Capítulo Quatorze

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Ela sabia o que aconteceria logo em seguida. Samantha foi retirada de dentro da casa e encontrava-se agasalhada dentro do carro com o aquecedor ligado. Ela não se lembrava de como foi parar ali, mas de alguma forma Noah a trouxe. Ela o viu há alguns metros de si, fitando o vazio. Às vezes ele andava de um lado para o outro, mas já fazia alguns minutos que estava parado daquela forma. Sam entedia que Noah estava passando por uma situação complicada. Tanto ele, quanto ela.

Vinte minutos se passaram até o carro de seus pais surgirem na esquina. Sua mãe desceu rapidamente e veio em sua direção. Ela sentiu o abraço apertado dela em torno de seu tronco, segurando-a firmemente. Samantha não compreendia o sentido daquele abraço. Ela se sentia vazia demais para entender que aquilo significava os pêsames pela morte da amiga.

Na verdade, Samantha nunca soubera se de fato Olivia tinha sido sua amiga. Naquele momento, a única coisa que pensava era: Por que Olivia? Primeiro Melanie, depois tentou atacar Lilly e por fim Olivia. Ela deveria ser a próxima. Era o que estava escrito naquele pedaço de papel que havia encontrado. Samantha não afirmava, mas esperou que ele viesse atrás dela. Ele havia enganado-a?

Sim, ele havia a enganado, não somente ela, mas também Noah. A intenção dele era apenas usá-la, fazendo-a ser o centro das atenções e que esquecessem-se de outras garotas que poderiam ser possíveis vítimas. Porém, quem seria o próximo a morrer? Não importava naquele momento... Ou importava? Samantha poderia fazer alguma coisa para impedi-lo? Só que ela não sabia ao certo o quê. 

Sentiu a mãe se afastando e fitando seu rosto. Ela passou a mão em seu cabelo carinhosamente. Ouviu os murmúrios vindo de uma conversa entre Noah e seu pai, que balançava a cabeça, assentindo. Ela ouviu a mãe lhe dizendo algo, mas não prestou atenção. Saiu do carro e seguiu até o de seus pais. Noah se despediu de Samantha com apenas um aceno. Ela não o retribuiu.

Sam sentiu seu corpo amolecer e sendo puxado para o vácuo escuro e vazio da própria dor.

Ela teve a sensação de que suas pernas estavam cansadas demais para continuar correndo. Ela precisava parar, mas os gritos não paravam. Eles continuavam. Samantha esperava que a pessoa que gritava parasse. Ela não queria continuar sentindo dor. Ela não queria mais sentir aquela dor. Sentiu o peito doendo cada vez mais, os pulmões reclamando por ar. Mas os gritos estavam ali, tão próximos de seus ouvidos.

Tudo era tão escuro. Ela olhou em volta procurando alguma saída ou alguém que pudesse ajudá-la. Inicialmente, não viu nada, porém, logo encontrou um corpo no chão. E correu até ele. Samantha não percebeu, mas o grito parou. Quando já estava perto do corpo, viu que quem jazia caída ali era Melanie. O pescoço roxo e o corpo envolto em um tecido branco. Ela parecia uma pintura. Sam admirou silenciosamente. Aproximou-se do corpo e... O grito retornou mais alto. Melanie tinha os lábios abertos, gritando... Gritando de dor e agonia. Samantha desejou que ela parasse. Os olhos dela se abriram. Tinha as órbitas vazias.

Sam sentiu medo e tentou correr, mas as pernas não se moviam. Quando ela pensou que nunca mais iria sair dali e  ficar escutando aquele grito angustiante para sempre, o seu corpo subitamente caiu em algo. Macio e limpo, porém as roupas achavam-se sujas de sangue. Ela encarou o tecido branco de seu vestido e notou o sangue espalhado por ali. Momentaneamente, pensou que aquele fosse seu sangue, mas estava com uma faca em mãos. Quando ergueu os olhos para cima, notou um espelho em sua frente. Samantha estranhou por não refletir seu reflexo, mas sim o de Olivia. Ela se moveu e o reflexo de Olivia acompanhou seus movimentos. Ela entortou a cabeça levemente, surpresa por aquela imagem.

Você é a culpada por isso.

Samantha ficou assustada. De onde veio essa voz?

Você é culpada por tudo!

A voz vinha do espelho! Olivia a fitou com um ódio ardente no olhar. Ela ergueu a faca no ar e sorriu cruelmente.

O sangue está em suas mãos, basta eles verem.

Samantha gritou. Olivia passou a faca no próprio pescoço. O sangue jorrou e o corpo dela caiu, morto. Sam olhou para as mão e a faca não estava mais ali, mas o sangue estava em suas mãos. Ela pensou em correr, mas uma visão interessante surgiu diante de seus olhos.

O capuz do casaco cobria sua cabeça. Samantha tentou focar em seu rosto, mas ele estava embaçado demais para ser visto. Ele carregava a mesma faca que cortou a garganta de Olivia... O assassino tinha um sorriso. Aquele sorriso não era tão cruel quanto o de Olivia, era mais divertido. Sam tentou dizer algo. Quem é você? Ela gritou em sua própria mente, mas as palavras não saíram de seus lábios.

Porém, ela escutou. Aquilo que temeu tanto. Mas, no fundo, queria tanto que se realizasse.

Você é a próxima.

O sussurro estava tão nítido, como se estivesse em sua mente.

Você é a próxima. Você é a próxima. Você é a próxima.

Aquelas palavras repetiram-se em sua cabeça. Ela queria que parasse.

Você é a próxima!

Pare! Pare! Pare!

Ela gritou. Sentiu a garganta doer e se apertar.

Samantha! Samantha!

Ouviu seu nome sendo chamado.

Samantha!

De novo.

— Samantha!

Ela subitamente acordou. Os ombros sendo balançados e encarou os olhos aterrorizados da mãe. Sam sentiu os lábios secos e a garganta doía.

— O que foi? — perguntou a garota, com a voz fraca.

A mãe fitou-a por um longo momento.

— Você estava gritando.

Ela estava gritando como no sonho...

— Eu pensei que...

— Tudo bem, querida. Você só estava tendo um pesadelo. — A mulher a abraçou, confortando-a.

Samantha não se sentiu calma. Tudo aquilo havia parecido tão real...

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