Quatorze

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Austin Letter

Raiva era o que eu sentia naquele instante.

No momento em que coloquei meus pés pra fora da casa de Henry, eu já sentia meu sangue subindo e a vontade de voltar lá e falar mais merdas para ele era muito grande.

Mas eu me contive.

Eu gostava muito, muito mesmo de Henry. Ele ter falado do jeito que falou comigo me magoou demais. Posso ter errado de não ter contado pra ele antes, mas ele tem que ser compreensivo e não me apontar o dedo.

Por dois anos ele teve tudo nas mãos por causa do acidente, ele não estava acostumado a ouvir um não pois todos sempre deram o máximo para não o ver triste. Mas acostumaram ele mal, a vida não era assim, Henry deveria saber melhor do que ninguém que tem um tempo certo pra tudo.

Respiro fundo tentando me acalmar, mando fora todos esses pensamentos pensando no bem da minha saúde enquanto dirijo.

Transmito ao volante toda minha raiva o segurando com muita força

Não seria uma boa ideia ir para casa nesse momento, decido passar em uma lanchonete perto de onde eu moro para tomar um café.

Ninguém continua com raiva depois que come, isso não falharia agora.

Estaciono o carro e peço logo meu café com Leite sem açúcar, depois arrumo um lugarzinho lá dentro para mim sentar.

Estava sendo difícil demais ignorar a briga com Henry, ele não queria sair da minha cabeça e eu já comecei a me perguntar se realmente eu estava exagerando ou se eu tinha razão em tudo.

A moça trás meu café e eu sorrio para ela agradecendo.

— Parece que você não mudou nada, até seu café sem graça você toma ainda.

Me viro bruscamente encontrando o rosto dessa voz tão conhecida que já me perturbou por bons tempos.

— Brooklyn? O que você esta fazendo aqui? — olho para ele não entendendo nada.

— Contratempos, muitos contratempos. — ele coloca suas mãos em seu casaco e se aproxima. — Posso me sentar aqui?

Ainda sem entender muito bem, assinto com a cabeça e ele se senta na minha frente.

Seus cabelos cor de mel estavam grandes, parecia não ter cortado a uns bons meses. Em compensação a sua barba, ela tinha acabado de ser feita.

Ele ainda tinha os ares franceses, posso ver isso através de sua roupa.

— Não imaginaria achar você aqui tão cedo. — diz com uma expressão relaxada.

— Na cidade ou na lanchonete? — levanto uma sobrancelha à ele.

— Nos dois.

— Hum.

Continuo tomando meu café. A presença dele não me incomodava, incomodava o fato dele estar tão confortável na minha frente depois de tudo que aconteceu entre nós.

— Cheguei hoje de viajem, não vi você em casa então presumi que tivesse se mudado para curtir sua vida. — ele se ajeita no banco, se deitando mais. — Vi o carro do teu pai, então soube que vocês moravam ali ainda.

Solto meu café e o ponho em cima da mesa.

— Carro do meu pai? Estava na frente da minha casa? — pergunto confusa.

Ele me encara estranho.

— Sim, não deveria? — diz me desafiando com seus olhos.

— Deveria, só pensei que ele tivesse colocado na garagem. — agora era eu que estava me arrumando no banco.

DanificadoOnde histórias criam vida. Descubra agora