam ter muita coisa à dizer, pois até o momento ninguém saiu de dentro da casa. Noah inclinou a cabeça em expectativa aos lábios entreabertos da garota.
— Você pode me dizer o que aconteceu quando entrou no cômodo em que o corpo de Sarah King foi encontrado? Você a viu imediatamente? — Palavras rápidas saíram dos lábios da policial. Ela tinha os cabelos loiros presos e aparentava urgência e curiosidade. Ela era jovem e perfeitamente bonita.
— Não insista muita, deixa-a pensar calmamente — disse Noah compassivamente.
A policial controlou o impulso de suspirar exasperadamente. Sam sentiu vontade de sorrir por Noah defende-la independentemente do que havia entre eles.
— Eu... — Sam hesitou, lembrando-se do que iria fazer, ou procurar, no cômodo antes de encontrar o corpo da amiga. — Eu fui procurar algumas lâmpadas para decorar a árvore de natal.
A policial e Noah não eram os únicos que observavam Samantha. Havia um grupo, grande demais na opinião da garota, fitando-a. Sam percebeu a jovem policial anotando algo em um bloco de notas e voltar o rosto na direção dela novamente.
— E, então, encontrei em uma das prateleiras, mas estava um pouco alto. Contudo, quanto tentei tirar, tudo acabou caindo sobre mim — continuou Sam. A policial balançou a cabeça veementemente enquanto prosseguia com a anotação no bloco. — Qual é o seu nome mesmo?
A pergunta saiu rapidamente dos lábios da garota. Ela não fazia ideia de quem era aquela mulher. A policial não usava uniforme como os outros e vestia um casaco escuro e tinha uma aparência delicada, quase angelical. A jovem aparentou surpresa, mas deu um mínimo sorriso.
— Eu sou Lucy Prescott — respondeu a mulher. — A nova detetive deste caso.
Samantha se sobressaltou. Noah conteve uma careta e manteve-se formalmente sério.
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Obsessão [CONCLUÍDO]
Mystery / ThrillerObra concluída. 2º lugar na Categoria Terror do Concurso Who Is The Best? 2º lugar na Categoria Mistério/Suspense do Concurso Diamond Writers 3º lugar na Categoria Revelação do Concurso Diamond Writers Samantha Miller é uma típica adolescente de 17...