Capítulo Trinta e Oito

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A linha ficou muda. Ele havia desligado. Samantha recuperou-se rapidamente do telefonema e desceu as escadas do sótão novamente, fechando-as atrás de si. Ela correu até o próprio quarto e trocou as roupas rapidamente, vestindo uma calça jeans e um moletom. Prendeu os cabelos e saiu.

A primeira coisa que precisava era de uma faca. O lugar que o assassino havia indicado era uma cabana a cinco quilômetros da cidade, ao leste. Ela conhecia aquela cabana desde a infância. Era um lugar onde na juventude fora um local sagrado e secreto. Um lugar onde Melanie, Olivia, Charlotte, Lilly, Sarah e Samantha passavam um longo tempo se divertindo e compartilhando seus segredos. Onde juraram ser amigas para sempre. E onde tudo acabaria.

Samantha encontrou a faca que desejava e enfiou no bolso do moletom e correu para o andar de cima, para o quarto de seus pais. Depois de ter aberto todas as gavetas encontrou a chave reserva do carro de sua mãe. Sam segurou a chave como se sua vida dependesse daquilo e evitou pensar nos pais. Nada mais importava. Se tivesse alguma oportunidade, tentaria salvar a vida de Lilly, já a própria vida, Samantha não esperava mais nada.

Enquanto descia as escadas, subitamente o telefone começou a tocar. Não era o seu celular, mas sim o que ficava na sala. Ela ficou com medo e se aproximou lentamente. O telefone continuou a tocar. A garota temeu que fossem os próprios pais. O toque finalmente parou, mas alguns segundos depois recomeçou a tocar.

Samantha atendeu, sentindo as mãos tremulas.

- Samantha? – chamou a pessoa na outra linha. Ela reconheceu a voz instantaneamente.

- Noah?! – arfou Sam.

- Você está bem? – perguntou Noah. O que ela deveria responder? – Onde você está?

- Eu estou bem. – mentiu a garota. – Em casa, por quê quer saber?

- Eu... Eu tenho uma notícia para você.

- Noticia? O que houve? – o desespero abateu-se sobre Sam.

- Fique aí, estou chegando. Vou lhe contar pessoalmente.

Alguns minutos desesperados passaram desde a ligação de Noah. Depois do que pareceram horas um carro iluminou as janelas da casa da garota e estacionou em frente. Ela abriu rapidamente a porta e correu para o detetive. Ver Noah a desestabilizou por um momento. A presença dele era real e vivida. Havia uma sensação apaziguadora em relação a ele.

- O que... houve? – Samantha tentou respirar. Noah tentou ajudá-la a recuperar as forças, mas Sam se sentia muita abalada.

- É sobre Lilly. - respondeu ele, sem hesitar. – Ela desapareceu.

Samantha sabia o que havia acontecido com a amiga. Mas não esperava que as noticias já tivessem se espalhado rapidamente.

- Os pais dela estão desesperados, por isso vim até aqui. – continuou ele.

- E espera que eu faça exatamente o que? – indagou amarguradamente a Noah. Ele apenas arqueou a sobrancelha e a olhou profundamente.

- Eu espero que você fique aqui, em sua casa, segura.

Sam sentiu a raiva latejar em seu peito. Nada poderia obrigá-la a ficar, nem mesmo Noah.

- Por favor, Sam, esqueça o que tem em mente. Fique aqui. – o desespero era perceptível no tom de voz do detetive.

- Eu não posso, preciso salvar Lilly.

Noah pareceu surpreso.

- Salvá-la? Você precisa se salvar. – disse Noah. Ao perceber que a garota não disse nada, indagou: - Você sabe de alguma coisa sobre o paradeiro de Lilly?

Samantha tremeu e sentiu as mãos de Noah tocando seus ombros, confortando-a. Ela queria tanto o consolo dele.

- Samantha, se você sabe algo, me conte. – ele parecia desesperado, queria a resposta mais do que tudo.

A garota hesitou enquanto organizava os próprios pensamentos. O que deveria fazer? Pedir para Noah ir com ela? Ele não permitiria isso. O detetive a chacoalhou levemente, fazendo-a recobrar a consciência.

- Você não pode contar a ninguém. – suplicou a garota. Noah a olhou atentamente. – Eu sei quem é o assassino, e sei onde ele está.

Noah arregalou os olhos. Por um momento pareceu perdido. Os olhos castanhos ficaram desfocados e confusos.

- E... Onde ele está? – Noah cerrou o maxilar, a voz rouca.

Samantha explicou a localidade da cabana e que iria para o lugar antes dele ter telefonado. Noah ouviu atentamente e apertou o pulso de Sam com força.

- Preciso que fique aqui. Não pode por sua vida em risco. – disse ele. Samantha negou-se, mas ele interveio. – Preciso que prometa a mim que vai ficar.

- Eu não posso. Ele me quer. – disse ela, com urgência. – Ele vai matá-la se eu não for.

- Eu não vou permitir que ele faça algum mal a você. – esbravejou Noah. O olhar cheio de fúria e desespero. – Nem agora, nem nunca.

- Tenho medo do que ele pode fazer a você. – Noah sorriu e tocou carinhosamente o rosto da garota ao ouvir-la dizer tais palavras.

- Não se preocupe, eu sei me cuidar.

- Você vai sozinho?!

Noah balançou a cabeça despreocupadamente.

- Muitos policias podem chamar atenção. – Samantha desesperou-se. – Eu vou resolver isso, prometo.

A promessa dele atingiu-a em cheio. Noah iria se sacrificar para ir atrás do assassino sozinho. Samantha não poderia permitir que ele fizesse tal coisa.

- Eu preciso que me prometa. Sam, você vai ficar aqui? – indagou o detetive, olhando-a firmemente nos olhos.

A garota tomou a respiração e tentou manter-se inexpressiva.

- Eu prometo. – disse a Noah. Ele pareceu aliviado e sorriu fracamente.

- Ótimo. – Noah se afastou e caminhou até o carro, mas hesitou por um segundo e voltou-se para Sam, e perguntou: - Quem é o assassino, Samantha?

A pergunta de Noah se esgueirou e penetrou no corpo da garota, tomando conta do coração pulsante que batia com força contra suas costelas. A resposta não queria sair de sua boca. Por um longo momento nada saiu além das lágrimas de seus olhos, até a verdade vir à tona. Era cruel, mas ela precisava aceitar.

- Elliot é o assassino.

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