Capítulo Trinta e Seis

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O ar nos pulmões da garota pareciam ter congelado. Mas ela ainda estava viva. Samantha queria apenas morrer. A mesma sensação que a abatera naquela manhã no telhado tomou conta novamente. Ela começou a correr, sentindo um enjoo profundo no estômago, tentando a todo custo fugir do sentimento aterrorizante que a tomava. Sam não sabia ao certo para onde ir, apenas queria fugir de si mesma. Todavia, sua mente queria apenas uma coisa, encontrá-lo. Mas o seu corpo o encontrou primeiro.

Enquanto a garota corria desesperadamente, passando por cada quadra como uma velocista, trombou com alguém. Quando Samantha ergueu o rosto e encontrou profundos olhos azuis, como uma piscina límpida, o oxigênio retornou de forma quente para seus pulmões. Depois debruçou-se e vomitou todo o conteúdo de seu estômago sobre a neve da calçada. Thomas segurou o cabelo da garota e acariciou as costas dela com a outra mão.

De forma delicada, aos poucos Samantha parou de vomitar, Thomas continuou a acariciar as costas da garota. A caricia era dolorosamente boa. O que doía era aquela proximidade, o desejo de estar com ele, e a suspeita de que ele era o assassino. Thomas afugentou a sensação imatura de querer morrer da garota para bem longe. Sam limpou os lábios com a manga do moletom e voltou-se para o rapaz.

Os cabelos dele estavam caídos sobre a testa, de uma forma adorável. As bochechas e o nariz estavam vermelhos por causa do frio. Thomas tocou o rosto da garota com delicadeza, era bom. As mãos do rapaz estavam cobertas pela luva e Samantha piscou algumas vezes para compreender o que acontecia e percebeu que estava em frente da casa de Thomas e o próprio estava retirando a neve da calçada. Sam sentiu uma sensação adorável percorrer o pescoço. Os dois não disseram nada um para o outro por um longo momento.

- Você quer entrar? - questionou Thomas. O olhar demorando-se no rosto da garota. Ele absorvia todos os detalhes do rosto delicado dela. - Apenas para se aquecer.

Às vezes, muitas das coisas que Thomas diziam eram facilmente levadas para outro sentido, mas a preocupação estava muito perceptível em seu olhar. Samantha concordou e ele a levou para dentro.

A casa estava como da última vez que vira. Samantha preferiu não se lembrar de quando estivera ali, a única coisa diferente era a mulher de cabelos escuros e olhos azuis, como os de Thomas, sentada no sofá. Ela ergueu-se quase imediatamente ao ver a garota entrando acompanhada do filho. A mulher deixou Sam ser colocada no sofá e a olhou com profundo carinho e preocupação. Thomas se afastou com a mãe e conversou com ela rapidamente antes de retornar.

- Minha mãe foi fazer um chocolate quente para aquecê-la. - disse o rapaz. Ele tirou uma mecha de cabelo do rosto da garota e colocou atrás da orelha. - Eu sinto tanto a sua falta.

Thomas murmurou a última frase, mas a paixão era visível em seus olhos. Samantha queria ser abraçada por ele. Talvez estar ali era uma má ideia, mas já havia saído de casa sem a permissão dos pais. Era apenas um problema a mais. Thomas retirou as luvas e o casaco escuro, colocando-os sobre a poltrona e estava prestes a sentar quando a garota o chamou.

- Sente-se aqui, comigo. - pediu Sam. Ele não hesitou em sentar ao lado dela. Samantha aproximou-se mais um pouco e apoiou o rosto no peito dele. Thomas a envolveu e deixou-a ficar em seus braços.

Os dois permaneceram em silêncio. Aos poucos Thomas começou a tocá-la. Envolveu os dedos em seu cabelo e começou a massageá-la. Depois os lábios do rapaz se aproximaram e beijaram sua testa. Simples toques que tinham tantos significados. Samantha já sentia-se completamente relaxada. A mãe de Thomas retornou segurando uma caneca de chocolate quente. A mulher ao ver os dois tão próximos se surpreendeu e conteve um sorriso, apenas deixou a caneca sobre a mesa de centro e se retirou.

Thomas se afastou apenas para pegar a caneca e insistir para Sam beber. A garota aceitou, mesmo sentindo o estômago ainda estranho. Seria bom beber algo, mas seria um risco. Bebericou o chocolate quente, que estava ótimo, e voltou para o conforto do abraço de Thomas. Por um longo momento só houve os dois, a sensação dos braços fortes do rapaz a envolvendo. O silêncio era a melhor resposta para tudo. Por um instante Samantha ergueu os olhos e fitou o rosto tranquilo e satisfeito de Thomas, e viu amor em sua feição. Ele a amava, mesmo com todos os problemas que a garota colocava em sua vida. E Samantha lembrou-se de um pensamento que tivera há muito tempo. Thomas não era o assassino.

Obsessão [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora