Capítulo Vinte e Dois

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— Vamos sair daqui!  — gritou Thomas. Ele tinha um olhar assustado na direção do corpo da garota no chão.

Sam olhou em sua volta e viu algumas pessoas ao telefone. Outras pareciam estáticas, sem conseguir sair do lugar. Samantha escutou a voz de Thomas chamando-a, mas seus olhos encontraram algo que não esperava. Ele estava parado bem ali, a porta por onde ela e Thomas tinham passado há pouco tempo. O corpo escondido nas sombras, e a única coisa visível sendo a máscara do diabo.

E Samantha correu. Escapou dos braços de Thomas e correu. Conseguiu novamente passar por entre as pessoas e empurrou a porta, vendo rapidamente a parte de uma capa preta. A garota continuou o seguindo e entrou em um corredor. Ele estava a poucos metros dela, mas continuava a fugir. Ouviu seu nome sendo chamado. A máscara do diabo virou-se para vê-la, porém, ele foi mais rápido e desapareceu no próximo corredor. As portas no final do corredor bateram ao serem fechadas e Samantha correu até lá. Ao sair de súbito, viu-se num beco escuro e vazio.

— Samantha! — Escutou a voz de Thomas chamando-a.

Ela virou-se subitamente. Thomas agarrou-a pelo ombro e a abraçou.

— O que pensa que está fazendo? — perguntou ele, sem compreender.

Sam se afastou e fitou o rosto do rapaz.

— Eu o vi... — Thomas olhou-a confuso. — O assassino estava aqui.

Thomas procurou em volta, mas não encontrou nada além de alguns lixos e sujeiras espalhadas pelo lugar. Não havia nada além dos dois parados no beco vazio e sujo. Ele continuou fitando-a, completamente confuso.

— Samantha, não tem ninguém aqui além de nós.

— Você não o viu? — Samantha insistiu, ofegante. — Ele estava parado perto da porta, do lugar que saímos.

Thomas suspirou, olhando-a com pena. Ele não acreditava nela, percebeu a garota.

— Sinto muito, mas não vi nada.

Samantha sentiu-se cansada e ajoelhou no chão frio. Naquele momento nada passava por seu corpo, somente a adrenalina do momento. Thomas não acreditava nela, a única pessoa que ela pensou que acreditaria naquele momento a olhava como se fosse uma maluca. O rapaz se abaixou e passou os braços a sua volta, consolando-a. Sam pensou em se esquivar do abraço, mas permaneceu parada.

Se ela tivesse de fato visto o assassino, ele não deveria estar longe. Levantou-se de supetão, deixando o rapaz mais confuso ainda. Samantha se afastou, saindo do beco. Em frente ao local onde há pouco tempo ocorria a festa, estava todos os jovens parados apreensivos a espera. Samantha olhou em volta, procurando-o, mas havia tanta gente que era impossível achá-lo. Viu Nathan parado ao lado de Sarah, que chorava compulsivamente.

— Onde vocês estavam? — perguntou alguém a suas costas. Ela se virou e viu o rosto de Elliot. O amigo tinha os olhos avermelhados.

Também percebeu que Thomas estava parado ao seu lado. Os dois olharam Elliot tristemente.

— Samantha disse que o viu  — contou Thomas.

Elliot a olhou, cheio de expectativa.

— Conseguiu ver o rosto? — perguntou o amigo.

— Ele fugiu, não consegui ver nada além da máscara — explicou Sam em voz baixa, evitando ser ouvida pelas pessoas a sua volta.

— Você tem que contar isso à policia! — disse o amigo, eufórico.

Sam não disse nada. Não sabia se seria uma boa ideia, pois somente ela havia visto. Se Thomas pensou que ela fosse uma maluca depois daquilo, era de se imaginar que os policiais fariam o mesmo. Noah faria o mesmo.

O tempo passou e percebeu o celular tocando. Viu no visor que seus pais ligavam, mas preferiu não atender. O corpo de Charlotte saiu depois de algum tempo envolvido em uma lona escura. Ninguém veria o corpo dela novamente, pensou Sam. Será que encontraram o pedaço de papel com aquelas palavras? E que mentira era aquela que Charlotte escondia?

Samantha sabia que Charlotte, apesar de ser uma garota insuportável, era amiga de Lilly, Sarah e Elliot. E apesar de a garota ter morrido de uma forma brutal, Sam não sentia nada pela garota. Nem mesmo tristeza ou frustração. Charlotte era uma pessoa cruel e Sam não queria ser uma pessoa ruim, mas algo dentro dela dizia que a garota mereceu aquilo. Em um instante se sentiu mal por pensar daquela maneira, afinal, poderia ter sido ela ou qualquer uma de suas amigas. Apesar de seus imbróglios com Charlotte, a garota havia sido assassinada brutalmente e alguém deveria pagar por aquele crime.

Ela percebeu que há alguns metros de si, Lilly e Sarah se abraçavam, chorando uma nos braços da outra. Samantha observou ao redor. Algo dentro de si incomodava e sabia que aquilo ainda não tinha acabado. Era apenas o começo.

Sentiu uma mão em seu ombro e viu Thomas falando algo com ela. Não prestou atenção, apenas os seguiu para o carro. Elliot disse que iria acompanhar Lilly e Sarah. Enquanto caminhavam até o carro, viram um carro escuro parado do outro lado da rua. Havia três garotos escorados neles. E um deles era Josh Turner. Sam sentiu suas mãos ficarem momentaneamente frias. Ao lado dele estavam Logan Sanders e Isaac Young. Eles tinham copos vermelhos em mãos, e Josh amassava algo na outra mão.

Sam pensou que tinha sido a única a vê-los, mas os dois garotos que a acompanhavam pararam e ficaram olhando-os. Ela empurrou Thomas.

— É melhor irmos.  — Thomas estava com uma fúria no olhar e Nathan tinha uma expressão vaga, como se não estivesse lá.

Finalmente, seus dois amigos entraram no carro e Sam os acompanhou, mas antes de fechar a porta viu Josh erguer o copo em sua direção, brindando-a.

Ele havia se recuperado rápido, pensou.

Nenhum deles disse algo durante o caminho, parecia que uma parte deles tinha ficado naquele momento. E na mente de Sam, aquela cena se repetia. A raiva por Josh tomando-a. O nojo e o ódio por ele nunca acabariam. Como ela tinha sido capaz de namorar alguém como ele, não sabia.

 Como ela tinha sido capaz de namorar alguém como ele, não sabia

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