Trinta

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Henry Holloway

— Se você veio aqui para fazer minha cabeça, nem tente. Quero decidir isso sozinho. — digo sem tirar os olhos do vidro quando sinto a presença da minha mãe se aproximar atrás de mim.

Aqui era incrivelmente luxuoso para um hospital, ele era revestido de espelhos e vidros que davam uma visão completa do ambiente.

— Você não pode fazer isso comigo, Henry. — ela diz em um tom baixo.

Viro meus olhos para encontrar os dela, eles estavam vermelhos e úmidos.

— Vocês três estavam conversando? — ergo uma sobrancelha a ela em dúvida, ignorando seus olhos.

Ela assente com a cabeça e, com seus braços recolhidos, dá um passo à frente para poder ficar mais próxima de mim.

Agora ela estava observando a rua comigo através do espelho.

— Não gosto dessa ideia. — digo a ela. — Vocês três juntos sem minha presença, sinto que vocês falam coisas que nunca teriam coragem de falar na minha cara.

Balanço a cabeça tentando mandar embora qualquer pensamento errado que eu tinha dessa situação.

Mas eu não consigo.

— É agora que você me diz que Austin não me quer? Que Ryan tá nem aí para mim e que você não me aguenta mais? — olho para ela com meus olhos cheios de fúria, não conseguindo deixar meus pensamentos presos.

Ela engole em seco, sinto que estava tensa.

— Você está sendo exagerado. Estamos apenas preocupados.

Sinto sua mão pousar em meu ombro. Meus olhos se fecham com seu toque, parecendo que pela primeira vez tudo era real.

Uma lágrima solitária escorre e cai em minha bochecha.

Limpo elas antes que minha mãe tenha a chance de ver.

— Quero ir pra casa. — falo mandando as lágrimas embora.

Ela tira sua mão de mim e diz que vai falar com Ryan para que nós voltássemos ao hotel e arrumássemos nossas malas.

Quando ela vai, sinto a presença de outra pessoa atrás de mim.

— Oi. — diz ela.

Austin estava do meu lado, abraçada em seu próprio corpo e olhando à vista como eu.

Levanto meu olhar pra ver seu rosto lindo e uma vontade enorme de agarrar ela me consome. Mas eu me contenho, não podia fazer isso ali. Nem depois, não era o momento ideal.

Sem contar que essa maldita cadeira não ajudava.

— Oi. — respondo-a.

O silêncio permanece por um tempo, até que ela começa a cantar.

— Now, I've had the time of my lifeee. — ela diz um pouco baixo, mas o suficiente para mim poder ouvi-la.

Olho para os lados e a encaro com os olhos arregalados.

— O que você...

— No, I've never felt like this before.
I swear, it's the truthhhh. — ela aumenta seu ritmo e aponta para mim empolgada. — Vai eu sei que você conhece essa.

Nego com a cabeça e fecho minha cara.

— Henry, por favor por miim! — ela sorri tão abertamente que era impossível não dar a ela o que ela queria.

Reviro os olhos em desistência.

— And I owe it all to you. — canto sem muita animação.

Ela pega minha mão e me gira na cadeira, continuamos a música.

DanificadoOnde histórias criam vida. Descubra agora