Capítulo Vinte

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Naquela sexta-feira abafada e ensolarada, Samantha se recusava em sair de sua cama. Desejava avassaladoramente sua cama e um sono profundo. Uma noite sem sonhos, pois os pesadelos ainda vinham, cada vez piores. Algumas noites atrás depois de acordar suando frio, pensou em ligar para Thomas. Mas o que diria para ele? Que sonhava todas as noites com ele esfaqueando-a? O rapaz não saberia consolá-la.

Sua mãe bateu em sua porta pela segunda vez, insistindo-a para levantar. Enquanto listava motivos se devia ou não levantar, escutou uma voz vindo do andar de baixo. Uma voz familiar que não pertencia a sua casa. Não era de seu pai e nem de sua mãe. Samantha levantou em um salto e concentrou-se na voz, aproximando da porta para ouvir melhor.

— Vim buscá-la — disse alguém.

— Vou chamá-la — respondeu Claire. — Ela não parecia muito motivada à levantar hoje.

Sam ouviu a mãe subindo as escadas e começou a se vestir rapidamente. Ela bateu na porta e insistiu para que Samantha a abrisse.

Enquanto escovava os dentes abriu a porta.

— Quem está lá embaixo? — perguntou Sam, com a boca cheia de espuma.

— Elliot. — Sua mãe deu um sorriso malicioso — Vocês dois estão juntos?

Samantha se engasgou com a espuma da pasta de dente.

— Claro que não!

— Bem, ele é um rapaz bonito — comentou Claire. — A família dele também é muito gentil.

— Mãe! — exclamou Samantha.

Cuspiu a espuma na pia e enxaguou a boca.

— Eu não sei por que ele está aqui, mas se veio me buscar, fico satisfeita — explicou Sam. — É melhor do que ir andando.

— Mas ele é um bom rapaz — insistiu a mãe.

— Ele é o meu melhor amigo! — Samantha olhou confusa para a mãe por causa da insistência pelo rapaz. — E vou indo.

— Não vai comer nada? — perguntou ela.

— Estou sem fome.

Sam desceu as escadas e encontrou Elliot parado no meio da sala. Parecia distraído em uma conversa com o pai de Samantha.

— Vamos? — indagou Sam.

— Claro! — respondeu o amigo.

Samantha se despediu de seus pais rapidamente antes de sair. Ela se sentiu constrangida com toda a insistência da mãe em relação a Elliot. Nunca em sua vida imaginou algo do tipo com o rapaz. Elliot era seu melhor amigo e nunca passaria disso.

— Por que veio me buscar? — perguntou ela.

Elliot lhe deu um sorriso.

— Como voltamos a nos falar, pensei em passar aqui só para ter certeza de que continua sendo minha amiga.

— Mentiroso — brincou Sam.

Eles entraram na caminhonete preta. Samantha percebeu um par de luvas sobre o painel do carro, e decidiu pegá-las ao achar estranho estarem ali.

— Luvas? Não está um pouco quente para usar luvas? — Samantha olhou o amigo, questionando-o.

Elliot pareceu ficar constrangido.

— É de um amigo — respondeu ele.

— Amigo? — indagou Sam, olhando-o maliciosamente. — Ou amiga?

Obsessão [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora