Dezoito

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Henry Holloway

Acordo pingando de suor.

Fazia tanto tempo que eu não passava por isso, tanto tempo que eu não via o acidente, aquele sonho estava de volta pra me assombrar.

Lágrimas escorriam de meus olhos e eu começo a procurar o ar que estava faltando em meus pulmões.

Eu não lembrava o tanto que doía ver tudo acontecendo novamente, a dor que eu senti logo após e todos os anos de tortura. Eu já havia me acostumado a não ter mais esses pesadelos, mas eles voltaram e eu não sabia o porquê.

— Filho? — minha mãe bate na porta e assim que me vê chorando, ela adentra vindo em minha direção em desespero.

— Eu senti, eu lembrei da dor. Eu lembrei de tudo daquela noite, fazia tanto tempo mãe, tanto tempo. — digo em meio as lágrimas.

Ela segurou minha mão e começou a falar palavras confortantes para eu conseguir me acalmar, o que logo me ajudou pois depois de uns segundos consegui me recompor respirando fundo.

Minha mãe acariciava meus cabelos, ela estava ali pra mim,  eu nunca imaginaria que depois de dois anos nós conseguiríamos superar aquilo.

Eu não estava sozinho dessa vez, a solidão não era meu único amigo.

— Eu sei que eu já pedi desculpas, mas parece que isso nunca vai ser o suficiente. Eu sinto tanto, se eu pudesse eu voltaria no tempo para dar uns tapas naquele Henry.

— Shh... — ela diz fazendo com que eu me cale. — Eu já perdoei você, não se preucupe com isso meu filho.

Assinto com a cabeça e apenas aprecio esse momento.

— Quer que eu durma com você? — não precisei nem responder, ela já sabia a resposta.

{...}

— Deixa de ser frouxa, você está escolhendo a maneira errada.

Ryan veio para minha casa hoje, mas como eu não estava me sentindo muito bem ele decidiu me ensinar a parte teórica da luta ou invés da prática.

— Se o adversário for dar um Jab, você não pode dar outro com à direita. Você tem que se esquivar e dar um soco em seu braço.

Ryan era inteligente demais, não era à toa que ele havia ganhado muitas lutas em sua carreira. A estratégia e a chave de tudo, ele sempre repetia isso.

Convivendo com ele eu pude perceber que por mais que ele me irritasse e me tirasse do sério, ele era uma companhia que eu gostava de ter por perto.

— Tá, anotado. É uma ótima tática. — digo escrevendo em um caderno tentando não dar muita confiança à ele.

— É claro que é ótima, eu que estou te falando. — ele diz convencido e eu reviro os olhos.

Ele toma um pouco de sua água e começa a ditar.

—  Escreve aí, uppercut  é um golpe desferido...

— Eu sei o que é isso, não esqueça que eu não sou um completo zero à esquerda. Eu já lutei por dois anos. — comento levantando uma sobrancelha.

— Voce está aqui a dois dias, eu estou aqui a anos. Escreve logo o que eu to te falando e para de reclamar.

Ignoro o tom de confronto de sua frase e faço o ele pede. Eu já estava cansado de discutir com ele todas as vezes que treinávamos, e eu não estava no clima para tal atitude também.

DanificadoOnde histórias criam vida. Descubra agora