Capítulo Dezoito

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Samantha passou as últimas horas fitando o teto branco. Sentia o próprio peito sendo esmagado pela frustração, a raiva fervente a consumia. A única coisa que desejava no momento era desaparecer e percebeu que não tinha utilidade alguma à sua família. Seu pai sequer se importava com ela e queria colocá-la em hospício.

Sam não pertencia à aquele lugar, mas também a nenhum outro. Sentia-se humilhada, mesmo sabendo que tinha feito algo errado e que devia ter sido corrigida, mas seu pai não tinha o direito de tratá-la daquela maneira.

Ela remexeu-se na cama. O quarto escuro recebia a pouca iluminação dos feixes de luz dos postes da rua. Sentia as costas doerem pelo longo tempo que passou deitada. Deveria se levantar, mas não sentia ânimo algum para fazer tal coisa. Manteve-se assim até o momento que percebeu seu celular acabando a bateria. Odiou-se pelo único meio de distração ter desligado.

Samantha passou as últimas horas ouvindo música, que satisfizera sua raiva com sucesso, porém, naquele momento, sentia-se irritada e levantou para colocar o celular no carregador, fazendo com que voltasse a vida alguns minutos depois.

Decidiu ir até o banheiro do quarto e fitou-se por alguns segundos no espelho. Sam estava com os cabelos bagunçados e usava o mesmo vestido de mais cedo.

Pelo menos não estava fedendo, pensou, aliviada.

Não tinha nada à falar sobre as olheiras que insistiam em seu rosto encovado. Samantha sentiu a barriga embrulhando de fome. Passara o dia inteiro sem comer absolutamente nada e sem tomar um gole d'água. Depois de ponderar em descer para atacar a geladeira, decidiu tomar um banho antes.

A água quente escorreu pelo tronco de seu corpo, fazendo-a sentir-se tranquila, enquanto ouvia o pingar da água no chão. O vapor espalhou se por todo o ambiente, fazendo o espelho ficar embaçado. Samantha desligou o chuveiro e saiu, se enrolando na toalha. Enquanto saía do banheiro, ouviu um som que a assustou. O toque de seu celular. Ela olhou para o relógio no criado mudo.

3h27min

Samantha sentiu um arrepio subir por sua espinha, ficando amedrontada. Foi até o celular e olhou o número que brilhava na tela.

Desconhecido.

Ela não queria atender, mas não conseguiu conter a própria curiosidade. Atendeu e aproximou o celular da orelha.

— Boa noite  — falou uma voz rouca do outro lado da linha.

— Quem é? — perguntou Samantha, insegura.

Ouviu uma risada abafada do outro lado.

Te assustei? — perguntou a voz masculina. Sam conhecia aquela voz.

— N-não — mentiu, gaguejando.

 Samantha, não reconhece minha voz?  perguntou o homem, ousadamente.

Sam pegou-se pensando de onde conhecia aquele tom divertido e familiar. A resposta não demorou a surgir.

— Thomas? — questionou ela.

— Acertou! — brincando ele, dando uma risada. — O que faz acordada à uma hora dessas, Samantha?

— Eu que deveria perguntar por que está me ligando à uma hora dessas! — Samantha escutou somente a respiração dele do outro lado da linha.

 Nós estamos te esperando para dar uma volta pela cidade e fazer algumas coisas erradas  disse Thomas.

Samantha questionou mentalmente se Thomas estava acompanhado.

Obsessão [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora