Dois

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Austin Letter

Não posso dizer que minha situação era precária, eu vivia muito bem apesar de tudo. Meu pai trabalhava em uma loja de construção enquanto minha mãe trabalhava em uma loja de roupas como faxineira.

Meus pais sempre quiseram um menino, então quando eu nasci eles ficaram bastante decepcionados por ser uma menina, mas mesmo assim não trocaram o nome que escolheram e colocaram esse nome ridículo em mim.

Meus pais sempre pediram para que eu fizesse uma faculdade de direito ou de medicina, eles simplesmente não aceitavam que eu queria ser fotógrafa. Eu tenho o total de zero por cento do apoio deles.

Eles sim queriam ser essas pessoas que eu fotografava em eventos e festas, só não eram por falta de oportunidade.

—Você viu que abriu as inscrições para a faculdade de Werlin? — pergunta minha mãe enquanto tomava seu café da manha.

Reviro os olhos.

— Se não for para cursar fotografia, você pode esquecer. —  digo comendo meu cereal.

Ela bufa.

— Você não pode viver trabalhando nisso filha.

Limpo minha carga do e arrumo minha postura.

— Posso e vou.

Agora ela que revira os olhos para mim.

— Pelo menos direito, dá uma boa grana e você pode fotografar nas horas vagas. — acrescenta insistindo no assunto.

Não respondo, e ela parece deixar as implicações de lado para comermos em harmonia.

Mas não durou muito tempo.

— Seu aniversário de 19 está chegando, não acha que está na hora de arrumar um namorado também? Ficar sozinha não é legal.

Sério, ela não podia simplesmente parar de ficar implicando comigo?

Perco a paciência.

—Falta uns bons meses. E você, não acha que deveria parar de depender da sua filha? Não vou fazer medicina para sustentar vocês.

Ela fica boquiaberta.

— Isso não são modos de tratar sua mãe.

— Então para de me pressionar. — falo levantando da mesa.

Claro que eu amaria arrumar um namorado, mas não é tão fácil assim. A única pessoa que eu havia beijado em toda minha vida era o meu vizinho por quem eu tinha uma queda, Brooklyn, e agora ele estava em Nova York com sua namorada francesa morando e estudando lá.

Brooklyn e eu estávamos apaixonados em torno dos nossos 15 anos, ficamos juntos até meus 17 onde eu finalmente percebi que a única apaixonada ali era eu. Depois disso ele foi embora seguir sua vida longe de mim, e eu fiquei aqui em Werlin com nada a mais do que uma câmera e vários problemas pessoais.

Vou para meu quarto pegar minha bolsa e no caminho esbarro em agumas garrafas de wisky. Meu pai estava beirando ao alcoolismo, ele gastava muito com bebidas e era difícil demais ele se levantar e ir trabalhar de manhã.

— Eu já disse para você não dar mais bebidas a ele. — grito jogando as garrafas para o lado me dando passagem.

Alcanço minha bolsa e passo pela minha mãe na sala, dou um asseno com a cabeça antes de fechar a porta e ir trabalhar, mas ela claramente não vê pois estava olhando para dentro de seu copo de café pensativa.

DanificadoOnde histórias criam vida. Descubra agora