Capítulo Dezessete

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O dia amanheceu nublado. Parecia perfeito para aquela manhã. Samantha esperou a chuva chegar, mas não veio. Ela vestiu um vestido preto e colocou um casaco sobre ele, pois não tinha o interesse de chamar a atenção naquele dia e muito menos em qualquer outro.

Durante todo o caminho fitou o céu cinzento e amaldiçoou toda aquela situação que teria de enfrentar. Não importava mais. Tudo daria certo, isso era importante. O carro foi estacionado bem em frente do cemitério da cidade. Samantha conhecia aquele lugar, se recordava daquela noite que veio visitar o tumulo de Melanie, mas naquele dia não pretendia repetir isso. Talvez nunca.

Acompanhou seus pais pelo caminho. Quando eles encontravam-se perto de outras pessoas em torno no caixão de Olivia, sua mãe passou o braço em torno dela e a guiou até os pais da garota para desejar os pêsames. Samantha não gostava daquela parte. Ela sabia que estavam tristes, mas só queria ficar em seu canto e ficar em silêncio.

Samantha participou da triste conversa dos adultos por alguns minutos e se afastou, indo em direção ao caixão. Segurava em sua mão uma rosa, que girou entre os dedos e colocou sobre o caixão fechado. Ela compreendia o motivo de mantê-lo assim. Olivia não morrera de uma forma bela, como sempre se manteve durante a vida. A garganta cortada não seria uma imagem muito agradável de ver e qualquer um que havia conhecido Olivia sabia que ela não gostaria de ser vista daquela forma.

Ela ergueu os olhos e observou as pessoas a sua volta. Alguns rostos familiares e outros desconhecidos. Samantha se surpreendeu pelo lugar não estar lotado, já que Olivia sempre foi uma garota rodeada de amigos. Onde eles estavam agora?

Samantha viu Elliot do outro lado a fitando, e lhe deu um aceno. Logo atrás de Elliot, o familiar rosto de Thomas Parker a observava. Por alguns instantes, os dois se olharam. Sam não se sentiu desconfortável, naquele momento, soube que era tão suspeita da morte de suas amigas quanto ele.

Sam não sabia como se sentir em relação a Thomas no momento. Ela estava quebrada e carregava o sentimento de ser traída. Definitivamente, Noah a traiu da pior forma o possível. Em seus sonhos, aquela palavra surgia repetidas vezes. ''Suspeita''.

Depois de algum tempo, a sra. Miller veio para o lado da filha e segurou sua mão fortemente. Os olhos verdes dela estavam marejados de lágrimas. Algumas pessoas chegaram, dentre elas Noah. Samantha não ficou satisfeita ao vê-lo ali, não depois do ocorrido. Se fosse antes, talvez insistisse para ele ir, mas agora, a única coisa que queria era distância.

Noah notou Samantha acompanhada dos pais do outro lado da cova. Ela parecia distraída até vê-lo. Ele sabia que era odiado por ela. Ele queria terminar o relacionamento dos dois, mas não naquela maneira. Talvez, se tentasse conversar, poderia fazê-la entender, porém, não tinha como, a verdade estava escrita naquela folha. Samantha foi a primeira pessoa que Noah acreditou ser a culpada pela morte de Melanie, antes de os dois se conhecerem. Ele não podia fazer absolutamente nada com relação aquilo, só teria que esperar a situação esfriar e finalmente ir falar com ela.

Samantha encarou Noah por um bom tempo e ele retribuiu o olhar. Ela se sentia corajosa naquele momento, talvez pela raiva que estava dentro de si. A única coisa que queria fazer era gritar de raiva e fazer um escândalo, mas não faria aquilo, ainda. Sam concedeu um sorriso cruel na direção de Noah, e caminhou até o caixão com a flor que a mãe segurava, colocando-a sobre, como fez antes, ainda olhando na direção do detetive. Ele pareceu levemente curioso e apenas ergueu o queixo, observador.

Rostos chorosos observaram o caixão escuro descer lentamente para a cova. Alguém jogou uma tulipa, que chegou ao fundo antes do corpo dela. As roupas pretas representavam o luto sentido. Samantha se questionou se a fita vermelha que usa no cabelo combinava com a ocasião. Talvez não...

Obsessão [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora