Capítulo Trinta e Três

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Uma hora ela teria que retornar à realidade. O tempo passava rápido, mas a dor não. E Samantha esperava que o tempo curasse a dor, e ele curaria. A semana recomeçou de forma silenciosa, como a neve que cobria as calçadas e ruas, como a morte a espreita por uma nova vida, como o amor de Sam por Thomas. Era silencioso e domava tudo que queria.

O frio tomava conta da cidade. O mês de dezembro era o pior dentre todos os meses. O frio açoitava janelas e trancava as pessoas dentro de casa. Como todas as pessoas da cidade sabiam que não poderiam parar o que faziam por causa de um pouco de neve — era muito neve, o que era bem comum naquela área — os estudantes deveriam continuar a rotina de ir à escola.

Samantha gostava do frio e da neve, mas agora tudo parecia insuportável em sua perspectiva. Como se tudo estivesse contra ela, e talvez estivesse. Fez a mesmo padrão rotineiro. Tomou um banho, escovou os dentes, arrumou o cabelo e vestiu-se preparada para o dia frio. Vestiu um suéter grosso e enfiou-se em um casaco um pouco maior, fez o mesmo com o cabelo sob o gorro, toscamente sugerido pela mãe, e luvas. Depois de tomar o café da manhã a Sra. Miller a levou para escola, o último lugar que a garota queria estar. Sam despediu-se da mãe e saiu para enfrentar o dia cinzento e gélido, e a escola.

Adentrou a escola acompanhada de alunos fugindo da neve. As botas de Sam estavam molhadas pelo curto caminho do carro até a escola, a neve estava em todo lugar. Ela retirou o gorro e as luvas e foi até o armário guardá-las, era preferível não usar aquilo nos corredores. Manteve-se com o casaco, os corredores ainda eram frios e não queria ficar tremendo na sala de aula. Fechou o armário depois de guardar suas coisas e pegar alguns livros. Se tivesse alguma prova surpresa ela provavelmente tiraria zero. Samantha não estava se esforçando em estudar, mesmo que fosse seu último ano.

Todos os planos sobre a faculdade e futuro de Sam foram esquecidos depois da morte de Melanie. Todos os desejos e esperanças morreram junto com a amiga. Não havia nada além do vazio e a incerteza do futuro, mas quando Sam estava com Thomas, começou a gerar expectativas, a pensar um pouco mais no amanhã. Era o último ano dela e queria curtir, mas tudo foi tomado dela como o assassino tomou as vidas de Melanie, Olivia e Charlotte. Elas tinham um futuro enorme pela frente e um psicopata arrancou tudo pela raiz, de forma brutal e traiçoeira.

Samantha empurrou os pensamentos ruins para o fundo da mente. Se pensasse demais naquilo começaria a chorar, e deixaria as lágrimas para o aconchego de seu quarto. Ela observou o corredor, os estudantes se movendo com euforia. As férias de inverno estavam há poucos dias de chegar, como o natal e ano novo, mas era tempo o suficiente para muita coisa acontecer.

O ar comprimiu de seus pulmões ao ver Thomas caminhando ao lado de Nathan. Ele a viu e a garota procurou um lugar para se esconder. O sinal para o começo das aulas tocou e Sam misturou-se no meio de todos os estudantes para ficar longe do rapaz.

Mas nem tudo eram flores. O primeiro tempo foi de História e tinha aquela aula com Thomas, e ele sentava-se logo atrás dela em todas as aulas desde o primeiro dia. Sam odiou-se mentalmente por tudo que estava acontecendo, porém permaneceu forte, ao menos visualmente. Ele entrou na sala como fazia todos os dias, normalmente eles sempre entravam juntos, mas estava sozinho, e o olhar dele vagou em sua direção. Atento e cheio de expectativas, um mar de imensidão brilhava naqueles olhos azuis como uma piscina límpida e resplandecente. Àqueles olhos tão amorosos e cheios de ternura, mas com uma vastidão de falsos sentimentos.

Sam encolheu-se enquanto o rapaz passava ao seu lado e sentava na carteira de trás. Ela ouviu alguns murmúrios de outros alunos da turma, o coração dela se apertou. Eles haviam percebido o distanciamento dos dois e não demoraria muito para saberem que haviam terminado. A fofoca se espalhava com facilidade pela escola.

Obsessão [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora