Vinte um

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Austin Letter

Depois da noite tão embaraçosa que foi a janta, finalmente chegamos na casa de Henry.

Teve esperança de ter sido bom tudo isso, talvez no começo, mas com certeza em algum momento tudo desandou e definitivamente não havia mais forma de aguentar todas aquelas baboseiras que minha mãe estava falando.

Talvez eu tenha agido por impulso indo embora de lá, mas eu saberia me virar, eu era grandinha o suficiente para isso.

— Fique sabendo que essa foi a primeira e última vez que eu vou ir lá. — Henry dizia enquanto procurava alguma roupa em seu roupeiro.

— Acredite, espero que seja a minha última vez também. — digo suspirando.

Nós não havíamos falado nada a viajem inteira até aqui, o silêncio dominou o ar enquanto nossas cabeças estavam pensando em mil coisas.

O silencio perdurou, pelo menos até agora.

— Escuta, sobre ficar aqui... — começo a falar mas ele me corta.

— Austin, você sabe que é bem vinda nesta casa.

Reviro meus olhos.

— Sou bem vinda no teu quarto, não na tua casa. É diferente. — cruzo meus braços na altura do meu peito.

Com esse gesto, ele se vira para poder me encara. Posso ver que ele não estava com muita paciência.

— Você sabe que é bem vinda na casa também.

— Mas e sua mãe? — questiono.

— Ela te ama, e você sabe disso. — um sorriso escapa meus lábios.

— E você? — ergo minha sobrancelha a ele.

— Eu tam... — ele pisca para mim repetidas vezes, entendendo a armadilha que fiz. — Tanto faz, você que sabe se quer vir para cá. Não quero discutir com você agora por causa disso. — ele dá de ombros e volta sua atenção a suas roupa.

Respiro fundo.

Nem eu queria brigar.

— Não me sinto confortável sabe? Posso passar o fim de semana aqui, e em dias de semana ficar com Britannie. — digo a ele pensando alto.

Ele me ignora.

Decido tirar a minha roupa que já estava me incomodando, com raiva correndo pelo meu sangue, jogo meu vestido em um canto onde havia uma pilha de roupas, e depois vou até Henry procurar alguma camiseta dele para eu usar.

Quando eu pensei que iríamos ficar em silêncio novamente, ele começa a falar.

— Que história é aquela de fase rebelde? Sua mãe está de brincadeira comigo? — ele finalmente estoura e joga essas palavras para mim, sua cara não estava das melhores.

Me aproximo mais dele.

— Por isso que eu nunca quis te envolver nisso, mas você sempre dizia "Ain me deixe saber mais de sua vida". Bom, agora você sabe. Essa é minha vida, minha mãe é uma sem noção e eu tenho que conviver com isso diariamente. Ou ao menos eu tinha. — falo rápido tentando logo me livrar daquelas malditas palavras. — Vem, deixe que eu te ajudo a tirar suas calças.

Empurro um pouco sua cadeira para trás para poder ter mais acessibilidade em seu jeans, ele parece nem se importar comigo apenas de roupas íntimas desabotoando suas calça. Seu olhar estava longe.

— Como é que você aguenta? Eu aqui reclamando da minha mãe e você com essa aí. — ele cruza os braços e começa a encarar o chão balançando a cabeça.

DanificadoOnde histórias criam vida. Descubra agora